A paixão pelo contacto e o interesse pelas motivações e comportamentos dos seres humanos guiaram Catarina Júlio até à psicologia. Apesar de gostar da área organizacional, que escolhera como especialidade, e onde trabalhou vários anos, a sua realização pessoal não coincidia com as funções e a sua experiência no mercado de trabalho.
O ioga, prática que mantém desde cedo, motivou-a a encontrar-se noutras experiências e interesses – o coaching – aos quais soma, hoje, a vontade e a motivação para viver a sua melhor vida.
Ainda que o percurso profissional de Catarina, da psicologia até ao coaching, pareça um processo linear e previsível, a motivação para esta mudança profissional deve-se, sobretudo, aos seus hobbies e interesses pessoais.
Catarina começa o curso de psicologia em 2003, quando entra no ISPA, motivada pelo interesse pelo ser humano e pela “vontade de compreender o que está por trás das nossas decisões, sentimentos e hábitos”, diz.
O quotidiano e os pormenores da profissão não pesaram na decisão, como a própria confessa, e, também por isso, a consciência e a pressão de escolher uma profissão aos 17 anos não a assombraram muito na hora de mudar de profissão, mais tarde.
Na verdade, tudo o que Catarina idealizava da profissão e dos conhecimentos, que tanto a motivavam durante o percurso académico, não coincidiram com as funções que a profissão lhe exigia.
A escolha pela especialização em psicologia social e das organizações ainda lhe ofereceu a experiência nas áreas da gestão de talento, recrutamento e seleção numa consultora, de 2012 até 2018, quando mudou para os recursos humanos de uma financeira.
Mas, a procura por alternativas impunha-se, simultaneamente, ao desejo pela estabilidade, que Catarina priorizou e aproveitou para desenvolver competências em outras áreas e para construir família.
Mais do que a formalidade e burocracia da parte organizacional da área de recursos humanos, para qual Catarina pensou seguir depois de uma pós-graduação em gestão, o ambiente e as funções que desempenhou na gestão de carreira, recrutamento e formação conservaram Catarina no contexto empresarial, apesar de sentir que algumas das suas características, pontos forte e interesses tivessem pouco espaço nesse contexto.
O pós-parto da quarta filha, que coincidiu com o início da pandemia da COVID-19, levou Catarina a explorar outros interesses já antigos.
A prática do ioga, que já a tinham despertado, em 2011, para outros métodos de promoção do bem-estar e autoconhecimento e a levaram numa viagem de um mês à Índia, de onde saiu o certificado de professora de ioga, motivaram-na para a procura de alternativas.
Se, na altura, a obrigatoriedade de um emprego estável não a deixou enveredar pela prática e ensino do ioga, de onde resultaram alguns programas para escolas e empresas, agora, numa realidade de maior introspeção, e com tempo para pesar vantagens e desvantagens, inscreveu-se num curso de consultoria de Feng-shui e “quase por acaso, numa Certificação de Coaching, mais para desenvolvimento pessoal do que para explorar o coaching profissionalmente”, confessa.
Sempre consciente e não conformada com um caminho profissional que não a realizava, o coaching torna-se, então, o resultado de uma procura incessante por algo que a completasse. Ao mesmo tempo que poderia pôr ao serviço servir os seus “pontos fortes e a vontade de apoiar os outros a viver a sua melhor vida”, Catarina percebeu que recolhia o mesmo sentimento para si própria.
Ainda que por acaso, Catarina encontrou no coaching um percurso profissional ligado ao empreendedorismo, o que é algo que a preenche profissional e pessoalmente e sacia a sua vontade por evoluir, estudar e aplicar, verdadeiramente, aquilo que aprende.
Por encontrar vários espaços comuns entre o coaching e a psicologia, Catarina aproveita desde 2022 a experiência nestas áreas para criar um negócio como Coach para a Concretização Pessoal.
O destaque principal dos seus métodos, quer sejam individuais ou em grupo, concentram-se na tríade corpo, mente e espírito, o que retira conhecimento da sua experiência de mais de uma década na psicologia, das suas experiências com o ioga e a naturopatia e o seu gosto pelo empreendedorismo.
Poder conciliar a sua experiência como psicóloga com o coaching, ainda que o ache uma ferramenta “bastante completa” só ajuda a melhorar o seu negócio. Mais do que a partilha condicionada a um processo, a sinergia entre a psicologia e a neurociência, fundamentada pela psicologia positiva, contribuem para o sucesso dos resulta- dos no “bem-estar psicológico, a felicidade, satisfação e motivação das mulheres” que Catarina acompanha.
Catarina confessa que a forma com vê o seu trabalho no coaching, como “um ciclo virtuoso” em que a própria aprendizagem é alimentada pelo ensino e pela experiência dos outros dentro daquele processo, alimenta-se muito da sua experiência no ioga, também.
Catarina confessa que “ambos criam es- paço para acedermos a um lugar de nós que está pouco acessível na correria do dia-a-dia”, mas, no ioga não existe um objetivo específico, um limite temporal, já no coaching, a direção é delimitada e consciente.
Apesar do direcionamento, o coaching não se limita a um processo rígido. Com pouco ou nenhuma interferência, o papel do profissional prende-se, maioritariamente, à orientação do cliente – não existe uma resposta única ou certa dentro das várias possibilidades e perspetivas que se descobrem.
Contrariando uma certa natureza interventiva da psicologia, Catarina condiciona a sua prática profissional dentro do coaching à natureza e ao ritmo próprio de cada uma das suas clientes.
Sendo um processo mais ou menos individual, o coach precisa de um certo nível de humildade para não querer autoria dos resultados dos clientes, que são individuais e “totalmente deles” e para não interferir ao mesmo tempo que aconselha, confessa.
Mais do que uma educação formal, para lá da importância da estabilidade e da experiência profissional para o mercado de trabalho, Catarina acredita que o percurso para o autoconhecimento é fundamental para um ganho de confiança e segurança na vida pessoal.
Segundo Catarina, não se trata de não gostar do que se faz, mas de não saber do que se gosta. Ainda antes de procurar a ajuda de um coach, a pessoa já tem acesso à informação, mas a sua filtragem é condicionada pela panóplia de distrações “que temos na ponta dos dedos, acessíveis a qualquer momento”, reitera.
O coaching auxilia nesta filtragem – numa primeira instância, na filtragem e reconhecimento dos próprios gostos, interesses, valores e talentos, depois na aplicação destes talentos nos próprios objetivos e, finalmente, na adaptação destas aprendizagens ao próprio contexto profissional e pessoal.
Este lugar de auxílio e aprendizagem que preenche Catarina é também o lugar onde a própria se encontrou (e continua a encontrar). O percurso profissional na psicologia, o interesse pessoal pelo ioga, pelo feng-shui e reiki, tornou-se, então, o processo de filtragem desta líder que encontrou no coaching a melhor forma de se sentir concretizada.
Este acaba por ser também um dos seus grandes desafios – identificar o seu elemento – perceber “aquilo que faço bem e adoro fazer”
Ainda que o percurso desta líder antes da mudança profissional já vislumbrasse o seu talento para o auxílio e interesse pelo outro, o processo de autoconhecimento pelo qual Catarina passou, com o apoio do coaching, fê-la reconhecer os próprios conhecimentos e competências e perceber “o que não resultava bem comigo, onde não me encaixava tão bem”, reitera.
Na tentativa de descobrir o que melhor se relacionava com os seus talentos e interesses, o empreendedorismo torna-se, então, o seu segundo maior desafio.
De acordo com líder, a criação de um negócio próprio requer um grande conhecimento, não só técnico, mas também pessoal.
No caso, criar este negócio, com o cuidado ético e de sustentabilidade que Catarina almejava, “requer um grande autoconhecimento em relação àquilo que valorizamos, àqueles que são os nossos princípios e como eles se refletem”, a mensagem, objetivos e valores que queremos ver na marca.
Não menos importante é “permitirmo-nos arriscar, aprender com os erros e reconhecer a nossa própria evolução”
Por isso, a curto prazo, o objetivo de Catarina é terminar mais uma formação, desta vez de coach mente-corpo-espírito pela escola do Deepak Chopra. À imagem desta líder, uma formação mais profunda e que coloca um maior foco no processo de autoconhecimento ao invés dos resultados externos.
Cada pessoa é diferente, “tem a sua forma de estar, de agir e de reagir” e, por isso, Catarina não acredita que exista uma líder perfeita.
É importante ter consciência do impacto das nossas funções, quer seja na vida pessoal, quer seja na vida profissional, reconhecer e assumir falhas e limitações e aprender com os erros. O tipo de coaching mais holístico, em que Catarina se especializa, não lhe mostra unicamente o ponto de equilíbrio, mas quais os pontos favoráveis e menos vantajosos para a função que ocupa.
Uma líder perfeita, na opinião desta líder, é “alguém que inspira os outros através do seu exemplo de colaboração”, é criativa e dedicada, persistente e cria naturalmente um ambiente de cooperação. O interesse por contribuir para o coletivo e o reconhecimento da nossa importância, e das nossas funções dentro do grupo, são dos aspetos “mais importantes para sermos bons profissionais” acrescenta.