Por influência da mãe, Rachel Netto foi ganhando, desde os seus seis anos, a paixão pelo mundo dos colchões, que apesar de confortável, requer muita responsabilidade. Juntamente com o seu marido, Leon Netto, é fundadora da “Casa do Sono”. Hoje, a marca encontra-se espalhada por vários pontos do país.
Cada vez mais se fala do quão importante é sair da zona de conforto. No caso de Rachel Netto, a equação é precisamente ao contrário. Nascida no nosso país-irmão, foi criada “numa loja de colchões, no Rio de Janeiro”, desde os seis anos, onde a mãe trabalhava.
“Aos 18 anos, tornei-me vendedora de colchões da empresa onde a minha mãe trabalhava. Aos 23, tornei-me franqueada e aos 28 abri a Casa do Sono, em Portugal.” – refere.
Hoje, a realidade é essa. Rachel Netto e o marido, Leon, são donos da “Casa do Sono”, uma casa de colchões que já conta com oito lojas espalhadas por Portugal, que foi o destino escolhido para abrir o negócio. Ou melhor… para viver.
“Eu amo o país, as pessoas, a cultura… o negócio foi uma consequência, pela qual estou muito grata! Tem sido uma bênção ter os portugueses como clientes, são muito fiéis à marca. Temos percebido que os novos clientes da Casa do Sono surgem através de indicações de familiares e amigos de clientes antigos.” – explica Rachel.
Apesar de, até ao momento, Rachel estar encantada com a vida que leva em Portugal, a verdade é que, tanto na vida de uma empreendedora como em outra profissão qualquer, a mudança de cultura traduz-se sempre num enorme “desafio”, por ser “diferente de tudo” aquilo a que as pessoas se habituam no seu país de origem.
Para além das diferenças óbvias entre Portugal e Brasil, nomeadamente ao nível do clima, da alimentação ou até mesmo da dimensão geográfica, Rachel repara, através daquilo que vem a ser a sua experiência enquanto profissional dentro do setor do colchões, que, entre um país e outro, “o perfil do cliente é diferente”, desde “o tipo de atendimento” a que está habituado, aos “produtos” pelos quais tem preferência, o que obriga à adoção de uma “forma diferente” de comunicar, ao nível da publicidade da marca.
Como, por vezes, nos diz a gíria: “amigos, amigos, negócios à parte”. No caso de Rachel, a situação, mais uma vez, é diferente, atendendo ao facto que o seu sócio fundador é, como referido anteriormente, o marido, Leon. Quanto à separação entre a esfera pessoal e a esfera profissional, a empreendedora brasileira deixa bem clara a forma como a mesma é feita, em casa.
“Não separamos! Simples assim! Trabalhamos juntos há 9 anos e no início até estabelecemos regras de não falar de negócios em casa, o que, para ser muito sincera, era uma tortura! Não podíamos falar do nosso assunto preferido (risos). Hoje, já nos permitimos falar de negócios em casa. As nossas filhas, de 2 e 5 anos, já vivem, intuitivamente, num universo de negócios e colchões. Não teria como ser diferente. É algo natural, diria.” – admite Rachel.
Principalmente em idades mais jovens, fala-se muito no conceito de vocação. Algumas crianças dizem, desde muito cedo, que querem ser médicas, outras astronautas, outras cabeleireiras, por exemplo. Rachel Netto sempre viu na busca pela qualidade de vida, “desde alimentação saudável a uma noite de sono com qualidade”, uma espécie de lareira acesa capaz de “[queimar] o [seu] coração”, de uma forma positiva.
“Acredito que a humanidade em geral está cada vez mais atenta a isso. A Casa do Sono não se importa só em vender colchões, somos especialistas em qualidade de vida, pelo que todos os nossos consultores são formados para isso. Cuidar da saúde do nosso cliente é a cultura da empresa.” – assegura a empreendedora.
Numa vida, desde sempre, ligada à área dos colchões, Rachel Netto afasta a palavra “perfeição” do seu dicionário, até porque a líder ideal, no seu entender, é “humana e imperfeita”, tal como não poderia deixar de ser. Mesmo assim, com a experiência que vai acumulando ao longo destes anos de liderança, a cofundadora da Casa do Sono garante que “se tivesse de dar uma dica para quem está a iniciar uma vida de empreendedora, a liderar pessoas, diria para serem humanas, pensando sempre no bem-estar de todos”, até porque como a própria tem vindo a constatar, “colaboradores felizes dão bons resultados”.
Apesar do sucesso que Mulheres como Rachel vêm a ter no mundo do empreendedorismo, o paradigma continua a ser bastante desequilibrado, no que à igualdade de género neste tipo de postos diz respeito. Mesmo assim, Rachel Netto acredita que um mundo igual “depende de nós mesmas”, pelo que é imperativo continuar a “mudar mentalidades”, para que todos os sonhos o deixem de ser, tornando-se, assim, em objetivos.