“Uma líder é alguém que alia a visão estratégica à inteligência emocional, equilibrando a gestão de resultados com a humanização das relações”

Raquel Chantre ADMINISTRADORA HOSPITALAR – ASSESSORA DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA ULS S. JOSÉ MEMBRO DA DIREÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ADMINISTRADORES HOSPITALARES (APAH)
Raquel Chantre, a assessora do Conselho de Administração da ULS São José, cuja trajetória é um exemplo de dedicação e excelência. Com uma combinação única de visão estratégica e empatia, Raquel enfrenta os desafios do setor da saúde com uma paixão inabalável e um compromisso inquebrável. Nesta entrevista exclusiva, mergulhe nos detalhes de uma carreira que não apenas transformou instituições, mas também inspirou e elevou os padrões de liderança na área da saúde.

Desde cedo, Raquel Chantre sabia que a sua vocação estava na área da saúde. Com uma formação sólida em Administração Hospitalar, adquiriu uma visão abrangente e estratégica do setor, que a guiou através de uma carreira marcada por desafios e conquistas.

Iniciou o seu percurso em funções de gestão intermédia, tanto no setor público como no privado, desenvolvendo competências-chave como a gestão de equipas, otimização de recursos e melhoria contínua de processos. A sua dedicação e compromisso com a excelência abriram-lhe as portas para trabalhar diretamente com o Conselho de Administração da ULS São José, onde aceitou o desafio com grande motivação. Um dos maiores desafios que Raquel enfrentou ao longo da sua carreira foi a gestão de recursos escassos, uma realidade constante no setor da saúde. A necessidade de tomar decisões rápidas e difíceis, muitas vezes sob pressão, exigiu dela uma abordagem baseada em prioridades e uma comunicação clara e transparente. A sua capacidade de envolver e motivar a equipa, bem como garantir que as mudanças fossem bem compreendidas e aceites por todos, foi fundamental para superar esses desafios.

“A APAH orienta-se para impulsionar projetos que promovam a modernização e a sustentabilidade do sistema de saúde, apostando na capacitação dos Administradores Hospitalares e na adoção de práticas inovadoras”

Como membro da Direção da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Raquel tem um papel ativo na promoção da excelência na gestão da saúde e na valorização dos Administradores Hospitalares. O seu trabalho inclui o planeamento estratégico, participação em iniciativas nacionais e internacionais, e a representação institucional da APAH. Raquel está empenhada em impulsionar projetos que promovam a modernização e a sustentabilidade do sistema de saúde, fortalecendo as redes de colaboração entre profissionais do setor. Raquel vê o futuro da saúde em Portugal a ser moldado pela integração de tecnologias inovadoras e pela transformação digital. A pandemia acelerou a adoção de soluções de telesaúde e destacou a importância da interoperabilidade dos sistemas de informação. Raquel acredita que a formação contínua dos profissionais de saúde e a garantia de que as inovações tecnológicas não ampliem as desigualdades no acesso à saúde são essenciais para um progresso sustentável.

Um dos projetos que mais orgulha Raquel é o Programa de Dispensa de Medicamentos em Proximidade da ULS São José, lançado no final de março de 2020. Esta iniciativa, desenvolvida sob a sua liderança, facilitou o acesso dos doentes aos medicamentos hospitalares essenciais, minimizando as deslocações aos hospitais. O programa destacou-se como um marco de inovação nacional no acesso aos cuidados de saúde, pautado pelos princípios de humanização, eficiência e sustentabilidade. Para Raquel, uma liderança eficaz no setor da saúde requer um equilíbrio entre visão estratégica, empatia e competências técnicas e interpessoais. A capacidade de antecipar desafios, alinhar objetivos organizacionais com as necessidades dos utentes e as tendências globais, e comunicar de forma assertiva e transparente, são fundamentais. Raquel acredita que um líder empático, que compreende as dinâmicas humanas e inspira equipas, é crucial para promover uma atenção centrada no doente e assegurar um impacto positivo e duradouro no sistema de saúde.

Conseguir equilibrar a vida profissional e pessoal, especialmente em posições de alta responsabilidade, é um desafio que Raquel enfrenta com disciplina e organização. Priorizando as tarefas mais críticas no trabalho e dedicando tempo de qualidade à família e a si mesma, Raquel estabeleceu limites claros e aprendeu a delegar responsabilidades, mantendo assim a sanidade e o bem-estar.

Para as jovens mulheres que aspiram a cargos de liderança na área da saúde, Raquel aconselha a autoconfiança, a crença no próprio potencial e o investimento contínuo no desenvolvimento pessoal e profissional. Destaca a importância de procurar mentores, valorizar a colaboração e não temer assumir riscos calculados. Desenvolver resiliência e manter os princípios éticos e a responsabilidade são fundamentais num setor marcado pela volatilidade e complexidade.

Para Raquel, trabalhar no setor público da saúde em Portugal é um compromisso com o bem-estar coletivo e um forte sentido de missão. A ética e a transparência são práticas diárias que guiam todo o seu trabalho, assegurando decisões justas e equitativas. A responsabilidade social significa garantir que ninguém é esquecido, independentemente da sua condição social, económica, idade ou local.

Para o futuro, Raquel tem alinhados projetos nacionais e internacionais que refletem o seu compromisso com a transformação do setor da saúde. A nível profissional, aspira liderar iniciativas de impacto elevado para o SNS, contribuindo para a sua modernização e eficiência. Pessoalmente, pretende continuar a investir no desenvolvimento das suas competências e explorar novas áreas que enriqueçam o seu percurso. Infelizmente, Raquel já enfrentou preconceitos como mulher em posições de liderança. Contudo, vê esses momentos como oportunidades para demonstrar o seu valor através do trabalho árduo, resultados concretos e impacto positivo. Confiante nas suas competências, rodeia- se de aliados e mantém-se firme nos seus valores e princípios. Raquel desafia o conceito de líder “perfeita”. Para ela, uma líder é alguém que alia a visão estratégica à inteligência emocional, equilibrando a gestão de resultados com a humanização das relações. Uma líder que inspira, motiva, ensina e capacita a equipa, criando um ambiente de confiança e cooperação. Com coragem para tomar decisões difíceis e uma comunicação clara e adaptável, uma verdadeira líder compreende as necessidades humanas e o impacto das suas decisões. Embora a perfeição não exista, este perfil é uma boa aproximação.