Desde menina ligada à música, Maro adorava tocar instrumentos, mas não gostava de estudar partituras. Hoje em dia, pode dizer que já tocou com Eric Clapton e que, em nome próprio, tem já cinco álbuns gravados num só ano. A artista é finalista do Festival da Eurovisão, com “saudade, saudade”.
Maro. Um nome de origem etrusca, que simboliza “grandeza”. É assim que Mariana Secca, artista de 27 anos, se apresenta ao público, que não tem outra opção senão render-se à voz doce e ao timbre único da cantora portuguesa.
Aliás, cantora… e não só. Para além dos dotes vocais que a representante portuguesa no Festival da Eurovisão 2022 evidencia, com o tema “saudade, saudade”, Maro é também produtora, compositora e capaz de tocar vários instrumentos.
Como acontece em muitas áreas, há uns que apenas ganham o gosto pelo seu ofício na adolescência, outros que “esperam” pela idade adulta para sentir o click que é preciso. No caso de Mariana Secca, podemos dizer que tornar-se artista era quase como se de uma consequência se tratasse, não fosse a avó pianista, o pai instrumentista e a mãe professora de música.
Ainda que a ligação de Maro com a música pareça algo bastante orgânico, a mesma refere, numa outra entrevista, que, em tempos iniciais, a música era “motivo de discussão” em seio familiar. “Porque é que eu tenho de fazer isto? Eu não quero estudar música. Eu nunca vou fazer música!”, dizia Mariana, que, na altura, apenas queria “andar de skate e jogar futebol”, como qualquer criança, que, embora gostasse de tocar instrumentos, não tinha vontade de estudar.
Hoje, olhando àquele que tem vindo a ser o percurso de sucesso daquela menina de 4 anos que teve as suas primeiras aulas de piano na Escola de Música Nossa Senhora do Cabo, em Linda-a-Velha, é fácil dizer que o destino sempre foi o mundo da arte. Ainda mais fácil fica depois do brilharete que Maro tem feito em Turim, que lhe valeu um inequívoco passaporte para a Grande Final da Eurovisão 2022.
A verdade é que, nesse mesmo percurso, também houve dúvida. Ser veterinária ou seguir a beleza das notas musicais? Numa questão que Maro ter-se-á colocado inúmeras vezes, não foi a mãe, nem o pai, nem a Mariana que mal sonhava ser Maro, que ajudou a encontrar a resposta.
Antes pelo contrário, foi Milton Nascimento, com a sua canção “Cais”, que, de uma forma quase inexplicável, fez com que Mariana desse “uma volta a 180º na [sua] vida e [percebesse]: ‘Não tenho nada de ir estudar Biologia e ser veterinária, tenho é de fazer música'”, de acordo com o que a artista portuguesa contou à Blitz.
Como dizia Prosa de Cora, “música é quando se dá som ao sentimento”. E foi precisamente isso que Milton Nascimento, ainda que sem saber, fez na vida de Maro. Numa epifania em forma de canção que se tem vindo a revelar acertada, Mariana acabou por tomar a decisão de estudar música, pelo que, aos 19, decidiu dedicar-se à música a tempo inteiro e candidatou-se ao Berklee College of Music, na cidade de Boston, onde entrou com bolsa de estudos.
Alguns anos depois, Maro é uma rising star que já é tudo menos anónima. Eric Clapton. Jacob Collier. Pablo Alborán. Salvador Sobral. António Zambujo. Ditos de forma sequencial, são nomes da música que pouco se assemelham, desde o idioma em que cantam ao estilo musical que praticam. Ainda que sejam muitas as diferenças, todos eles têm algo em comum: já fizeram parte da rubrica “ITSA ME, MARO!”, que a jovem artista tem no Youtube, onde a premissa é ligar a “amigos e músicos espetaculares” da própria, na esperança de que estes atendam para proporcionar escassos momentos de magia em forma de música.
Com 5 álbuns gravados no espaço de um ano, 2 EP’s, 7 singles e mais de uma dezena de colaborações, Maro prepara-se para representar Portugal em Turim, na Grande Final da Eurovisão 2022, que está marcada para as 20h do dia 14 de Maio, com transmissão em direto na RTP.