A Office H nasceu da ideia de Helena Lopes, por considerar que, no mercado, existia uma grande lacuna na oferta de serviços de tradução e transcrição. A empresa trabalha regularmente com vários idiomas, como o inglês, espanhol (castelhano), francês, alemão e italiano.
Como surge a OFFICE H?
Costumo dizer que foi um acaso feliz, mas, na verdade,a montagem de toda esta estrutura exigiu um planeamento muito sério e uma pesquisa profunda. Eu sou licenciada em Direito, trabalhava como advogada e fui-me apercebendo que existia uma lacuna
muito grave que os Tribunais e os profissionais da justiça – sobretudo advogados – tinham dificuldades em preencher. Sempre que era preciso fazer um recurso para uma instância superior, lá tinham que ir os estagiários a correr ouvir as gravações e tentar transcrever em meia dúzia de horas as sessões de julgamento. Ou, então, era preciso tratar de um processo de nacionalização ou fazer o reconhecimento de uma sentença estrangeira e lá se tinha que descobrir quem é que podia traduzir aquilo de forma fidedigna, atendendo à terminologia jurídica portuguesa e estrangeira. Logo aí não era fácil. Depois, em
2012, por motivos de caráter pessoal, fui obrigada a retirar-me do mundo do trabalho durante alguns meses. Quando regressei, atendendo ao facto de que tinha formação linguística nos idiomas de Inglês, Francês e Espanhol (nos últimos anos estou a tentar
aperfeiçoar também o italiano), comecei por prestar serviços de transcrição e tradução para algumas das poucas empresas deste género que existem no país. Daí até chegarmos à Office H foi um passo. Na zona Norte não existia grande concorrência, comecei a fazer alguma publicidade e apercebi-me que me podia lançar por conta própria, que existia mercado.
Decidi, portanto, criar a empresa: investiguei localizações para montar os escritórios, informei-me junto do contabilista para avaliar os encargos fixos que uma empresa deste género acarreta (e que são muitos!!!) e fiz um plano para que, pelo menos, a faturação
conseguisse cobrir os custos fixos da empresa até que a mesma ficasse sólida e se tornasse conhecida.
Necessitei também de estabelecer parcerias, de modo a assegurar que tinha sempre o suporte das autoridades competentes para a certificação legal dos serviços de tradução, ou seja, os advogados e/ou notários. Depois disso, foi a aposta principal de qualquer negócio: investir em publicidade – tanto em suporte físico, como no mundo virtual (google, redes sociais, criação de website, etc.) E funcionou! Os serviços foram sempre bem executados, os prazos escrupulosamente cumpridos e rodeei-me de uma equipa de colaboradores competentes que ajudou a Office H a crescer. Nem sempre é fácil gerir prazos, clientes, colaboradores, contas para pagar, mas com muitas horas de trabalho, consegui seguir em frente e fidelizar um nicho de clientes muito importante e de que me orgulho muito. A formação contínua e alargada a outras áreas que não dominava (como as engenharias, saúde, etc.) também foi e continua a ser muito importante.
A tradução consiste num processo muito rigoroso. O que considera mais difícil nesta área de atuação?
Aqui vou falar tanto da tradução como das transcrições porque os problemas que surgem acabam por ser muito semelhantes. O mais difícil é encontrar profissionais devidamente preparados, o que obriga a uma microgestão e correção constante do trabalho feito por esses profissionais e acaba por impedir o crescimento da empresa. É impossível aceitar mais clientes quando não se consegue delegar o serviço.
Já falei junto das Universidades e este é um problema estrutural: fala-se muito mal a Língua Portuguesa e escreve-se ainda pior. Erros como separar o sujeito e o predicado com vírgula, falta de pontuação, coisas tão simples como isso. Além disso, surge um segundo problema: já não sabemos falar a língua mãe e quando vamos para as línguas de tradução torna-se ainda pior. Quem tem uma licenciatura em Línguas, sabe falar bem (ou supostamente bem) a língua, mas faltam-lhe as ferramentas que ensinam nos cursos de tradução, as chamadas técnicas de tradução. Quem tem a licenciatura em Tradução, aprende a utilizar essas ferramentas mas não aprendeu de forma proficiente nenhuma língua; tem umas noções de Inglês, umas noções de Francês, etc., sem falar fluentemente nenhum idioma. Na verdade, a culpa não é dos tradutores nem transcritores. Eles são, normalmente, empenhados e procuram fazer o melhor possível
dentro das circunstâncias. Trata-se de um problema de fundo que decorre da formação que é dada quer no ensino básico e secundário, quer depois na própria estruturação dos cursos universitários. Falta uma visão global que, por exemplo, já existe em outros países, como a Alemanha ou a Inglaterra. Depois de conseguir ultrapassar este problema, surge um terceiro ainda pior: são precisas horas e horas de formação para ensinar a terminologia jurídica, a terminologia científica, as diferenças destas terminologias no nosso País e nos países estrangeiros e nem toda a gente tem paciência para aprender. Nas transcrições, então, ainda mais difícil se torna porque os candidatos
a transcritores não conhecem os termos e trocam palavras como quesitos por requisitos, douta sentença por dou-te a sentença…. Aos poucos, fui conseguindo colmatar estes problemas e formar uma equipa muito competente, que já tem estas arestas bem limadas. Mas foi preciso um investimento de muitas horas e doses extraordinárias de paciência e dedicação.
Há ainda uma outra questão que se prende com os preços praticados no mercado português. Este trabalho não é muito valorizado em Portugal e o cliente acaba por pagar um valor desproporcional, muito inferior ao valor real do trabalho. Isto faz com que seja
ainda mais difícil encontrar tradutores dedicados (e com razão!) porque são horas e horas de trabalho pagas a preço de saldo!
Com que idiomas trabalham?
Atualmente, o nosso maior foco é o Inglês, Espanhol (Castelhano), Francês, Alemão e Italiano porque são os idiomas mais requisitados. Fazemos ainda traduções para Russo, Polaco e Chinês, ainda que com menor frequência. Por vezes, solicitam-nos traduções
para outros idiomas e, embora a equipa ainda não integre profissionais que falem essas línguas, procuro sempre tentar ajudar os clientes e encontrar alguém para realizar a tradução, mas sempre sob reserva.
Para além da tradução técnica e científica nos idiomas que referiu, que outros serviços te a OFFICE H?
Como disse, focamo-nos muito nas transcrições de áudio/vídeo: de audiências de julgamento, conferência, entrevistas, relatórios médicos, etc…
Somos ainda bastante conhecidos pelo trabalho de correção e revisão de diversas obras literárias. Poderão ver alguns dos trabalhos que realizámos na brochura de apresentação da nossa empresa.
Sob pedido, fazemos ainda serviços de interpretação, correção e revisão linguística de monografias e teses e outros serviços de secretariado. Há pessoas que nos pedem para redigir uma simples carta ou documento porque têm dificuldades em passar as ideias para o papel ou na própria construção frásica. No fundo, oferecemos, todos os serviços que caibam dentro do objeto social da empresa, serviços que estão ligados à escrita e à linguística.
Como diretora executiva, que balanço faz da sua empresa?
A empresa tem quatro anos de existência e revelou ser um sucesso. Sim, é uma empresa lucrativa e que veio colmatar uma enorme lacuna que existia na nossa região: no Minho praticamente inexistiam prestadores deste género de serviços que conseguissem simultaneamente oferecer qualidade, rapidez e certificação legal. Os nossos clientes sabem sempre que cumprimos escrupulosamente os prazos e que os serviços são bem executados. Tanto é que acabámos por angariar clientela que extrapola a nossa área regional: temos clientes fiéis em todo o País e até mesmo no estrangeiro. Por outro lado, acabámos por integrar na nossa equipa muitos profissionais que se debatiam com a precariedade da prestação de serviços na área das Línguas e Tradução.
A meta é continuar a crescer. Pretendemos ser uma empresa de referência na área das Transcrições, Traduções e da Produção de Texto quer a nível regional, quer a nível nacional.
Dentro dos nossos objetivos está ainda o contributo para o desenvolvimento da região envolvente, através da criação de novos postos de trabalho; assim como o contínuo desenvolvimento de competências e formação recebida/ministrada, garantido que a qualidade e a excelência são mantidas em todos os trabalhos que nos propomos realizar.
No meu caso pessoal, agora que as bases estão sólidas e que a equipa já está formada, pretendo delegar mais tarefas, de modo a conseguir dedicar mais tempo à expansão e divulgação da Office H e à formação de novos profissionais que possam prosseguir a nossa missão de trabalho. No fundo, o objetivo é assumir uma visão macroempresarial e permitir que a estrutura criada se desenvolva quase em modo de piloto automático, mas sem descurar nunca os pormenores e o trabalho minucioso que nos carateriza e pelo qual os nossos clientes no continuam a procurar.
A empresa tem quatro anos de existência e revelou ser um sucesso. Sim, é uma empresa lucrativa e que veio colmatar uma enorme lacuna que existia na nossa região: no Minho praticamente inexistiam prestadores deste género de serviços que conseguissem simultaneamente oferecer qualidade, rapidez e certificação legal. Os nossos clientes sabem sempre que cumprimos escrupulosamente os prazos e que os serviços são bem
executados. Tanto é que acabámos por angariar clientela que extrapola a nossa área regional: temos clientes fiéis em todo o País e até mesmo no estrangeiro. Por outro
lado, acabámos por integrar na nossa equipa muitos profissionais que se debatiam com a precariedade da prestação de serviços na área das Línguas e Tradução.
A meta é continuar a crescer. Pretendemos ser uma empresa de referência na área das Transcrições, Traduções e da Produção de Texto quer a nível regional,
quer a nível nacional.
Como define a liderança no feminino?
Em primeiro lugar, liderança implica sempre comandar ou gerir pessoas, quer seja no feminino, quer seja no masculino. Talvez as principais diferenças entre ambos residam no facto de as mulheres terem uma perceção diferente dos relacionamentos interpessoais. Enquanto mulher e gestora empresarial, penso que as mulheres têm maior capacidade para escutar e aceitar sugestões ou críticas, sem pensarem imediatamente que a sua liderança está a ser questionada. Nós mulheres temos também maior facilidade em lidar com personalidades diferentes e em executar múltiplas tarefas sem perdermos o foco. Claro que num mundo dominado por homens, em que eles assumem os principais papéis de destaque a nível profissional e os cargos mais importantes, muitas vezes acabamos por ter que falar mais alto, lutar mais e trabalhar o triplo para que nos respeitem e para sermos valorizadas. Isto também se continua a dever ao facto de a mulher continuar mais ligada às responsabilidades familiares e extralaborais. A meu ver, isto constitui uma mais valia: estamos habituadas a mais responsabilidade e encaramos tudo com mais seriedade, o que resulta num serviço melhor executado e mais rapidamente. O que acontece é que muitas vezes os homens têm mais tempo para se dedicar a 100% a uma tarefa e conseguem progredir profissionalmente de forma mais célere, sem ter que dar justificações a ninguém. No meu caso pessoal, como não tenho que dividir a administração da empresa com ninguém e como sou uma pessoa naturalmente persistente, esse problema não se põe. A palavra final é sempre minha, mas procuro sempre ouvir com interesse as sugestões e problemas que me são apresentados pela minha equipa. Estamos todos a lutar pelo mesmo e é esse estilo de liderança que procuro assumir e a ideia que procuro incutir nos meus colaboradores: se a empresa crescer e os clientes ficarem satisfeitos, acabamos todos por ganhar. Trata-se de assegurar bons lucros para todos. E não me refiro apenas a lucros monetários, mas também a qualidade no trabalho, que passa por períodos de descanso adequados, um ambiente sem gritos ou discussões recorrentes (como acontece em muitas empresas), onde reina a organização, entre outros. Sou muito exigente e existe alguma pressão decorrente da responsabilidade do trabalho e dos prazos apertados que muitas vezes são impostos pelos clientes; no entanto, tenho noção do que é possível e impossível e que um funcionário tem que estar satisfeito no trabalho ou a qualidade do serviço ficará comprometida. Penso que talvez seja esta qualidade que falta em muitas lideranças (tanto no feminino como no masculino).