A Liderança no Feminino esteve à conversa com a equipa que está na linha da frente na educação da Escola Camilo Castelo Branco, em Angola. A missão desta organização escolar é inclusiva e aberta à modernidade, com uma educação humanista plural, tendo por missão construir um olhar sobre o mundo e preparar as suas crianças e jovens para os desafios que a vida ativa lhes lançará, no final do seu percurso escolar.
PODEMOS AFIRMAR QUE A ESCOLA CAMILO CASTELO BRANCO É PROMOTORA DE UMA POLÍTICA DE IGUALDADE DE GÉNERO, PARTINDO DA CONSTITUIÇÃO DOS VOSSOS CARGOS DE GESTÃO E DISTRIBUIÇÃO PELO GÉNERO. É UMA TEMÁTICA QUE TÊM PRESENTE NO VOSSO DIA A DIA?
Sim. Valorizamos a igualdade de oportunidades e salientamos o papel da mulher na sociedade, sobretudo na sociedade angolana. Angola está na vanguarda da igualdade de género e é um dos países do mundo com mais mulheres em cargos de chefia ou de eleição democrática, com 30,5% dos assentos parlamentares ocupados por mulheres.
DENTRO DO VOSSO PROJETO EDUCATIVO, QUE ATIVIDADES PODEM REFERENCIAR COMO PROMOTORAS DE POLÍTICAS DE OPORTUNIDADES?
A nossa escola, enquanto organização educativa, tem a missão de construir um olhar sobre o mundo e preparar as suas crianças e jovens para os desafios que a vida ativa lhes lançará no final do seu percurso escolar. Assim, elegeu como objetivos estratégicos, dentro do seu plano curricular, disciplinas e atividades que traduzem a imagem que quer projetar para a sociedade, de uma escola inclusiva e aberta à modernidade, com uma educação humanista plural que valoriza a cultura, o património, o ambiente e a formação de cidadãos com espírito crítico e sentido ético, voltada para a cidadania e para o
desenvolvimento. Uma das atividades que pode exemplificar isso é o Programa de Competências Pessoais e Sociais, dado semanalmente aos alunos do 1º ciclo do ensino básico.
O VOSSO CORPO DE DOCENTES É RECRUTADO TENDO EM CONTA QUE REQUISITOS?
Por ser uma escola de currículo português, temos a obrigação de recrutar professores formados em Portugal ou com equivalência para a docência obtida em Portugal. Assim, o nosso corpo docente é recrutado tendo como base uma visão do professor como um profissional consciente, crítico, em permanente desenvolvimento e que emerge das mudanças constantes da sociedade atual e das teorias educativas e pedagógicas. Um dos nossos motes principais é o aproveitamento daqueles que já têm experiência de serviço fora de Portugal e, sobretudo, que conheçam Angola, por ser uma mais valia na
adaptação.
COMO FUNCIONA A ARTICULAÇÃO DA VOSSA INSTITUIÇÃO COM PORTUGAL?
A articulação é imprescindível, uma vez que necessitamos da certificação do nosso currículo por parte do Ministério da Educação português e, paralelamente, estamos envolvidos num conjunto de projetos com outras entidades, designadamente o Plano Nacional de Leitura, o Desporto Escolar e as demais desenvolvidas por editoras portuguesas.
O QUE DISTINGUE A VOSSA ESCOLA, COMO UM ENSINO DE EXCELÊNCIA?
A inclusão, a parceria com outras instituições nacionais e estrangeiras, e uma visão de ser humano aberta à modernidade, valorizando a educação artística, cultural e social.
A MAIOR PARTE DOS VOSSOS ALUNOS SÃO DE NACIONALIDADE PORTUGUESA,
ANGOLANA OU DE DUPLA NACIONALIDADE?
A maioria é de nacionalidade angolana ou de dupla nacionalidade (angolana e portuguesa), mas temos alunos oriundos de outros países, como o Brasil, Líbano e China.
QUAIS AS MAIORES BARREIRAS QUE A INSTITUIÇÃO ENCONTRA NO DESENVOLVER DO ENSINO PORTUGUÊS EM LUANDA?
A principal (e que condiciona outras) é recrutar professores com o perfil que exigimos.
QUAIS OS OBJETIVOS DA DIREÇÃO DA ESCOLA PARA O FUTURO DO ENSINO PORTUGUÊS EM LUANDA?
Continuar a trabalhar seguindo o caminho definido no nosso Projeto Educativo.
A ESCOLA CAMILO CASTELO BRANCO É UMA HOMENAGEM À INSTITUIÇÃO HOMÓNIMA SITUADA EM VILA REAL? QUAL A LIGAÇÃO?
É uma homenagem ao grande escritor português Camilo Castelo Branco. Há, de facto, uma relação com a Secundária de Vila Real, uma vez que um dos fundadores da ECCB foi aluno dessa instituição.
QUAL O MOTE QUE LEVOU À INAUGURAÇÃO DA VOSSA ESCOLA EM LUANDA?
Ser uma Escola que coloca em primeiro lugar a manutenção da essência dos seus princípios e valores, transformando-se numa referência a nível nacional e internacional pelo sucesso académico, profissional e social dos seus alunos, pela qualidade do seu ambiente e pelo elevado grau de satisfação das famílias.
ENQUANTO PROPRIETÁRIA DESTA INSTITUIÇÃO, QUAL A MISSÃO QUE LEVA EM MÃOS?
JOANA PEDRO: Prestar um serviço educativo de excelência, contribuindo para a for-
mação de cidadãos críticos e conscientes dos seus deveres e direitos, norteados por
valores éticos e morais e capazes de atuar com autonomia como agentes de mudança num ambiente aberto e integrador, que valoriza a construção do conhecimento como condição fundamental para uma plena satisfação com a vida e um melhor convívio social. Temos ainda a missão de partilhar saberes e competências para a promoção da formação de docentes e técnicos especializados em Angola.
QUE PAPEL VÊ SER DESENVOLVIDO POR PARTE DA CAMILO CASTELO BRANCO NA CIDADE DE LUANDA?
LUDMILA VIRGÍLIO: Acreditamos que o papel fundamental da escola na cidade de Luanda é a articulação com instituições nacionais, contribuindo para a formação de professores, técnicos e demais pessoal não docente, melhorando competências profissionais e contribuindo para a formação de alunos cujo objetivo é estudar fora do país, trazendo, posteriormente, know-how para Angola.
EXISTEM PREOCUPAÇÕES NA RESPOSTA AOS ALUNOS ORIUNDOS DE CRISES DO PRÓPRIO GOVERNO ANGOLANO?
NACAMELA SILVA: A maior preocupação é o desemprego dos pais em virtude da oscilação do câmbio que faz com que as empresas fechem, colocando as famílias numa situação difícil no que toca ao cumprimento financeiro para com a instituição. Somos sensíveis a todos estes aspetos e temos mecanismos para facilitar a vida a estas famílias e, consequentemente, aos nossos alunos.
QUAL A DIFERENÇA QUE O ENSINO DA CAMILO CASTELO BRANCO OFERECE EM ANGOLA?
CARLA LOURENÇO: A principal diferença que a ECCB pretende passar à comunidade em geral é a integração. Na realidade, a ECCB almeja (e tem feito por isso) constituir um gabinete de apoio aos alunos com necessidades especiais, recebendo-os, avaliando-os, elaborando planos de trabalho e de aprendizagem para eles, acompanhando-os. Pretende ser uma escola que visa desenvolver integralmente os alunos (social, cultural e academicamente). Por outro lado, tem o objetivo de estabelecer parcerias, articular com outras instituições em Angola, de modo a trocar experiências, a contribuir para a formação de novos professores e/ou técnicos construindo uma identidade própria.
QUE CARACTERÍSTICA DESTACA DO PLANO CURRICULAR DA VOSSA INSTITUIÇÃO?
ANA PAULA MACHADO: A inovação, que se espelha na introdução de novas disciplinas (Dança, Ginástica Artística, História e Geografia de Angola), na elaboração de projetos integradores (Educação para a Cidadania, Educação para a Saúde), na construção de um Plano Anual de Atividades que valoriza o trabalho colaborativo (a título de exemplo, na festa de Natal e na festa de final de ano), na oferta de um programa diversificado de atividades de ocupação de tempos livres (onde os alunos aprendem karaté, natação, futebol, xadrez, capoeira, balet, a par das aulas de reforço de aprendizagem).
COMO CARACTERIZA TODO O CORPO DOCENTE E NÃO DOCENTE QUE PERMITE O BOM FUNCIONAMENTO DA VOSSA INSTITUIÇÃO?
ETÃ COSTA: Sendo profissionalizado, o corpo docente é academicamente o mais adequado para este projeto, necessitando ainda (nas chefias intermédias) de alguns
profissionais mais experientes. Trata-se de profissionais trabalhadores e empenhados.
Relativamente aos não docentes, estamos a trabalhar no sentido de lhes fornecer as ferramentas mais adequadas para o bom desempenho das suas atividades, pois contamos com profissionais igualmente empenhados e trabalhadores.