Campanha “Minuto de Igualdade” por Teresa Fragoso
A CIG – Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género lançou este ano, a campanha “Minuto de Igualdade” assente em 4 spots de 1 minuto com o objetivo de sensibilizar a população para as desigualdades entre mulheres e homens que ainda persistem no nosso país. Os vídeos, que passaram nos canais da FOX e no Canal Q, e continuam a ser partilhados através do nosso Facebook, procuram dar visibilidade a questões fundamentais como o Assédio Sexual no Local de Trabalho, a Desigualdade Salarial, a Partilha das Licenças Parentais e das Tarefas Domésticas.
Os dados divulgados são baseados em estudos financiados pelos EEA Grants – do qual a CIG é Operadora de Programa para a Área da Conciliação e Igualdade de Género. Quisemos destacar a importância dos números para se perceber a dimensão real das assimetrias de género que ainda persistem nos dias de hoje, e assim se compreender o caminho que, ainda, há a percorrer para a igualdade entre mulheres e homens em Portugal e no mundo.
Quisemos, em primeiro lugar, dar voz ao tema do assédio sexual porque entendemos que é muito importante não só quebrar o silêncio mas, também, promover uma maior consciência de toda a comunidade acerca deste flagelo. O assédio sexual no local de trabalho tem vários contornos, mas acima de tudo caracteriza-se por ser um assunto tabu, do qual as vítimas têm vergonha de falar, e as que ousam fazê-lo são muitas vezes acusadas de terem responsabilidade sobre o crime de que foram vítimas, ora pela forma como se vestem, ora por trabalharem em áreas maioritariamente ocupadas por homens. Este crime reflete as assimetrias de poder relacionadas com as questões de género sendo, por isso, as suas vítimas maioritariamente mulheres e os agressores maioritariamente homens.
Em relação à parentalidade, a partilha equitativa das licenças entre mães e pais é um passo decisivo para um maior desenvolvimento económico, social e humano. Contudo, é fundamental que mulheres e homens partilhem de forma equilibrada os seus direitos e as suas responsabilidades, na esfera privada e na esfera pública. Para tal, a partilha do trabalho doméstico e do cuidado deve ser valorizada e justamente reconhecida.
No que concerne ao mercado de trabalho e à desigualdade salarial, as mulheres ainda auferem uma menor remuneração do que os homens, no entanto, a recente lei que promove a igualdade entre mulheres e homens por trabalho igual ou de valor igual e que tem o objetivo de «corrigir a situação de desvantagem generalizada e estrutural das mulheres no mercado de trabalho em matéria de remunerações», faz-nos acreditar que vale a pena lutar, todos os dias, por uma sociedade mais justa e mais igual!
Por último, a campanha “Minuto de Igualdade” pretende chamar a atenção para as diferentes formas como mulheres e homens fazem “uso do tempo”. As mulheres são ainda quem tem as maiores responsabilidades ao nível dos cuidados familiares e das tarefas domésticas, trabalho que tem um peso significativo na economia do país, mas que não é remunerado e, portanto, é menos valorizado socialmente.
Esta campanha, como muitas outras que a CIG tem vindo a desenvolver ao longo dos seus já 40 anos de trabalho, enquadra-se na nossa missão enquanto organismo público responsável pela promoção e defesa da igualdade entre mulheres e homens, procurando responder às profundas alterações sociais e políticas da sociedade em matéria de cidadania e igualdade de género.
Em suma, a CIG, alicerçada na transparência e no dever de serviço do público, tem vindo a fazer uma aposta inequívoca na partilha de informação e conhecimento em formato acessível a todas e a todos, sem deixar de sublinhar as muitas conquistas que temos alcançado, mas com a noção clara de que ainda há muito por fazer, e que todas e todos somos necessários para trilhar este caminho… até à Igualdade!