O orgulho de liderar uma equipa exclusivamente feminina

Isabel Matos entrou, há 23 anos, para o departamento de marketing do Crédito Agrícola e hoje é diretora de comunicação e relações institucionais. É na área da banca que se sente realizada e é no Crédito Agrícola que encontra um ambiente estratégico, criativo, inovador, sustentável e promotor de responsabilidade social.

Isabel Matos licenciou-se em Sociologia e especializou-se em Sociologia do Trabalho, tendo como ambição futura trabalhar na área de Recursos Humanos. O que a atraía era o seu fator principal: as pessoas. No entanto, a vida dá voltas e Isabel começou o seu percurso profissional no departamento de marketing do BCI (Banco de Comércio e Indústrias), o atual Banco Santander. Ao fim de dez anos, aceitou também fazer parte do departamento de Marketing do Crédito Agrícola.

Isabel assume que foi uma boa decisão, uma vez que reconhece ao banco a sua “constante valorização de competências, pensamento estratégico, dimensão criativa, cultura de inovação e compromisso sustentável”. Mais tarde, é promovida a diretora de comunicação e relações institucionais, cargo que exerce até hoje. É aqui que tem a possibilidade de liderar uma equipa exclusivamente feminina, da qual se orgulha. É a partir da sua equipa que Isabel pode demonstrar que a ideia de “muita mulher junta não dá bom resultado” está errada.

A líder considera que a sociologia está presente no desempenho das funções que acarreta atualmente, uma vez que envolve pessoas:

“A circunstância de estar em permanente contacto com as pessoas de uma instituição nos seus diferentes patamares de responsabilidade, a relevância de causas como a diversidade e a igualdade de género, a minha missão, entre outros aspetos…”

A diretora de comunicação e relações institucionais afirma que existe uma afinidade natural entre a sociologia e o marketing e a comunicação. Isto porque, durante o seu percurso profissional, Isabel já identificou e teve de lidar com o fator comportamental das pessoas e as suas relações sociais. A formação em Sociologia trouxe-lhe uma capacidade de valorização e outras formas de atuação, no momento de definição de estratégias de marketing ou de comunicação — Isabel revela que existe uma maior atenção à abrangência e impacto dessas estratégias.

As pessoas são sempre o principal foco de Isabel e, consecutivamente, do Crédito Agrícola. O banco acaba por se diferenciar das outras empresas do setor pelo seu fator de proximidade, que provém também do facto de serem um banco cooperativo (único em Portugal) – esta designação significa que o CA (Crédito Agrícola) é constituído é por 72 Caixas e seus associados, tendo a maior rede de agências, o que lhe permite uma boa atuação no desenvolvimento socioeconómico das regiões onde se encontra, principalmente no interior do país. O Crédito Agrícola tem na sua essência um foco na vertente regional e agrícola, mas a sua oferta está aberta a todos os setores, o que acaba por dar ainda mais relevância à proximidade: um fator que gera confiança, tanto na instituição, como no grupo financeiro e na sua marca. Isabel confessa que este fator é essencial para conseguir prosperar num pós-pandemia e numa altura de imprevisibilidade económica e financeira.

A líder afirma que o trabalho que desenvolvem no CA é marcado por vários projetos e desafios complexos, mas o que mais se destacou até agora foi a “uniformização da imagem das caixas de crédito agrícola”, que passaram a ser comunicadas simplesmente como Crédito Agrícola, o nome do grupo financeiro. Este projeto envolveu várias entidades e foi considerado um dos mais desafiantes, tendo de desenvolver uma comunicação que se adequasse a todas caixas da marca.

Para Isabel, a aptidão de comunicar, independentemente do que seja, não pode vir só da vocação.

“A vocação será sempre inconsequente se não combinar com devoção, entrega e desejo de aprender – aprender mais, aprender muito, aprender sempre”

Apesar de Isabel já se encontrar a trabalhar no CA há 23 anos, afirma que ainda quer aprender mais e fazer mais, ultrapassando todos os desafios que surgem diariamente. Destaca-se a palavra todos, uma vez que tenta sempre resolver qualquer pedido que lhe é feito, mesmo que não seja possível no imediato.

A profissional de comunicação e marketing considera que uma boa comunicadora deve ser verdadeira, saber explicar-se com clareza, ter uma capacidade de adaptação a qualquer circunstância, conseguir compreender rapidamente o que lhe é transmitido e ter determinado conhecimento técnico.

Para juntar a estas competências, Isabel afirma que uma mulher que tenha o desejo de alcançar uma posição de destaque na área da comunicação e do marketing deve ter em conta os fatores responsabilidade, rigor e criatividade. Para além disso, deve estar alinhada com o espírito de equipa, a cultura e os valores da instituição em que está a trabalhar. Uma “comunicação honesta e transparente e o respeito pelas pessoas (tanto para com os colaboradores como para com o cliente)” também é essencial estar presente nos valores da profissional.

Para Isabel, a perfeição é uma utopia, o que a leva a não acreditar em líderes perfeitos. Contudo, considera que uma boa líder tem de saber “ouvir, aceitar e entender as pessoas que formam a equipa. E isso tem a ver com capacidade de desconcentrar, delegar, partilhar e acolher.”

A líder ainda acrescenta que não se deve abraçar só as boas ideias, mas também as críticas e as sugestões. Isabel vê, desta forma, equipa coesa e um ambiente de confiança.

Estando a comemorar o Dia Internacional da Mulher, Isabel afirma que a igualdade de género ainda tem um grande caminho a percorrer e não pode ser vista como um propósito:

“Tem de ser um compromisso natural e sem concessões.”

E esta naturalidade tem de vir das empresas, demonstrando que já não tomam decisões com base em diferenças de género. Isabel reconhece que já se verificam algumas mudanças que permitem colocar lado a lado um homem e uma mulher, mas ainda muito falta ser feito.