Rita Moreira e o Dia Internacional da Mulher

Rita Moreira, MEMBRO DA DIREÇÃO EXECUTIVA DO SNS

“Em dia de celebrarmos a Mulher, e tudo o que ela significa, só me ocorre a palavra ORGULHO”

Orgulho na minha mãe, na minha irmã, na minha filha e sobrinhas. Orgulho nas minhas amigas. Orgulho nas minhas colegas de profissão. Orgulho em todas as mulheres que lutaram para hoje chegarmos onde estamos. São todas uma inspiração.

E digo isto de peito cheio!
Porque conseguimos, nas nossas diferenças, crescer, como família e como trabalhadoras. Somos sem sombra de dúvida uma força única! Em conversa com uma destas mulheres que tanto admiro (mãe de três rapazes, fundadora de uma ONG e médica-dentista), relativamente à emancipação da mulher nestes últimos 100 anos, falou me da sua avó, uma senhora com 96 anos, que nos diz… que, realmente, muito mudou: o facto de não ter de pedir autorização ao marido para poder viajar sozinha, de poder participar diretamente no processo político através do direito ao voto, entre tanto mais, tudo isto, sem dúvida, foi alcançado nestes últimos anos a que, recorrentemente, chamamos História.

Cresci sempre a perceber que temos vários papéis e que só com a força da inteligência emocional de que dispomos, garra e noites mal dormidas, é possível alcançarmos os lugares de destaque a que hoje assistimos.

E temos vários exemplos, nas mais diversas áreas, de mulheres de garra. Desde lugares de topo no mundo da liderança empresarial (um ícone será sempre Cláudia Azevedo), na política (como esquecer Jacinda Arden, a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia), passando pelo desporto (eterna fã de Steffi Graf, com 22 títulos de Grand Slam e uma Medalha de Ouro Olímpica), passando pela ciência (Marie Curie, a primeira mulher a dar aulas na Universidade de Paris e também a primeira mulher a receber um Prémio Nobel) e indo até à cultura (recordando Tina Turner ou Aretha Franklin). Sem dúvida que a mulher contemporânea enfrenta grandes lutas: pela igualdade de género, acesso a educação, saúde e direitos.

Foi um caminho difícil mas pelo qual valeu e vale a pena continuar a lutar. Atingir a plenitude profissional exige muito de uma Mulher. Quando tentamos falar em equilíbrio, sabemos que é ainda difícil, que estamos a fazer um caminho. Não somos melhores ou piores. Temos é de fazer um caminho diferente, que exige muito de nós, porque todos esperam que possamos dar o nosso melhor nos diferentes papéis que encarnamos no dia a dia.

Dou o meu exemplo, recente. Desde dezembro de 2022 mudei de funções. Deixei o meu lugar, aparentemente confortável e seguro, no Conselho de Administração do CHUPorto (hoje CH Santo António) para integrar a Direção Executiva do SNS. Este desafio numa estrutura (instituto público) criada de raiz tem como missão coordenar a resposta assistencial das unidades de saúde do SNS, assegurando a integração da prestação de cuidados de saúde, o seu funcionamento em rede, a referenciação, o acesso a cuidados de saúde, os direitos dos utentes, a participação das pessoas no SNS e, ainda, a governação e a inovação. A sua dimensão são os utentes e os profissionais que trabalham no SNS. Quatro décadas passadas da criação do SNS, os desafios são enormes. Os contextos epidemiológicos, sociais e económicos do país transformaram-se, mas mantém-se os desafios ao humanismo, universalidade e proximidade.

O desafio é imenso por todo a a evolução que, Homens e Mulheres, conseguiram obter na medicina, na ciência e na tecnologia. E com todas as mudanças a que temos assistido: do perfil demográfico e epidemiológico, o envelhecimento da população e a predominância das doenças crónicas não transmissíveis.

É, por tudo isto, o papel mais desafiante que encarei até hoje. Não me sinto especial nesta função por ser Mulher. Sinto antes que precisamos de pessoas capazes para ajudar a gerir o SNS, pessoas que se dediquem e percebam o que de melhor se faz em Portugal na área da saúde e que canalizem todo esse potencial para o SNS. Que esta nossa equipa, com Homens e Mulheres, com tanta experiência e conhecimento em áreas tão distintas, que juntos fazemos a unidade. Mas por isto mesmo: porque somos diferentes. A capacidade de conseguirmos trabalhar juntos e nas mesmas posições de liderança são sem dúvida a maior evolução destes anos. Tenho orgulho em poder trabalhar assim.

Curiosidade: quem mais valoriza o Dia Internacional da Mulher em minha casa é o meu marido. E vive com duas! Mas tem a sensibilidade para perceber que, não só em casa, mas fora de portas, somos especiais.