Paula Carvalho gere a sua própria agência de comunicação, a Suit PR, onde é PR tailor & cliente manager. A equipa da agência é constituída por alfaiates de comunicação que fazem cada plano/proposta à medida do cliente. A CEO é apaixonada pelo que faz e fala- nos deste percurso ainda em construção.
Desde muito nova que Paula Carvalho tem interesse em comunicação, principalmente na sua vertente mais criativa. “Em miúda, adorava ver anúncios e esta parte da gestão das marcas — como comunicam e como contam as suas histórias — sempre me fascinou”, confessa.
Como sempre soube o que queria, Paula licenciou-se em Relações Públicas e Publicidade e, ao mesmo tempo, estagiou no departamento de relações públicas do Studio 8A. Depois de terminar a formação, a profissional de comunicação teve a oportunidade de estagiar no Grupo GCI: “foi a minha grande escola”, afirma. Paula recorda que trabalhou com “pessoas incríveis”, com quem aprendeu muito, referindo-se tanto a colegas como a clientes. A atual empreendedora ficou na agência durante seis anos, tendo chegado ao cargo de senior client executive”.
Para além da comunicação, Paula tem uma grande paixão por Teatro e refere que teve uma grande sorte de sempre ter conseguido conciliar o seu trabalho na GCI com a arte performativa. Durante muitos anos, a comunicadora fez parte do grupo de teatro amador “O Intervalo Grupo de Teatro” em Linda-a-velha. Contudo, em 2012, o seu contexto profissional e pessoal começou a passar por uma grande transformação: Paula engravidou e, ao mesmo tempo, começaram a surgir oportunidades para “trabalhar em projetos que uniam o amor e a paixão”, ou seja, a comunicação e a produção de teatro.
É nesta altura que começa a surgir a ideia de criar o seu próprio negócio, tendo falado com contabilistas, amigos que trabalhavam a partir de casa e freelancers. É assim que, no primeiro mês de 2013, Paula começa o seu projeto e pode- -se dizer que passou ali pelo seu maior desafio profissional. Não só por ter de começar a trabalhar sozinha, sem qualquer apoio por trás, mas também por ter de ser mãe e tinha-o sido há pouco tempo — a filha Margarida nasceu um mês antes de Paula dar início a este projeto.
“Foi uma enorme aprendizagem, porque era tudo novo. Mas valeu cada segundo!”
O mais caricato é que Paula não pensava nem queria ter um negócio próprio, uma vez que cresceu nesse meio e via as dores de cabeça que o mesmo provocava aos seus pais.
Contudo, naquele momento da sua vida, fez-lhe sentido e decidiu arriscar. Inicialmente a ideia nem estava em ter uma agência, mas sim em criar um projeto de freelancer na área do teatro e da comunicação de marcas e empresas mais pequenas. “Não tinha planos de ter uma agência. Ia, simplesmente, abraçar uma nova fase, muito ligada à parte de teatro”, confessa, referindo que nem nome quis dar à empresa, porque não a via como tal.
Mas a vida dá voltas e a profissional de comunicação viu o seu “projeto de freelancer” a crescer, surgindo cada vez mais oportunidades. O negócio começou a fluir naturalmente, sem que a mesma se apercebesse e “aqui estamos nós, de braços abertos e mangas arregaçadas”, acrescenta. Nos primeiros anos, o projeto tinha o nome de PCarvalho Comunicação e só em 2019 é que agência surge como Suit PR.
Paula Carvalho olha para todo este caminho com orgulho e considera que só chegou onde está hoje por ter tido um grande espírito de entrega ao negócio. Afirma que “vamos passando por todas as funções até conseguirmos crescer e ir formando uma equipa”. Para além dos pais, o irmão também é empreendedor e tem o seu próprio estúdio de treino. Ele costuma dizer que é CEO, personal trainer e responsável das limpezas. Paula vê nele um grande exemplo e, por isso, para além de ser a CEO da Suit PR, é “PR tailor & cliente manager” da agência. Hoje, a empresa já conta com uma grande equipa, o que torna “a carga mais leve e o caminho mais divertido”, afirma. Mas isso não significou, para Paula, que tivesse de deixar determinadas funções de lado – a comunicadora trata da gestão financeira, da equipa, dos clientes e ainda acarreta funções de “account”, porque é isso que adora fazer.
A CEO partilhou connosco as três máximas da agência e que, para todos os que trabalham lá, são fundamentais. A primeira baseia-se em só aceitar clientes e projetos em que realmente acreditam, para que os “jornalistas e influenciadores sintam de nós essa paixão”, explica. A segunda foca-se em fazer cada proposta à medida de cada cliente, tornando-a única. É com base neste lema que foi desenvolvido o nome da agência – suit significa fato em português e um bom fato é o feito à medida do cliente. Quem o faz é um alfaiate, ou seja, a Suit PR é constituída por alfaiates da comunicação, em que o nome do cargo de cada colaborador tem sempre “tailor”. O objetivo passa por não aplicar as mesmas soluções a todas as marcas, definindo cada proposta de acordo com o orçamento, as necessidades, os objetivos do cliente e a personalidade da sua marca. É assim que conseguem marcar pela diferença.
Por último, a terceira máxima não se aplica aos clientes, mas sim à equipa. É regra geral respeitar as 8 horas de trabalho, em que Paula transmite a ideia de que não quer que os seus colaboradores trabalhem mais horas e possam ir descansar sem se sentirem culpados. Existem algumas exceções à regra, sendo um exemplo eventos fora de horas, mas, tirando isso, a agência tenta que não seja algo recorrente.
“É quase cultural, em Portugal, a pressão para trabalhar mais do que as 8 horas diárias; e isso é algo que não quero que aconteça”
Paula não considera a Suit PR líder em comunicação e na solução de estratégias para aumentar a notoriedade das empresas, olhando para estas duas valências como o seu
core business. Mais uma vez, relembra que a sua equipa é o grande motivo do sucesso da agência e o que a faz diferenciar da concorrência. Isto porque cada uma dos colaboradores tem várias valências e um percurso profissional único, com “formações complementares em áreas tão distintas como o improviso ou a comédia”, acrescenta. Paula Carvalho, que também é apaixonada por teatro, tentou constituir a sua equipa com pessoas que também tivessem uma paixão noutra área, trazendo o seu conhecimento adicional para o trabalho. Paula acredita que esse é o motivo de as suas “propostas e ideias não serem tão formatadas e mais ́fora da caixa ́”.
A líder ainda se sente no início da sua carreira — “ ́Só ́ tenho 20 anos de carreira”, brinca —, uma vez que ainda tem muitas ambições e, para tais, ainda há um longo caminho a percorrer. Este não deixa de o ser feito na área da comunicação e acompanhada com a sua agência Suit PR. Paula acredita que ainda vão surgir novos desafios e parcerias, confessando que a agência tem crescido muito com os seus clientes, em que estes “nos desafiam, tiram-nos da sua zona de conforto e motivam-nos a fazer mais e melhor”. O destaque a uma líder é dado, cada vez mais, pelo seu percurso e mérito. Uma mulher em posição de destaque ainda é considerada notícia e, para Paula Carvalho, isso não é mau desde que o seja feito pelo seu percurso e mérito. A mesma afirma que, felizmente, a maioria das notícias já se focam nestes dois aspetos e não no facto de ser mulher. “A meu ver, a forma como contamos a história também ajuda a mudar mentalidades!”, afirma. Contudo, ainda há determinadas áreas onde uma mulher chegar a um cargo de chefia é algo extraordinário, mas só por ser mulher.
Já no seu trabalho, Paula refere que nunca teve de provar o seu valor por ser uma mulher num cargo de liderança, seja a clientes, parceiros ou à própria empresa. Contudo, tem consciência de que nem todas as empresas são iguais e isso poderá acontecer em algumas. Isto não quer dizer que um cargo de liderança não traga pressão, uma vez que a equipa procura no líder as respostas e espera que ele tenha sucesso nas mesmas, mas isso é independente de ser “homem, mulher, português, estrangeiro, novos ou mais experiente”, acrescenta.
Para Paula, uma mulher pode ser uma líder de sucesso da mesma forma que um homem, ou seja, seguindo os mesmos princípios: “dedicada, honesta com a equipa, apaixonada, respeitadora, trabalhadora, mantendo sempre a mente aberta e estando disponível para aprender e, o mais importante, a liderar pelo exemplo”. Para além disso, é essencial gostar do que se faz.
A líder afirma que vê, cada vez mais, mulheres em cargos de chefia nas empresas e que, por isso, já se verifica uma evolução na luta pela igualdade de oportunidades no trabalho para homens e mulheres. Uma das áreas profissionais que estão mais atrasadas nesta evolução é a política, em que, no caso português, só 38,7% representam os assentos parlamentares, considerando que ainda existe uma quota mínima de género de 40%. Contudo, a líder considera que, se a nível empresarial já houve mudanças, não vai faltar muito para que a nível político também haja.
Paula entende que estas mudanças levam o seu tempo. “Há muitas mulheres incríveis neste país capazes de ser o rosto dessa mudança e acredito que seja apenas uma questão de tempo… e do interesse delas!”
A CEO deixa uma mensagem para as mulheres que pretendem ser líderes ou criar o seu próprio negócio:
“Tenham coragem de lutar por aquilo em que acreditam”
É essencial ouvir quem está à nossa volta, falar com quem tem experiência, procurar por informação, mas, no fim, quem decide o que fazer somos nós. Paula explica que estar à frente de um negócio não é fácil e a mesma vê-o como um filho.
“Eu tenho três filhas: a Margarida, a Diana e a Suit PR”
A comunicadora considera que ser empresária é como ser mãe, em que existem noites mal dormidas, cansaço, uma constante atenção ao crescimento da empresa. Para além de ter de cuidar dela e “alimentá-la”. Mas todo este processo é transformador, aprendendo e crescendo com o próprio negócio e “cada primeiro passo, cada nova gracinha ́ são vitórias que têm um gosto incomparável!”
Para Paula, o segredo para se ser bem-sucedido e fazer valer a pena o negócio que se cria é ser apaixonado por aquilo que se faz e ser um modelo de negócio viável.