De CFO a coach, a experiência de Tânia Neves na Banca de Investimento e nas TIC

Tânia Neves. Fundadora e Ceo da IN2GROW

Tânia tem uma vasta carreira nos negócios, que se estende por vários setores, e algumas empresas das quais é co-fundadora e fundadora. À parte dos investimentos e mentorias de startups, dos 15 anos de experiência em gestão de ativos em bancos de investimentos e dos 12 anos no setor das TIC, nos últimos anos enveredou pela área do coaching e por um caminho profissional dedicado à liderança.

Antes da carreira de sucesso no mundo empresarial, Tânia foi professora. Uma experiência que lhe proporcionou um “crescimento pessoal e profissional significativo”, como refere, e que foi duplamente reforçado pela entrada precoce no mercado de trabalho — aos 19 anos, ainda a frequentar o segundo ano de faculdade —, o que a obrigava a conciliar os seus estudos com a responsabilidade de dar aulas. “Apesar das dificuldades iniciais, esta experiência foi extremamente enriquecedora, aprendi a adaptar-me e a melhorar as minhas competências de comunicação, paciência e empatia”, refere.

Sem ter consciência de que o ensino (do coaching, no caso) lhe voltaria a aparecer pela frente, as suas escolhas profissionais passaram, sobretudo, pela área da gestão e dos negócios. Licenciou-se em Gestão de Empresas pelo ISEG, concluiu o MBA em Finanças na UCP, e, mais uma vez, viu-se desafiada pela ambição. Aos 28 anos entrava para um recém-chegado banco de investimento com o convite de “criar e gerir a área de gestão de patrimónios” enquanto estava grávida da sua primeira filha.

Tânia confessa que equilibrar a vida pessoal e profissional foi um “verdadeiro malabarismo”, mas a força da determinação, o planeamento cuidadoso e a organização eficiente foram cruciais para o equilíbrio. A sua equipa da altura, competente e capaz de atender às tarefas delegadas, foi, no final, o apoio que precisava para garantir o funcionamento sem constrangimentos durante a licença de maternidade.

Ainda assim, apesar de todas as provas dadas, foi no lugar de CFO e Board Member do grupo PDM que sentiu a maior dificuldade para conquistar a confiança e o respeito dos seus pares, dos seus colegas e da sua equipa. Assumir o cargo de CFO num ambiente predominantemente masculino e com uma formação-base muito diferente da sua representou um desafio adicional. Precisou de se esforçar, mais uma vez, para mostrar as suas competências e ser ouvida, mas superar estas barreiras valeu a pena porque, desta forma, sente que conseguiu abrir caminho para outras mulheres e mostrar que a capacidade de liderança não está limitada pelo género.

A par da orientação dos mentores, coaches e colegas de confiança, o autoconhecimento deu-lhe uma visão clara do seu profissionalismo e competências, de forma a “superar estereótipos de género e estabelecer a autoridade como líder”, reflete.

Da mesma forma que o primeiro passo no coaching surgiu pela necessidade de se encontrar, ganhar confiança e aperfeiçoar as suas competências de liderança, a criação da In2grow, a sua empresa de mentoria e coaching, nasceu do “impacto positivo que esta abordagem pode ter no desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas”, diz. Para Tânia, o coaching é uma ferramenta poderosa para ajudar os profissionais a identificarem os seus objetivos e a superarem os obstáculos, mas admite que a sua experiência e formação também foram determinantes para o sucesso do seu negócio.

Enquanto coach, o seu objetivo é apoiar os seus clientes, de forma personalizada, em todas as áreas da vida, de forma a promover o equilíbrio entre a parte profissional e pessoal, das pessoas com quem trabalha. Desde 2021 que apoia pessoas no âmbito pessoal, através de formações e consultoria, para trabalhar o crescimento pessoal e profissional e, no âmbito organizacional, através de consultoria estratégica e coaching organizacional.

O seu objetivo é tornar a In2grow num espaço de excelência e inovação e já tem um plano delineado para o futuro. Para além dos programas de coaching personalizados, adaptados às necessidades individuais dos seus clientes, investe também em parcerias para expandir a oferta de serviços. Prefere uma abordagem colaborativa e, por isso, pretende unir profissionais de várias áreas para proporcionar a experiência completa aos seus clientes.

“ACREDITO QUE A COMBINAÇÃO ENTRE EXPERTISE HUMANA E TECNOLOGIA AVANÇADA PODE TRAZER RESULTADOS AINDA MAIS IMPACTANTES E EFICAZES”

Mas esta experiência integrada que almeja oferecer só fica completa se for possível adicionar valor de outras formas. Então, o objetivo a médio prazo é lançar programas inovadores que se adaptem à constante necessidade de evolução dos seus clientes, o que torna a criação de ferramentas de autocoaching online um plano cada vez mais próximo.

Confiante de que a tecnologia pode oferecer resultados “mais impactantes e eficazes”, também não descura a ideia de integrar a inteligência artificial na sua plataforma e na sua abordagem.

Quanto às perspetivas para o futuro, pretende chegar a mais pessoas e organizações. Tem planos para expandir a presença da In2grow no estrangeiro, explorar mercados emergentes, impulsionar empreendimentos inovadores, envolver se em programas de incubação e investir em startups de diferentes partes do mundo.

E, dado o seu historial, de colaboração, voluntariado e promoção de iniciativas de responsabilidade social e de apoio a ONG, quer continuar a contribuir para a comunidade pois “estas experiências também me ajudaram a desenvolver competências de comunicação, trabalho em equipa e empatia. Aprendi a ouvir atentamente, a ser sensível às necessidades dos outros e a procurar soluções colaborativas para os desafios enfrentados pelas comunidades em que atuei”, afirma.

“Para serem lideres de sucesso, é essencial que as mulheres comecem por identificar os seus pontos fortes, substituíam as suas crenças limitantes por outras impulsionadoras e que se foquem nas suas competências únicas, que construam uma rede de contatos sólida e que sejam genuínas.”

Para esta líder, é fundamental que as mulheres mantenham a sua identidade e que sejam genuínas em todas as áreas das suas vidas, incluindo no ambiente profissional e de liderança. Quando são confrontadas com expectativas e estereótipos sociais, não se devem conformar com esses padrões e devem tomar as suas decisões com base naquilo que acreditam e não de acordo com o que é considerado “apropriado” para as mulheres em posições de liderança.

É importante que se sintam confiantes e que expressem as suas opiniões, assumam riscos calculados e liderem com empatia. Além disso, é fundamental criar um ambiente inclusivo e diversificado, onde todos tenham a oportunidade de crescer e prosperar.

Tânia defende que as mulheres devem confiar no seu potencial e não podem ter medo de perseguir os seus sonhos. Cada uma possui competências únicas para oferecer e pode ter um impacto significativo nos outros, nas organizações e nas comunidades, “Invistam no desenvolvimento pessoal e profissional e construam uma rede de apoio, procurem mentores e inspirem- se noutras pessoas que tenham como referência. Lembrem-se de que o sucesso é uma jornada contínua e não um destino final, portanto, aproveitem cada passo do caminho e nunca deixem de aprender e crescer. É muito importante que continuem fiéis à vossa identidade e ajam de acordo com os vossos valores e personalidade única”, remata.

Como refere, as mulheres devem ser genuínas sem serem inflexíveis ou intransigentes. É fundamental que se adaptem a diferentes situações e contextos, mantendo a sua integridade e valores fundamentais, e nunca se esqueçam:

“Metade do mundo são mulheres. A outra metade, os filhos delas” — Efu Nyaki.