POR CRISTINA LEANDRO FARIA “A mente que se abre a uma ideia nova,
jamais voltará ao seu tamanho original” (Einstein).
Parece que, finalmente, a palavra espiritual está a deixar de pertencer aos domínios das religiões e crenças dogmáticas e a passar a ser aceite como um aspeto fundamental de todo o ser humano, assim como os restantes aspetos físicos, mentais e emocionais. Todo o ser humano é mental, emocional, físico e espiritual, o que não significa que tenha que ser religioso. Mas graças à consciência ainda predominante, a crença de que a alma ou a essência do ser é domínio das religiões, ainda é muito forte. Por isso mesmo, o tema “espiritualidade” ainda é olhado com alguma desconfiança ou descrédito, por parte de toda uma sociedade que se diz racional e que, por segurança – do seu ego – assenta os seus pilares em medidas materiais provenientes de princípios Newtonianos, entre outros.
Mas se a era do materialismo científico foi, e é, tão importante para o nosso desenvolvimento e conforto, primeiro porque permitiu questionar o monoteísmo existente que baseava tudo na fé, criando pontes para que o homem procurasse respostas por si, e, segundo, porque nos trouxe o avanço tecnológico que esteve na base da revolução industrial, porque é que o aspeto “espiritual” passou a ser considerado tabu?
O conceito que está plasmado no inconsciente do ser humano é que a espiritualidade é inimiga da ciência e vice-versa. É como se uns pertencessem a uma equipa de futebol e outros fossem a equipa adversária, quando no fundo a equipa é a mesma, mas cada um tem uma função específica no todo que é o Ser. Mas afinal de contas o que é a Espiritualidade? E porque é tão importante e ao mesmo tempo tão assustadora?
Não é mais nem menos do que o conhecimento profundo sobre nós próprios, ou seja, a consciência do nosso próprio universo. É assustadora porque, ao tomarmos consciência de quem realmente somos, dificilmente conseguiremos continuar a viver ou a aceitar determinados valores ou experiências nas nossas vidas. O despertar da nossa espiritualidade poderá pôr em causa tudo o que aprendemos ou tudo o que julgamos saber, assim como tudo o que nos rodeia. E é óbvio que os nossos aspetos mentais e emocionais não estão preparados para isso, até porque desde há muito que eles são convenientemente formatados para serem seguidores. O despertar da consciência da humanidade irá, com certeza, pôr em causa todos os sistemas de controlo implantados há milénios, e que nós transportamos geração após geração. E isso ainda assusta, principalmente aos controladores, que são os arquétipos, os padrões, os valores que fundamentalmente se alimentam da energia do medo. Se olharmos à sociedade atual, à economia, às finanças, às religiões, à política, facilmente compreenderemos que todas estas áreas estão fundamentadas no pilar da separação, ou seja, existem uns e outros. Expressões como competitividade, concorrência, disputa, ser melhor ou ser pior, são o prato cheio para quem defende que há que “dividir para reinar”, o que por si só é uma ilusão. O que nos leva a um caminho extremamente reativo, ou seja, assistimos hoje a políticas, finanças, planos económicos, relações e práticas religiosas perigosamente emocionais e nada eficientes que nos empurram para o abismo social e humano. Mas acredito que é o caminho necessário para que possamos, finalmente, olhar para o aspeto mais profundo dentro de nós próprios: a nossa essência ou a nossa verdade. Só assim iremos compreender que a separação é uma ilusão!