Fomos conhecer Isabel Costa, naturopata diplomada pela Escola Superior de Biologia e Saúde.Trabalha na área de aconselhamento alimentar dá consultas, aulas e palestras.
Autora de 2 livros: “Pela Sua Saúde” – um guia com alimentos crus para emagrecer e rejuvenescer; “Era Uma Vez Um Hambúrguer!” dedicado a todas as pessoas com intolerâncias e alergias alimentares ao trigo e lactose.
É ainda embaixadora da Paz nomeada pela FMPM em Espanha em 2011 e hipnoterapeuta certificada pelo IACT (International Association for Counselors and Therapists – EUA)
Desde 2011 que é Embaixadora da Paz da Federação das Mulheres para a Paz Mundial. Como tem sido a experiência?
Ter sido nomeada Embaixadora da Paz para mim é uma grande honra, mas que também acarreta grande responsabilidade da qual eu procuro ser consciente no meu dia-a-dia. Não é um título pomposo para fazer parte de um curriculum mas uma missão de vida, esteja com uma pessoa ou perante um auditório de centenas.
É uma missão que representa consciencializar todos os que se cruzam comigo de que não são uma gota insignificante no oceano, mas uma Gota fundamental no todo que ficaria mais pobre sem a existência dessa Gota e de tudo o que ela pode fazer no oceano. Por isso, é uma missão para a vida.
A vida de missionária durante 14 anos influenciou na escolha da profissão como naturopata e hipnoterapeuta?
Sim, influenciou na medida em que continuo ao serviço do próximo de modo profissional, mas muitas vezes até de modo gratuito e voluntário. Pela naturopatia posso aconselhar as pessoas a cuidarem do seu corpo de um modo natural, responsável e consciente de acordo com a máxima “corpo são, mente sã”, pois cuidamos do corpo no seu todo.
Se tivermos saúde e consciência sobre o quanto as nossas escolhas alimentares têm um impacto profundo não apenas no corpo do indivíduo, mas também a nível social, nacional e planetário estamos a contribuir para a paz mundial e para a preservação do nosso planeta.
Pelo menos 90% das doenças são o resultado do comportamento individual. O aspeto positivo a reter é que está ao nosso alcance mudar, temos esse poder nas nossas mãos.
Na minha opinião quando se trata de escolha alimentar, só somos marionetas porque vivemos com amnésia de nós mesmos, da nossa intuição e deixamo-nos levar por publicidade enganosa, por clichés e por muitas crenças inquestionáveis que nos colocaram na cabeça desde a infância.
Maioritariamente dá jeito não pensar e seguir o desejo da gula. É muito fácil de ver o vício em açúcar em que a maior parte das pessoas vivem.
O pior é que a fatura dessa amnésia tem um custo muito elevado e não é só para o indivíduo mas para toda a sociedade. Vou dar um exemplo: o número de mortes decorrentes de acidentes cardiovasculares é o equivalente à queda fatal de um avião Boeing 747 sem sobreviventes com cerca de 400 passageiros a bordo a cada hora, de cada dia, todos os dias do ano. Quando as estatísticas nos apresentam um número seja ele qual for, podemos surpreender-nos mas não diz muito e rapidamente se esquece. Esta imagem fala por si só. Este número pode ser corrigido com mudanças alimentares.
Uma criança morre de fome a cada 60 segundos. É horrível, mas é um número! Se imaginarem a cada minuto uma criança morrer nos vossos braços, a dimensão é diferente.
Todos contribuímos para o que se passa no mundo com as nossas escolhas. Esta consciência de que fazemos parte de um todo com o qual interagimos direta ou indiretamente é o ponto-chave. Por ter vivido em muitos países como missionária e ver muitas realidades de vida, desde muito cedo me senti parte de uma única raça humana independentemente de culturas, crenças, religiões. O mundo pode melhorar quando tomamos consciência disso no dia-a-dia em todas as nossas atividades.
Como descreve o processo de hipnoterapia? De que forma pode melhorar a qualidade de vida das pessoas?
Há vários anos eu tive um problema de saúde que não se resolveu com nenhuma abordagem (medicamentos, acupuntura, fitoterapia, homeopatia), até que mesmo sem grande esperança fiz a experiência com uma sessão de hipnoterapia. Para meu grande espanto o problema que eu tinha desapareceu definitivamente 2 a 3 dias depois. A partir daí entrei neste mundo maravilhoso começando com terapia intensa para mim em relação a memórias de infância (e não só) e depois com formação nesta área, na qual trabalho diariamente há 5 anos.
Todos temos memórias de dor no nosso subconsciente originados na gestação e na infância. Os pais fazem o melhor que podem, mas o mundo da criança é muito limitado e facilmente fica registada a dor. Exemplificando: os pais tem que emigrar e deixam a criança com os avós uns meses até terem uma vida estabilizada. A criança apreende esta situação como abandono, não tem capacidade para compreender a dor dos pais e a dificuldade que sentem em deixar a criança temporariamente não tendo outra solução. É claro que mais tarde na vida adulta compreende que os pais fizeram o melhor que podiam, mas este registo continua gravado.
Se mais tarde num relacionamento amoroso esta pessoa for abandonada, isso tem um impacto desastroso porque está a ser abandonada pela 2.ª vez na vida. A memória acorda, “ressuscitando” toda a dor guardada. Até que a pessoa resolva a memória de dor, o “abandono” vai continuar a acontecer de várias formas na vida.
A hipnoterapia ajuda a resolver todos os aspetos emocionais e também problemas físicos, embora neste caso possa ser necessário outros processos terapêuticos coadjuvantes como cirurgias, fármacos, etc., mas procurando sempre resolver a memória de dor ligada ao problema.
Por exemplo, no caso do cancro, além de todas as questões alimentares e estilo de vida a pessoa passou por uma perda, uma tristeza profunda de algo que lhe aconteceu entre 1 a 2 anos antes da manifestação do cancro. É fundamental curar essa memória.
A hipnoterapia traz uma paz interior muito profunda à vida.
Cuidamos bem da nossa saúde?
Infelizmente não cuidamos bem da nossa saúde. A maior parte das pessoas vive até uma determinada faixa etária como se fosse imortal. O nosso corpo vai lidando com os erros e com os excessos até um certo ponto e depois “estoura” de forma aguda (ataque cardíaco, AVC, etc.) ou de forma crónica (diabetes, colesterol elevado, etc.). De seguida passamos para cirurgias e/ou programas medicamentosos para o resto da vida continuando sem fazer mudanças sérias, danificando o resto do corpo e fazendo toda a sociedade pagar os custos financeiros pelas más escolhas alimentares.
E assim todos temos o “dever” de pagar a fatura dos erros individuais, da liberdade e do direito que todos têm em empanturrar-se de comida, álcool, droga. Estas palavras não são doces, mas são a nossa realidade. Todos somos “obrigados” a pagar a fatura a vários níveis dos suicidas alimentares a longo prazo.
É claro que uma alimentação saudável não é garantia de não surgirem doenças (antes fosse), mas sem dúvida evita muitas doenças crónicas. O tempo de vida de cada um é uma incógnita, mas podemos procurar uma boa qualidade de vida seja ela o tempo que for, isto está ao nosso alcance até um certo ponto.
Na sua opinião o que representa a “liderança no feminino”?
Em primeiro lugar, representa o respeito por mim mesma cuidando e respeitando o meu corpo físico da melhor forma. Respeitar-me como mulher e respeitar e valorizar as outras mulheres nos seus percursos. O papel da mulher como líder começa em casa, no relacionamento com o marido e com os filhos através do respeito, da compreensão, do apoio e da transmissão de uma educação e exemplo de vida com valores, ética e justiça.
A partir desta base, uma mulher pode ser uma líder de sucesso em qualquer área da vida. A família é a nossa verdadeira escola, por vezes com lições de vida duras e com muito sofrimento. Se for o caso, para uma mulher que tenha esse background, ao curar as suas memórias será uma líder forte, justa e compassiva na sociedade. Se uma mulher tem memórias de insegurança da infância como líder poderá sentir-se insegura ou então disfarçar em atitudes autoritárias (o mesmo é válido para os homens).
A mulher tem uma capacidade extraordinária de liderar não apenas pelo intelecto, mas também com uma grande capacidade intuitiva que lhe permite distinguir facilmente o certo do errado muito antes de qualquer análise de dados.
Há uns anos, li uma frase num livro em que o autor dizia que são as mulheres as principais construtoras da paz no mundo porque nenhuma mãe manda o seu filho para a guerra.
Em pleno século XXI estamos a viver uma era em que as mulheres devem liderar cada vez mais na política, na educação e no mundo empresarial. Nesta caminhada, é importante o apoio e união entre as mulheres. Devemos valorizar as mulheres que abrem o caminho, pois graças a elas todos podemos fazer a travessia para um mundo mais justo, mais seguro e de paz.
Isabel Costa