Quando no início de 2017 tomei contacto com a Parentalidade Consciente, já mãe de duas adolescentes, dei por mim a fazer uma reflexão que nunca tinha feito antes.
Qual a minha intenção enquanto mãe? O que é mais importante para mim enquanto mãe? Que relação quero ter com as minhas filhas?
Esta reflexão permitiu-me aceitar e deixar ir tudo o que não me servia; crenças e preconceitos sobre a parentalidade, e com os quais somos tantas vezes formatados, e educar com maior autenticidade, escutando e confiando no que diz o meu coração.
Percebi que não há certos, nem errados, que não há estratégias infalíveis e receitas mágicas, mas o que importa mesmo é cultivar a qualidade da relação pois com uma relação saudável, genuína e profunda as soluções aparecem…
Aprendi que são os nossos hábitos enquanto pais o ponto de partida para criar relações fortes e saudáveis com as crianças e que a Parentalidade consciente é tanto sobre os nossos filhos como sobre nós, pais. É sobre o percurso que fazemos para nos desenvolvermos também enquanto pessoas. É uma verdadeira jornada de autoconhecimento…
Ganhar consciência das nossas intenções enquanto pais estar preparado para refletir sobre a forma como os nossos hábitos e padrões de comportamentos estão alinhados com essa intenção, faz toda a diferença. Porque ser pai é a maior aventura do mundo, e um dos grandes desafios é viver plenamente todos os momentos, bons e menos bons, em conjunto com os nossos filhos, aprendendo e crescendo com eles.
Todos os momentos, por mais difíceis e desgastantes que sejam, têm o potencial e são uma oportunidade para nos ajudar a crescer e a melhor conhecer os nossos filhos e a nós próprios.
Nos momentos difíceis, quando me sinto perdida, frustrada ou desgastada, recordo e recorro às minhas “Intenções enquanto mãe”.
As minhas intenções servem-me de guia e orientação pois refletem o que verdadeiramente é importante para mim. Consciente destas intenções posso adequar e validar as minhas ações e comportamentos à luz do caminho que quero percorrer e da forma como quero experienciar a parentalidade.
A Parentalidade Consciente é uma forma de estar na parentalidade que nos ajuda a viver esta experiência de forma mais serena e consciente de que podemos educar as nossas crianças de forma a mudar o mundo de amanhã.
Para isso, mais do que aprender conceitos, é preciso desaprender preconceitos:
“É um deixar ir de tudo aquilo que não serve a nossa intenção como pais, um desaprender de tudo que não promove relações saudáveis baseadas no amor incondicional e tudo aquilo que não ajuda os nossos filhos a crescer e prosperar emocionalmente.”
In Academia da Parentalidade Consciente
Quando seguimos o caminho da parentalidade consciente:
- Temos as nossas intenções como pais bem esclarecidas e presentes e elas são o nosso guia e a nossa bússola;
- Questionamos as nossas crenças, as nossas ideias, os nossos hábitos e comportamentos;
- Escutamos verdadeiramente o que os nossos filhos tem para dizer estando realmente presentes;
- Estamos focados no desenvolvimento de autoestima saudável (a nossa e dos nossos filhos)
- Praticamos a aceitação e a compaixão, em relação aos nossos filhos e em relação a nós mesmos. Acreditamos que somos seres completos exatamente como somos;
- Olhamos para o comportamento da criança como uma forma de comunicar emoções e necessidades e consequentemente procuramos entender o que está por trás do comportamento. É aqui que queremos agir, responder à necessidade e não corrigir o comportamento;
- Educamos mais com os atos do que com as palavras, pois é assim que se transmitem valores, pelo exemplo.
Acredito que todos temos recursos interiores que nos dão a capacidade de aprender, crescer e sofrer transformações impressionantes. Todos temos recursos para enveredar por um caminho fiel aos nossos valores, saber escutar a nossa intenção e o nosso coração, e assim educando crianças mais felizes.
À Academia da Parentalidade Consciente e à Mia (Mikaela Owen) em particular devo esta tomada de consciência e esta vontade de deixar ir tudo o que já não me serve e não me faz feliz como mãe.
Por : Fátima Gouveia e Silva (Coach e Facilitadora de Parentalidade consciente)