Como prevenir o agravamento da saúde mental perante a COVID-19 e, como agir e influenciar as emoções, de forma a combater o medo, a ansiedade, o isolamento social, a atividade física, prevenir a depressão ou os efeitos de um potencial trauma, gerado pela imprevisibilidade e desconfiança coletiva?
A perspetiva de uma catástrofe económica e social, motivada pelo surgimento da pandemia da COVID-19 instala ou reforça, sobretudo em pessoas mais vulneráveis pelo isolamento, inatividade ou falta de recursos financeiros, uma maior preocupação, um sofrimento por antecipação onde se configuram cenários de calamidade pessoal e familiar e, nalguns casos, um sentimento de impotência que conduz a uma “desistência” perante a perceção de não se poder fazer nada. Sem prejuízo do recurso a ajuda especializada, há algumas medidas que estão ao seu alcance de forma a cuidar ou prevenir o agravamento da saúde mental.
1. REAJA
Quanto mais paralisado se sentir, mais importante é reagir. Algumas ações que ajudam a uma regulação emocional em estado de “colapso” emocional são: falar com alguém, rezar, chorar, meditar, um banho quente, uma massagem ou outras que funcionem consigo. A mais simples é arranjar uma rotina para o seu dia com atividades que possam organizar a sua vida.
2. ATUE DE FORMA DIFERENTE
Para o psicólogo William James, o que importa é atuar de forma diferente. Talvez seja o momento de diminuir o seu tempo a ouvir notícias, sobretudo quando se repetem, e selecionar fontes oficiais e fidedignas que o esclareçam e lhe forneçam orientações práticas. Ou começar a fazer algum exercício físico diário que o retire da imobilidade, nem que comece por andar 10 minutos por dia e aumentando progressivamente.
3. APRENDA A RIR
Procure oportunidades que o façam rir, descontrair e cultivar o sentido de humor. O Dr. Mandan Kataria, médico indiano, descobriu que o riso fingido, combinado com exercícios de respiração, provocava os mesmos efeitos físicos que o riso verdadeiro. Rir e aprender a respirar ajuda quer a ganhar mais energia e otimismo quer a relaxar, através da libertação de “químicos” naturais produzidos pelos seu próprio corpo.
4. DESCANSE E DESCONTRAIA
Descanse, durma o que precisa para revigorar o seu corpo e a mente , encontre passatempos que o ajudem a distrair e manter o domínio que lhe permite pensar com clareza e agir.
5. MANTENHA O CONTACTO COM OUTRAS PESSOAS
Aproveite todas as oportunidades para estar diretamente com outras pessoas, mesmo com as distâncias impostas. Mantenha o relacionamento com as outras pessoas, fale ou procure estar acompanhado mesmo que seja só através de uma câmara do telemóvel, tablet ou computador.
6. SEJA SOLIDÁRIO
A maior segurança vem de amar, prestar atenção e escutar os outros, descobrir o que lhes interessa e os faz felizes. A antropóloga Margaret Mead identificava como um traço civilizacional e humano a capacidade de cuidar do outro, e não o deixar à sua sorte. A solidariedade, o prestar um serviço ao outro, conferem um sentido à incerteza, descentram a atenção nos seus próprios problemas e podem ser um antídoto para o medo paralisante. Talvez seja esta a melhor forma de vencer que John Nash, matemático e autor da teoria dos jogos defendeu: a probabilidade de se ganhar é maior quando as pessoas se juntam para um propósito comum ao invés de tentarem por si a sua sorte.
A COVID-19 não é a primeira pandemia que afeta Portugal e o mundo (por exemplo, pandemia da gripe espanhola de 1918 que afetou tantas pessoas e em várias dimensões) e foi ultrapassada. Também esta crise será debelada e saíremos todos nós mais fortes e sábios sobretudo se não baixarmos os braços e nos centrarmos: não no problema, não no que não funciona ou está errado, mas no que pode ser a solução para o problema que a todos afeta.
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