Com 20 anos de experiência em consultoria, gestão e marketing, decidiu lançar a sua própria empresa, pouco antes do início da pandemia. Sem medo de arriscar, superou todos os desafios ao longo da sua carreira e planeia superar este também. Sílvia conta-nos sobre o seu percurso profissional e como a Giraffe Mission quer criar girafas empresariais, que tenham um impacto positivo no mundo.
Em adolescente, Sílvia era muito curiosa pelo mundo político. “Achava que tinham, nas mãos, a capacidade de fazer a diferença”, relembra. Chegou a ir algumas vezes à Assembleia da República acompanhar debates, discursos e iniciativas, contudo concluiu “que uns falam muito sobre os temas, mas os outros fazem acontecer”. Esses “outros” são, para Sílvia, as empresas que impactam diretamente a sociedade com as suas
mensagens e produtos. Assim, empenhada em também ter impacto e poder decisor, escolheu gestão no ensino superior e, posteriormente à licenciatura, tirou uma pós-graduação em finanças.
Os primeiros anos da sua carreira estiveram muito pautados pelo mundo da consultoria. Em 2005, decidiu embarcar num MBA de Estratégia e Marketing, para refrescar ideias, abrir horizontes e focar-se de novo nos seus sonhos. Foi uma decisão complicada, tanto a nível profissional como pessoal. Nessa altura, Sílvia tentava fazer crescer a sua família e ter o seu primeiro filho. No trabalho, pediram-lhe que adiasse a ideia de seguir o MBA porque estava “em ano de promoção”. “A conjugação desses fatores atrasaria tudo por pelo menos 2 anos. O que me levou à situação inevitável de ter que fazer escolhas. Na altura decidi arriscar – sabia que se ficasse, na essência tudo ficaria na mesma e eu sentia o apelo da mudança.” Investiu assim na formação, para um reposicionamento profissional e seguiu com o seu desafio familiar. “Tive sorte, os astros alinharam-se a meu favor e correu tudo bem!”, revela.
Há momentos na vida em que é necessário arriscar e Sílvia já provou que não tem medo de o fazer. Em Fevereiro de 2020, criou a sua própria empresa – a Giraffe Mission. E porquê uma Girafa? “A Girafa é dos animais mais únicos e distintivos do mundo animal!”, responde a CEO. “É um animal marcante, com um conjunto de características únicas, que todos reconhecem facilmente, que fascina toda a gente e que não deixa uma pegada negativa no mundo. Pelo contrário, a Girafa cria sinergias com as espécies à sua volta, tanto animais como vegetais, num ecossistema positivo de colaboração.” A Missão da Giraffe Mission é exatamente essa: ajudar a criar as girafas do mundo empresarial – ” empresas únicas e memoráveis, que trabalham para criar um impacto positivo no mundo à sua volta”, explica.
A ideia de criar uma empresa já estava presente desde a altura do MBA, mas só no final de 2019 é que Sílvia sentiu que os astros estavam novamente alinhados para seguir o seu sonho. O que os astros não previram foi uma pandemia mundial que chegaria a Portugal no mês após o lançamento da empresa, que obrigou Sílvia a viver o seu sonho “mais devagarinho e com mais cautelas”, em termos de investimentos e de crescimento. Apesar de tudo, sente-se grata e não se arrepende da decisão que tomou. O COVID-19 obrigou a Giraffe Mission a recorrer à criatividade para reformular os processos de trabalho previamente definidos, já que dependiam de sessões conjuntas de brainstorming com equipas e requeriam um grande envolvimento e cooperação dos clientes. Os canais de comunicação passaram a ser digitais e por isso Sílvia teve de investir, logo de início, nas componente tecnológica e reforçar as competências digitais da empresa. Tudo mudou, incluindo as necessidades dos clientes e a Giraffe Mission,tal como muitas outras empresas, teve de se adaptar. “Que ofertas fazem sentido neste contexto? Como colocar o propósito da empresa em ação nesta conjuntura? Como se vive a marca assim?”
são algumas questões que surgiram com a nova realidade.
Para Sílvia, o branding é algo extremamente importante no sucesso de uma empresa, ainda mais nesta altura. “Uma marca é muito mais que um logo ou uma imagem”, afirma. A marca reflete os valores da empresa e impacta a forma como esta se expressa. É importante definir quais são as mensagens chave para o posicionamento da empresa para os seus diferentes stakeholders. E é nisso que a Giraffe Mission se propõe a ajudar definir com o Brand and Purpose audit. “Com as mudanças estruturais que temos vindo a sentir, muitas empresas sentem que “perderam o norte”.. É necessário revisitar o propósito, os seus valores e perceber como estão a ser vividos, como estão a ser percebidos pelos diferentes stakeholders, como estão a impactar o dia a dia da empresa e como o deveriam estar a ser”, explica a CEO.
Com mais de 20 anos de experiência nas áreas de consultoria, gestão e marketing, foram muitos os projetos que a marcaram e que recorda com carinho especial. “Há marcas que são quase como “filhos” porque foram literalmente criadas por mim e pela minha equipa, há serviços / produtos que me fazem sorrir quando os vejo ser mencionados”, conta. Acima de tudo, Sílvia realça as pessoas como o mais marcante durante estas duas décadas. “São essas que nos tocam, que nos mudam para melhor e que nos ficam para a vida. E aí sim, as “minhas” equipas de marketing, das quais fiz parte nas diferentes empresas onde estive, são essas que me enchem de orgulho. Não só nos bons momentos, mas também nos maus. Se há algo que aprendi nestes anos, é que os desafios não se superam sozinha, mas sim em equipa. Superam-se com alinhamento, com colaboração e quando as pessoas, em conjunto, sentem que estão “a remar” no mesmo sentido. ”
Em todos os desafios que teve ao longo da sua carreira, pequenos ou grandes, afirma ter superado em conjunto com a sua equipa, com os fornecedores, com os parceiros que trabalharam consigo e até com os clientes. Sílvia admite que alguns desses desafios foram acrescidos pelo facto de ser mulher. “Quando somos novas, muitas vezes não somos levadas a sério porque “parecemos miúdas”. Temos que aprender a nos “impor” e a lidar muitas vezes com mundos profissionais maioritariamente masculinos.” Depois, segue-se a “ fase perigosa”, como lhe chama Sílvia. Esta é a fase em que a mulher planeia ter filhos e é para muitas um teste à sua estabilidade profissional. Por fim, chegam os 40, e segundo a CEO, no mercado português essa idade ainda é vista em muitas empresas como um “limite de validade. “Passamos muita da nossa carreira a ter de ultrapassar os estigmas associados a sermos mulheres”, afirma Sílvia. Muito ainda tem de ser feito em Portugal para ultrapassar esses estigmas e para isso é necessário trabalhar em conjunto e ser solidárias umas com as outro. “É como qualquer desafio: só em conjunto pode ser ultrapassado. E nós, mulheres, estamos juntas nisto!”