Cristina Pita é Chief Commercial Officer da Clever Hospitality Analytics e trabalha no setor do turismo e hotelaria há mais de 15 anos. Com ampla experiência na liderança de equipas, conta-nos os desafios de trabalhar nas áreas turísticas e antevê qual o futuro de um setor em plena crise.
Os trabalhadores do setor do turismo e hotelaria são, para muitos turistas, a primeira impressão de Portugal e podem influenciar decisivamente a sua estadia e, provavelmente, o seu regresso ao nosso país. Para Cristina Pita, Chief Commercial Officer da Clever Hospitality Analytics, além da simpatia e o modo como se recebem os turistas, é necessário existir, acima de tudo, um “gosto em receber – sem isso, dificilmente se conseguem bons resultados.”
Licenciada em Gestão Turística e Hoteleira pela antiga Universidade Internacional, em Lisboa, trabalha neste ramo há mais de uma década. Sentiu-se atraída pela diversidade desta formação, a qual ensinou a lidar com inúmeros desafios em áreas distintas, mas confessa que foi seduzida, fundamentalmente, pela proximidade com as pessoas. É no cliente que concentra a sua dedicação: “Tudo o que fazemos em hotelaria tem como objetivo último acolher bem os nossos clientes”, explica-nos.
Torna-se cada vez mais importante promover o profissionalismo ao nível da hospitalidade. Nesse sentido, é essencial agregar uma formação aliada ao conhecimento dos clientes, bem como das suas necessidades e particularidades: “Os dados sobre o cliente são indispensáveis a todos os níveis, quando se pretende prestar um serviço de excelência”, afirma. Baseando-se na gestão desses dados – os hospitality analytics –, a Clever dedica-se a auxiliar os hotéis a gerir devidamente todo esse fluxo de informação e o tratamento dos dados recolhidos.
Antes da pandemia, Portugal contava-se entre os destinos turísticos de referência a nível internacional, tendo conquistado vários prémios de renome. Deste modo, Cristina Pita crê que, mal o controlo da pandemia permita uma liberdade de circulação internacional, o turismo nacional voltará a ‘respirar’, não obstante as dificuldades. A solução estará na busca por novas ferramentas que consigam tirar o melhor partido possível com a informação disponível: “estar bem preparado para esta recuperação passará, certamente, por ter ferramentas analíticas que permitam gerir o negócio hoteleiro com elevado rigor.”
Crente na recuperação deste setor, a necessidade de encontrar soluções ao nível do business analytics motivou Cristina Pita a mudar-se para a Clever. Uma mudança de trabalho durante a pandemia, onde a integração na equipa foi dificultada pelo teletrabalho e a falta de contacto presencial, não se revelou uma tarefa fácil. Dificuldades acrescidas, principalmente, perante um setor que atravessa uma das maiores crises de sempre e o contacto direto com os clientes não é, simplesmente, possível. Apesar de tudo, a sua adaptação foi rápida e foi bem acolhida “virtualmente”, algo importante para Cristina Pita, pois acredita que as empresas são feitas de relações humanas.
Este foi apenas (mais) um desafio que teve de superar na sua carreira profissional, tendo confessado que o maior de todos foi assumir a liderança de uma equipa. Liderar é um jogo de equilíbrios difíceis: “é conseguir dar empowerment sem cair no erro de fazer micro-gestão, é conseguir ser coach ao mesmo tempo que procura a maior produtividade, é ser um bom comunicador, mas, ao mesmo tempo, estar sempre disponível para ouvir.” Todas as pessoas possuem qualidades únicas que um líder deve utilizar para o bem comum e o sucesso da organização.
Associado ao desafio de liderar uma equipa enquanto mulher, teve de suportar problemas adicionais. Revela ter notado alguma apreensão por parte dos colegas por ser uma mulher num cargo de chefia: “Ainda há um caminho a percorrer, mas acho que estão a ser dados passos importantes.” Tem a esperança que, principalmente nas áreas comerciais, “a empatia feminina vá contribuir para que a liderança feminina seja aceite de uma forma cada vez mais natural.”
Admite, assim, a possibilidade de existirem diferenças entre a liderança feminina e a masculina, mas, contudo, recusa o estereótipo de que os homens são “líderes naturais”. Para Cristina Pita, a evolução da sociedade e das empresas demonstra, progressivamente, a “importância da diversidade de estilos, principalmente ao nível da liderança.”
E quem é Cristina Pita enquanto líder? Revela ser uma “lutadora destemida, persistente” e que adora desafios constantes:, confidencia-nos. Nesse sentido, tenta inspirar as pessoas que a rodeiam com a sua atitude e postura. Ao invés de controlar as interações, os sentimentos ou comportamentos, “na ilusão de conquistar poder ou segurança”, prefere depositar a maior confiança na equipa e na sua capacidade de desempenho.
É ainda bastante exigente consigo própria e tenta estar constantemente atualizada quanto às tendências mais recentes. Em 2018, apostou numa formação em marketing e sales management na Católica Lisbon School of Business and Economics, pois considera fulcral o acesso a novos desafios em diferentes prismas e setores de atividade, de modo a nutrir um pensamento “out of the box”.
De momento, o seu enfoque está centrado na equipa da Clever, ambicionando tornarem-se um parceiro de referência em hospitality analytics para o setor hoteleiro português e, eventualmente, alcançarem o mercado internacional. A nível pessoal, sendo mãe de 3 filhos, outro desafio crucial consiste em conciliar a sua carreira profissional e a vontade de estar sempre presente nas suas vidas.