1- Quais são as características indispensáveis a uma boa marketeer?
Na minha opinião uma boa marketeer tem de ter as mesmas caraterísticas que
qualquer bom profissional nos dias de hoje, já que temos todos de entregar valor e
criar diferenciação de forma rápida num contexto incerto e em permanente mudança.
Destacaria assim 3 principais skills fundamentais:
1) Foco: Saber priorizar e escolher bem os projetos ou investimentos que valem
efetivamente a pena e saber deixar cair os que não acrescentam verdadeiro valor.
2) Motivação: manter os níveis de energia positiva certos mesmo quando a tarefa ou
a decisão não é exatamente a que nós gostamos ou a que tomaríamos. Conseguir
auto-motivação e energização mesmo em contextos controversos, são
características que podem fazer uma diferença enorme em momentos cruciais nas
organizações.
3) Empatia: E como nada se faz sem pessoas, a terceira característica que destacaria
é o ser empático e estar ao serviço das pessoas com quem trabalhamos. É
fundamental conseguirmos pôr-nos nos pés dos outros e perceber as expetativas
de cada um. Desta forma, estaremos todos mais envolvidos numa causa ou missão
concreta.
2- O que é que precisa de mudar para que uma mulher em posição de destaque deixe de ser notícia?
Para tal seria necessário que o género não fizesse mesmo diferença para se alcançar
essa posição de destaque. Falamos muito em inclusão e diversidade, mas enquanto
que a diversidade no mundo é um facto, a inclusão é um ato ou dever que ainda não
está generalizado, infelizmente. Todos nós temos preconceitos ainda por trabalhar,
incutidos por anos de cultura enraizada que penso que só serão ultrapassados quando
for absolutamente banal não haver exclusões por qualquer fator físico, crença ou
escolha mais pessoal. Nessa altura, uma mulher em posição de destaque deixará
também de ser notícia.
3- Diriam que um homem, para chegar onde vocês se encontram hoje, teria de fazer os mesmos sacrifícios?
Gosto de acreditar que sim, que já estamos mais modernos e que já não há tantas
diferenças na tipologia de esforços que temos de fazer, homens e mulheres, para
alcançar posições de liderança em grandes organizações. No entanto, acho que apesar
de existir uma enorme melhoria na verdadeira partilha de responsabilidades
familiares, ainda não estamos todos no mesmo ponto de equilíbrio da balança. As
mulheres têm ainda o peso das ausências por maternidade para gerir e um maior peso
de responsabilidade na gestão família/trabalho.
4- Numa sociedade onde os homens ocupam a maior parte dos cargos de destaque, uma mulher líder sente mais pressão em fazer um bom trabalho?
Sinto que, pelo menos, temos a pressão para conseguir ter voz num “clube” onde
estão muitos homens. É preciso treinarmo-nos para conseguirmos ter as
características que estes homens valorizam já que, na maior parte dos casos, são
nossos líderes. Trabalhar a subjetividade e não tratar tantos temas simultaneamente,
ser diretas e frontais, não ter medo de dizer “não” e enfrentar o sexo oposto com
opiniões diferentes (só se necessário, claro) e, sempre, com grande determinação.
Adicionalmente, há ainda (infelizmente) uma diferença para conseguirmos os mesmos
direitos que já não deveria existir. Sente-se, ainda, pressão para fazer mais e melhor
de modo a conseguir alcançar algo que pode efetivamente ser mais fácil para o sexo
oposto. No entanto, há mudanças a acontecer, e mesmo que muitas destas mudanças
tenham surgido por obrigatoriedade nas organizações, não perdem relevância por
isso, na minha perspetiva.
5- Que conselho dariam a uma mulher em início de carreira, com o desejo de alcançar uma posição de destaque na área do marketing?
Acho que o melhor conselho (e também o daria a um homem da mesma forma) é
manter-se determinada nos seus objetivos e sempre de mente aberta para
experimentar e aprender, mesmo que isso implique errar e recomeçar. E quando for
para retomar a missão, fazê-lo com a mesma energia inicial. Se percebermos que o
erro faz parte da aprendizagem não nos desmotivaremos e evoluiremos sempre.