Teresa Preta é a atual Iberia Managing Director da Escolha do Consumidor e gere a sua própria agência de consultadoria em felicidade, a “Your Happy Mode”. Acredita genuinamente que a felicidade numa organização é o principal segredo para o seu sucesso e por isso liderou também o primeiro sistema de qualificação em felicidade nas organizações na ConsumerChoice – os “Happy Awards”.
Teresa Preta nasceu em Castelo Branco, numa família de pequenos empresários – os seus pais eram padeiros e o seu avô e tios maternos eram agricultores. Crescendo no interior do país, a empresária sempre sentiu a necessidade de “criar projetos que solucionassem os problemas de quem vive no interior”, sendo eles a “enorme desigualdade e escassez de oportunidades”, explica Teresa. Para conseguir cumprir com os seus objetivos, Teresa Preta envolveu-se em várias associações, nas quais colaborou voluntariamente, chegando a gerir equipas. Entrou no teatro e fez parte da Cruz Vermelha, sendo que “tinha uma vontade gigante de fazer coisas que envolvessem pessoas, que me dessem prazer e me fizessem feliz, pelo que sempre fui muito eclética nas minhas escolhas”, explica.
Não se pode assim discordar da afirmação de que “o empreendedorismo sempre me correu nas veias”. Isto não quer dizer que Teresa tenha apostado logo na sua vertente empreendedora, porque também não a conhecia a 100%. A primeira ambição foi “conhecer o mundo e sair de Castelo Branco”, afirma Teresa. Para isso, rumou até Coimbra para estudar Línguas e Literaturas Modernas, uma área que a empresária considerava não ser o seu forte, assumindo-se como uma “aluna mediana em línguas”. Isto não a demoveu do seu objetivo, tendo passado o último ano do curso na Alemanha – o primeiro passo para alcançar o desejo de conhecer o mundo.
O segundo foi ir para Inglaterra trabalhar como baby-sitter, tendo como objetivo evitar seguir a carreira de professora.
“Sou uma pessoa muito trabalhadora e quando me meto nalguma coisa, de que natureza for, esforço-me ao máximo para ser não a melhor, mas o melhor que consigo”
Para além da licenciatura, Teresa ainda realizou duas pós-graduações, uma em Organização e Gestão de Eventos e outra em Tradução para a Legendagem e, por fim, um mestrado em Tradução Audiovisual. Durante este percurso académico, Teresa trabalhou como assistente de direção e formadora de línguas na Dinefer (uma empresa de engenharia industrial) e, ao fim de três anos, integrou o departamento de tradução da RTP, em que Teresa afirma que era “o objetivo de qualquer tradutor audiovisual naquela altura”.
Olhando para este percurso, concluía-se que a empresária tinha uma grande ambição de ser tradutora audiovisual e tinha conseguido chegar lá, mas, na realidade, esse não era o seu grande objetivo, mas sim conseguir um dia ser empresária e empreendedora de algum projeto. Por ter crescido numa família de empresários, cedo percebeu que “para se conseguir algo na vida, tem de se trabalhar muito” – e foi neste lema que Teresa foi construindo o seu caminho, tendo sempre em mente de que o facto de ser mediana a línguas não a impediria de ser uma grande tradutora – bastava trabalhar.
“Sou a prova viva de que o trabalho supera o talento natural”
Apesar de ter começado na tradução, não foi nesta que quis continuar. O interesse no empreendedorismo sempre esteve lá e no momento em que surge um anúncio a pedir “empreendedores para o Energia de Portugal (da Fábrica de Startups), o primeiro e maior concurso de empreendedorismo a nível nacional”, Teresa não hesita e candidata-se. Tendo sido selecionada, a empresária rumou até Lisboa, logo após ter sido mãe, e avançou com o seu projeto de “babysitting & seniorsitting”. “Aí confirmei: quero fazer disto vida!”, afirmou Teresa.
A partir deste projeto, tudo acontece. Durante 7 anos, Teresa teve a oportunidade de “trabalhar e ser sócia do maior player nacional em gestão de incubadoras de negócios municipais”, explica. Na Territórios Criativos, a empresária chegou a ser diretora executiva, business consultant e senior advisor de mais de uma dezena de incubadoras nacionais e internacionais.
Para além disso, chegou a ser professora do Master em Gestão do Turismo e Hospitalidade, no ISMAT. Teresa também é formada em Sustainbale Finance, Liderar a Mudança Organizacional, Gestão de Empresas Familiares, Coaching, The Science of Hapiness e The Foundations of Hapiness at Work. Nos últimos anos a empresária tem investido em formações ligadas à gestão, felicidade e sustentabilidade – áreas que, aqui há uns anos atrás, não imaginava estar a vir a especializar-se. “Acredito que podemos ser excelentes profissionais e especialistas em áreas que nada têm que ver com a nossa formação de base”, afirma. Teresa sempre reforça que trabalhou e trabalha em diversas áreas e que o segredo não está no dom, mas sim no esforço de cada um em querer se tornar o melhor.
“O segredo para crescer profissionalmente, no meu caso, é ser apaixonada pelo que faço e investir em saber o máximo possível nas áreas em que estou a trabalhar”
Ao longo dos anos, a empresária foi crescendo profissionalmente e abraçando vários projetos, até ao dia que criou a sua própria agência. Teresa Preta lançou recentemente a sua agência de felicidade, que integra soluções de formação e consultadoria estratégica – a “Your happy Mode”. O objetivo passa por trazer felicidade a organizações, territórios e pessoas. Teresa considera que a felicidade é “a base para vivermos em plenitude, seja numa organização, seja na vida pessoal”, acreditando que a mesma se atinge no trabalho quando os valores do colaborador estão alinhados com os da organização.
A agência tem desenvolvido uma formação certificada de Hapiness Manager, em que, apesar de Teresa não considerar imperativo a existência deste cargo numa organização para o desenvolvimento de um plano estratégico de felicidade, as organizações procuram-no cada vez mais. O grande objetivo desta certificação não passa por trazer um novo cargo para o mercado de trabalho, mas sim dar uma ferramenta única e colaborativa aos participantes, com a chancela da Your Happy Mode, que lhes permita desenvolver o já referido plano estratégico de felicidade.
Foi na sequência da apresentação deste seu projeto na área da felicidade ao CEO da ConsumerChoice – Escolha do Consumidor, José Borralho, que surgiu a oportunidade de trabalhar para a empresa com o maior sistema de avaliação de marcas em Portugal. A decisão de aceitar o cargo não foi imediata, sendo que Teresa não se via a voltar a trabalhar por conta de outrem. Contudo, a empresária decidiu ir em frente, só pelo facto de poder trabalhar com uma pessoa que admira e que vê como um “empresário inspirador” – o mesmo a quem apresentou o seu projeto, José Borralho. “Não podia negar-me a trabalhar com o melhor do setor!”, acrescenta Teresa Preta.
E assim foi. Teresa é a atual Iberia managing director da ConsumerChoice, tendo colocado duas condições: a primeira recaiu num horário de trabalho flexível, de modo a poder continuar a acompanhar a filha, e a segunda em poder manter a sua agência de felicidade. Há pouco mais de 6 meses, a empresária já marcou pela diferença, tendo liderado o desenvolvimento de um novo sistema que permite reconhecer a felicidade nas organizações – os “Happy Awards”. Estes são completamente inovadores na empresa, uma vez que incluem uma “avaliação por parte de todos os stakeholders: colaboradores, clientes e fornecedores”. Desta forma, qualquer organização poderá candidatar-se, submetendo-se a um processo de avaliação de satisfação e felicidade.
Para além disso, a empresária também ajudou a implementar a “Escolha Sustentável”, “o primeiro sistema de qualificação público de produtos, serviços e medidas que contribuam para a sustentabilidade a nível social, ambiente e económico”, explica. Isto quer dizer que a avaliação é realizada por especialistas e pelos próprios consumidores, que asseguram os seus próprios interesses na sociedade, em que um deles passa pela sustentabilidade.
Teresa não pretende ficar por aqui e afirma que haverá ainda outras oportunidades para outros projetos dentro da ConsumerChoice, principalmente os “que promovam sistemas de qualificação em empresas a nível nacional e regional, bem como a vários níveis do tecido económico nacional”.
“A ConsumerChoice é claramente uma empresa trend hunter”, afirma Teresa. O que isto quer dizer? Que a empresa está constantemente a observar o mercado, os seus consumidores e tendências, tentando entender como acompanhá-los. Tendo associado a si um sistema de avaliação, torna toda a questão organizacional mais complexa e difícil de se manter ativa; contudo, Teresa acredita que “os sistemas de avaliação vão continuar a ter procura”, mas só sobreviverão “apenas os que tiverem uma metodologia rigorosa e idónea, com processos bem delineados e balizados”, tal como é o caso do sistema de avaliação designado por Escolha do Consumidor.
Para a empresária, quando se está numa empresa o mais importante é ser e estar feliz, tal como já foi possível comprovar. Teresa encontrou isso na ConsumerChoice, não deixando de esconder a surpresa que teve, dando o seu exemplo ao referir que os seus valores foram assegurados.
“Consigo ter um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e acompanhar de perto a minha família (a minha filha). Consigo a liberdade que preciso para criar projetos novos e para desenvolver outros projetos fora da organização. E consigo ter a autenticidade que me carateriza, sendo aceite tal e qual como sou.”
Teresa Preta apresenta alguns exemplos de iniciativas da ConsumerChoice que promovem a felicidade dos colaboradores e coloca em primeiro lugar o bem-estar e as famílias dos mesmos: “Temos direito a ir a uma massagista todos os meses, o ambiente é de segurança psicológica e de liberdade para sermos nós próprios, no Natal fomos todos passar dois dias juntos com as nossas famílias, em fevereiro fomos à Turquia com os nossos companheiros… Verifica-se assim um investimento no colaborador e num “salário emocional”, tal como a empresária designou.
Como mulher, Teresa nunca sentiu que foi impedida de alcançar o que queria por ser do sexo feminino, não havendo nada que a demovesse de seguir os seus sonhos. Contudo, já passou por situações em que sentiu que era difícil que a ouvissem ou a levassem a sério em determinada situação, por ser mulher.
“E cheguei a sentir-me muito mal”
Mas também, devido à sua personalidade, assume que nunca deixou nada por dizer e crê que “sempre consegui deixar uma mensagem e acredito que em algumas organizações de clientes ou parceiros tenha contribuído para deixar a semente para uma mudança de mentalidade.”
De acordo com a empresária, oportunidades e posições de cargos de topo estão disponíveis para homens e mulheres, mas isto não quer dizer que as empresas não optem, na mesma, por contratar homens. Teresa assume que isto é um fenómeno cultural, considerando que existe mais tendência a escolher um homem por estes estarem “mais expostos e consequentemente mais na memória”. A empreendedora expôs um caso, que testemunhou, de um evento com o tema de desporto em que, entre 15 oradores, só duas eram mulheres. Esta situação equipara-se a muitas outras, tais como só haver 36% das mulheres representadas nos assentos parlamentares em Portugal, ou a nível internacional só 16 países terem mulheres como chefes de Estado e/ou de Governo. Voltando à situação de Teresa Preta, a empresária escreveu, para a entidade encarregada pelo evento, a indicar a indicar mulheres que poderiam estar no painel e no evento seguinte a representação feminina estava equiparada à dos homens. Entende-se assim que Teresa acredita que podemos fazer o nosso papel, alertando e ajudando a que estes casos deixem de existir.
A empresária expõe também outra perspetiva quanto a mulheres entrarem em menos lugares de chefia que os homens: “Também considero que muitas vezes nós, mulheres, recusamos determinados cargos, porque exigem horários prolongados e muitas viagens, que nos obrigam a estar longe dos filhos”. Teresa considera que é uma razão válida e a própria assume que — neste momento — rejeitaria uma proposta assim, porque quer acompanhar a filha, situação que não conseguiu assegurar no último desafio profissional.
“Acredito que, na maioria dos casos, o não se convidar uma mulher para determinado cargo pode dever-se ao desconhecimento das melhores profissionais no mercado”
Teresa Preta considera que é necessário continuar a dar-se destaque a mulheres em cargos de chefia, uma vez que estas necessitam de ficar “na memória das pessoas”. “Só quando houver uma quantidade suficiente de mulheres que vêm automaticamente à mente de quem contrata, de quem organiza eventos, do governo, é que será possível haver igualdade de oportunidades”, acrescenta. A empresária vê como algo bom uma mulher em posição de destaque ser notícia, sendo que isso acaba por ser mais um passo para haver igualdade de género no trabalho.
A empresária também não considera que uma mulher, num cargo de chefia ou em qualquer outra situação, deva aceitar ter de provar constantemente o seu valor. “No trabalho, num relacionamento amoroso ou numa amizade, se temos constantemente de provar o nosso valor, então é porque a relação não é saudável nem sustentável”, explica a empresária. Se isso acontece, então é necessário repensar se queremos estar naquela relação laboral, amorosa ou de amizade.
Contudo, na perspetiva de Teresa, as mulheres que pretendem alcançar cargos de chefia não devem viver “obcecadas por inverter esta situação”, porque a mesma ainda tem um grande caminho a percorrer e o foco está em nós mesmas e no nosso percurso. A empresária lembra que nada é impossível e deixa um conselho: “Focarmo-nos em perceber o que realmente gostamos de fazer e o que nos apaixona e, depois, trabalhar, trabalhar, trabalhar para o conseguir.”
Como já foi percetível, os dois grandes pilares para Teresa é o conhecimento e o trabalho, sendo que “se formos boas no que fazemos e dominarmos o tema, essa autoridade vai chegar naturalmente.”