TRABALHAR MARCAS PARA DEIXAR UMA MARCA NO MUNDO

CLÁUDIA ESPIRITO SANTO, CHIEF CREATIVE OFFICER

O sonho era transformar o mundo através da comunicação. A realização foi comunicar marcas de forma transformadora, e não podia ter corrido melhor.

Quando me perguntam de onde sou digo sempre que, apesar de portuguesa, sou cidadã do mundo.  Cresci em 8 países diferentes, adaptando sempre a minha forma de estar à cultura onde estava integrada.  Adorava compreender de forma intrínseca os desejos e perspectivas de pessoas com vidas totalmente distintas à minha, e desde ced ficava fascinada com a forma como a cultura e valores moldavam as decisões de compra individuais.
Felizmente para a minha área profissional e infelizmente para a minha conta bancária, sempre fui uma consumidora ávida de… tudo, deixando-me seduzir pelas embalagens e promessas de cada marca.  Compreendia imediatamente o que tinha suscitado o meu interesse, e se não o fizesse procurava desvendar o que estaria a faltar.  Enquanto as minhas amigas brincavam com bonecas e Barbies, eu gravava anúncios de rádio fictícios para produtos que, na minha opinião, precisavam de ideias melhores para ganhar notoriedade.  O meu público era sempre o meu Pai que, enquanto chefe de mercado de uma multinacional em vários países, tinha sempre um feedback construtivo para reforçar as necessidades de comunicação das marcas.
O meu percurso ditou de forma clara o meu destino, e a área do design e publicidade era o meu caminho. Após um estágio curricular der 6 meses numa grande agência de publicidade decidi que queria pensar as marcas de forma diferente.  Via as marcas como seres vivos que nascem e se desenvolvem conforme os contextos que o mundo e as pessoas estão a viver.  Sentia que as marcas tinham o potencial para mudar o mundo se fossem sentidas de forma humanizada e trabalhadas considerando o momento da marca, o seu propósito e o seu potencial impacto na sociedade.  Sonhava com uma agência que trabalhasse as marcas de acordo com o momento em que estavam, respeitando a sua essência e passado, mas pensando sempre no presente e futuro de modo a cultivar uma comunicação totalmente alinhada com as necessidades atuais e desenvolvendo os alicerces para o crescimento futuro.
Assim nasceu a Label em 2002, lado a lado com o meu sócio, Tiago Brito, demos vida a uma agência focada nas marcas onde a paixão de cada elemento da Equipa está presente em cada solução apresentada. A nossa pequena equipa inicial conta hoje conta com departamentos especializados nas áreas de digital, 3D e motion graphics, mas nenhum dos sócios deixa de ter uma presença ativa no dia a dia da empresa porque acreditamos em liderar por exemplo e fazer parte do passado, presente e futuro da empresa.
Em 22 anos o crescimento da Label tem sido sólido e seguro, e o foco é o mesmo desde o primeiro dia: fazer crescer as marcas dos nossos Clientes.
Acredito que mais do que um fornecedor de serviços, uma agência deve ser um parceiro do dia a dia que compreende e abraça os desafios dos Clientes.  Vejo-nos como uma extensão das marcas que trabalhamos e preparamos as nossas equipas para estar atentas às necessidades das marcas antes delas surgirem. Antecipar e compreender os desafios considerando sempre o adn da marca é o que nos permite chegar a soluções criativas e surpreendentes de forma altamente eficaz.
Contudo este tipo de resposta apenas é possível com um nível de exigência elevado, o que faz com que trabalhar na Label seja particularmente desafiante.  A cultura de exigência na Label parte exatamente das pessoas que somos e das pessoas que integram a equipa altamente qualificada que temos hoje.  A nossa diretora geral e terceiro elemento chave, Raquel Alves, tem um pensamento de marca muito estratégico e complementa de forma natural a nossa visão de futuro para a Label e reforça a nossa cultura que nem sempre é fácil de integrar, especialmente nos dias que hoje em que o work / life balance é uma prioridade.
Acredito muito que um bom criativo precisa ter experiências de vida para alimentar e estimular os seus sentidos e garantir que consegue imprimir algo de novo e genuíno em cada trabalho que apresenta.  Desenvolver projetos transformadores que refletem e revelam a essência das marcas com insights profundos dos consumidores exige um nível de paixão e envolvimento que nem sempre é possível equilibrar com um horário fechado de trabalho.  Eu digo sempre a quem vai integrar a nossa equipa: “Trabalhar na Label é duro, mas não existe melhor agência para crescer criativamente”.  O que não significa que seja fácil numa fase inicial, mas culmina sempre num desenvolvimento profissional inqualificável para os criativos, do qual me orgulho imenso.
Em 22 anos mantivemos sempre o nosso foco e o objetivo de fazer crescer os nossos Clientes através do conhecimento profundo das suas marcas.  Mas sem sempre foi um caminho fácil.  Nestes anos vi muitas agências nascer e morrer, profissionais de elevada qualidade passar por grandes dificuldades, mas em nenhum momento vacilámos nem mudámos a nossa forma de trabalhar e penso que é isso que faz com que a Label consiga manter relações duradouras com os seus Clientes surpreendendo uma e outra vez através do conhecimento das marcas, da metodologia de trabalho que passa pela humanização das marcas e da paixão com que cada pessoa aborda os desafios que as nossas marcas enfrentam.
Nestes 22 anos a Label cresceu e eu com ela.  Passei de uma miúda de 23 anos que fez nascer o seu sonho de transformar marcas, a uma mulher que luta diariamente por equilibrar todos os papéis que hoje desempenha na liderança das equipas de trabalho e da família de 6 de que são sem sombra de duvida o meu maior orgulho.
A responsabilidade de gerir uma empresa com a ambição de crescer inevitavelmente influenciou em vários momentos críticos a minha capacidade de estar presente em todos os momentos importantes.  Felizmente os meus filhos foram sempre compreensivos, e encontrámos o nosso próprio equilíbrio cirando rituais que nos permitem estar muito presentes na vida uns dos outros apesar de não podermos estar sempre lá.  Fazemos o maior esforço por jantar sempre juntos, cada um de nós partilha o seu “best and worst” do dia e vamos, desta forma, fazendo parte do dia a dia de todos sem comprometer a resposta profissional que é por vezes preciso dar.  Tenho a sorte do meu marido ser também uma pessoa focada na família e um enorme apoio para tornar tudo possível.  Até porque, quando não estou a mil na Label, ou a tratar de algo referente às crianças, arranjo sempre um jogo de padel para manter o meu corpo ativo e a minha sanidade mental.  O desporto é claramente a minha “terapia”  e onde me dedico a mim a 100%.
Aproveito o universo do padel para organizar um evento de padel feminino, OPA Girls Sunday Smash, ao domingo à tarde, sendo que uma vez por mês transforma-se numa ação de angariação de fundos para apoiar instituições que precisam de apoio como a Associação Acreditar, Casa Cascais, LPDA, Padel sem Barreiras, Associação Setare entre outras.  É uma forma de conciliar duas coisas que me apaixonam: design e desporto e dar-lhes um propósito maior.
Desta forma consigo viver de forma plena trabalhando marcas e tentando sempre deixar uma pequena marca no mundo.