É licenciada, mestre, doutora e conta ainda com uma pós-graduação. Desempenha
funções como professora adjunta em duas instituições e, como se não bastasse, ainda arranja espaço na agenda para ser Managing Partner da SWAIFOR e coordenadora do Well-Being Group da Associação Portuguesa de Gestão de Pessoas. Parece mentira, mas é apenas a vida de Daniela Lima, a de uma mulher que sempre procurou o que vem depois de se alcançar a meta.
Há já há quase duas décadas que o rosto de Daniela Lima tem estado associado à área da Segurança e Saúde no Trabalho, tanto a nível nacional como internacional. Mas até chegar a esse ponto, houve um percurso a ser percorrido.
A jornada de Daniela tem o seu ponto de partida na faculdade, quando optou pela licenciatura em Gestão de Recursos Humanos. Tornou-se mestre na mesma área e, mais tarde, doutora em Ciências Sociais, com especialização em Comportamento Organizacional. Realizou ainda uma pós-graduação em Segurança e Saúde no Trabalho, pois sempre acreditou que os estudos proporcionam “uma base sólida de conhecimentos teóricos e práticos, […] essencial para compreender os complexos desafios do ambiente de trabalho, desde as questões relacionadas com as pessoas até à segurança e ao comportamento organizacional”.
Quando Daniela Lima deu as primeiras passadas no seu percurso profissional, as metas que almejava refletiam principalmente o desejo de se destacar na área de Segurança e Saúde no Trabalho, e ser uma especialista nas áreas de Well-Being Organizacional e Comportamento Organizacional. Com o passar do tempo, estes objetivos foram evoluindo à medida que adquiriu experiência e compreensão mais aprofundada sobre os desafios organizacionais. “O foco inicial em destacar-me individualmente transformou-se numa ambição mais ampla de contribuir para organizações como um todo”, conta Daniela.
Atualmente, a sua meta profissional concentra-se em ajudar o maior número de organizações possível a cuidarem das suas pessoas. Uma coisa levou à outra, e quando Daniela se apercebeu, estava novamente numa sala de aulas, mas desta vez, no lado oposto. Tornou-se Professora Adjunta Convidada no Instituo Politécnico de Setúbal e na Universidade Europeia, e admite ter sido uma “decisão consciente e motivada por várias razões”. Desde cedo, Daniela nutria uma paixão pelo conhecimento e pela partilha de experiências, e durante a sua carreira profissional na área de Segurança e Saúde no Trabalho, percebeu “a importância de transmitir conhecimentos e orientar os futuros profissionais neste campo”. Para si, ensinar permite-lhe não apenas partilhar a sua experiência, mas também “aprender com os estudantes que trazem perspetivas e ideias únicas para a sala de aula”. Acredita no poder da educação para moldar mentes e influenciar positivamente o futuro. Portanto, embora o ensino académico não fosse uma aspiração inicial, revelou-se uma “escolha recompensadora e alinhada” com a sua “visão de contribuir para a formação de profissionais qualificados e conscientes”. Além das técnicas e teorias específicas, Daniela tenta transmitir aos seus alunos uma série de valores fundamentais, visando a construção de uma base sólida para uma carreira bem sucedida e satisfatória. Destaca a importância da resiliência e da perseverança, da empatia e de agir com integridade e ética, encorajando os alunos a serem autênticos e verdadeiros consigo mesmos.
“Ver o impacto positivo das estratégias implementadas nas organizações, não apenas em termos de sucesso empresarial, mas também no bem-estar dos colaboradores, é gratificante e contribui para o meu sentido de realização.”
Desde 2005, Daniela Lima é Managing Partner da SWAIFOR, atuando como consultora na área da Segurança e Saúde no Trabalho, especialista em Fatores Humanos e Comportamento Organizacional e consultora na área do Well-Being Organizacional.
A empresa nasceu com o intuito de oferecer serviços que vão além do tradicional enfoque em segurança no trabalho, procurando dar resposta à crescente necessidade no mercado por soluções abrangentes e especializadas. A SWAIFOR fornece soluções holísticas que contemplam desde a identificação e mitigação de riscos físicos no ambiente de trabalho até a promoção de um ambiente organizacional, que fomente o bem-estar emocional e a satisfação dos colaboradores.
“o Well-Being Organizacional vai além de práticas superficiais, como a distribuição de cabazes de frutas, a oferta de aulas de yoga ou salas de jogos”
A empresa atua com o propósito de criar ambientes de trabalho “verdadeiramente saudáveis, sem toxicidade e com uma cultura sustentável de well-being incorporada no ADN da organização”. Para alcançar este objetivo, a consultora foca-se em quatro dimensões essenciais do Well-Being Organizacional: saúde mental, saúde física, saúde social e saúde financeira dos colaboradores.
Para Daniela Lima, orientar o empresário e a empresa rumo à liderança impulsiona o seu próprio crescimento pessoal e propósito de vida. “Ver o impacto positivo das estratégias implementadas nas organizações, não apenas em termos de sucesso empresarial, mas também no bem-estar dos colaboradores, é gratificante e contribui para o meu sentido de realização”, comenta. Trabalhar com diversas empresas em diferentes setores e contextos desafia a líder continuamente a aprender e a adaptar-se. Consequentemente, valoriza ainda os relacionamentos significativos que são criados através do trabalho, inspirando-a a cultivar uma abordagem mais empática e compreensiva em todos os aspetos da vida.
Daniela coordena ainda o Grupo Português de Well-being na APG. Segundo a mesma, este cargo permite que esteja atualizada sobre as tendências e as melhores práticas em Well-Being Organizacional em Portugal.
“A interação com profissionais e a partilha de conhecimentos neste contexto ampliam a minha compreensão das necessidades e desafios específicos enfrentados pelas organizações no país”
Um dos maiores desafios da carreira profissional de Daniela foi convencer os líderes decisores das grandes empresas sobre a importância do Well-Being Organizacional. “Demonstrar que o investimento no bem-estar dos colaboradores não apenas melhora a cultura organizacional, mas também tem impactos tangíveis nos resultados financeiros, foi um desafio significativo”, explica.
De modo a superar esse obstáculo, foi necessário apresentar dados e estudos que destacam a correlação entre o Well-Being dos colaboradores, a produtividade e a retenção de talentos, bem como casos de sucesso de empresas que adotaram estratégias desse tipo. “Contribuir para a mudança de perceção sobre o Well-Being Organizacional e demonstrar como os colaboradores satisfeitos podem impulsionar o sucesso da empresa tem sido uma jornada gratificante, mesmo que desafiadora”, confessa Daniela.
Daniela Lima vai estar presente no congresso de Recursos Humanos, dia 10 de abril, em Lisboa. Encara esta participação como algo de grande importância para a promoção do Well-Being nas organizações, visto que “este tipo de eventos oferece uma plataforma crucial para a partilha de experiências, melhores práticas e aprendizados entre profissionais, líderes e especialistas em Recursos Humanos”. A líder destaca ainda o ambiente propício para networking que o congresso concede, de onde podem resultar parcerias estratégicas e colaborações.
Além do percurso profissional, Daniela preza muito a vida pessoal e “o equilíbrio entre ambos os mundos”. “A minha família desempenha um papel crucial nesse equilíbrio, e ao longo dos anos aprendi o valor de cultivar relacionamentos significativos e dedicar tempo autocuidado. Este equilíbrio não só contribui para o meu bem-estar pessoal, mas também me permite desempenhar as minhas funções profissionais com maior eficácia e paixão”, admite.
Infelizmente, é comum que mulheres em cargos de liderança sejam questionadas pelas suas competências de liderar nestas posições. “É verdade que estes comportamentos servem muitas vezes para nos colocar em causa e impedirem a nossa progressão. Mas, como em qualquer situação ‘o que não nos mata, fortalece-nos’”, afirma Daniel Lima.
Atualmente, as empresas estão a trabalhar para criar ambientes mais inclusivos, de modo a combater a discriminação de género. A consultora afirma firmemente que a diversidade, incluindo a igualdade de género, é crucial para o sucesso em qualquer sociedade e ambiente profissional. “A minha experiência na liderança de vários projetos simultâneos como mulher é uma demonstração prática de que as mulheres têm o potencial, as habilidades e a competência para alcançar o sucesso profissional em qualquer campo”, assegura. No entanto, Daniela reconhece que ainda há muito a ser feito. Conta que, o exemplo de liderança que procura estabelecer “é um lembrete constante de que as mulheres podem ocupar papéis de destaque e contribuir de maneira significativa para o sucesso organizacional”. Sublinha ainda considerar fulcral “continuar a promover ambientes de trabalho inclusivos, eliminar preconceitos de género e apoiar o desenvolvimento profissional das mulheres”.
Pela ótica de Daniela Lima, uma líder perfeita “seria alguém que demonstra uma combinação equilibrada de competências técnicas e emocionais, capaz de inspirar e motivar os outros a alcançarem o seu potencial máximo”. Além disso, “uma líder perfeita seria empática, capaz de entender as necessidades e preocupações dos seus colaboradores”. Daniela destaca ainda outros atributos, como resiliência, determinação, justiça, ética e flexibilidade. No entanto, ressalta que “não existem líderes perfeitos, em vez disso, existem líderes capazes de aceitar a falha e o erro, dispostos a aprender com eles e a fazer o melhor pelas suas pessoas.”
Nas palavras de Daniela, a capacidade para liderar, embora possa ser aprendida e desenvolvida através de treino, também pode ser inata. Na verdade, a líder considera-se uma dessas pessoas.
Daniela Lima é mãe, esposa, filha, amiga, Managing Partner, professora, investigadora e assegura de forma convicta que “ser mulher não diminui a nossa capacidade de ter sucesso, intensifica-a”. Ao ultrapassar problemas diariamente, tanto a nível profissional como pessoal, diz ter aprendido que “a verdadeira liderança vai para lá da conquista de objetivos profissionais”.