Bárbara tirou Comunicação Social na universidade, mas o interesse no jornalismo era tênue. Seguiu uma carreira de marketing, passando por várias empresas de tecnologia, até chegar ao cargo de International Marketing Manager de uma multinacional alemã. Conta-nos os desafios de adaptação, com os obstáculos acrescidos da covid, e das responsabilidades do cargo.
Bárbara Romero começou o seu percurso profissional na Sic Radical. Tirou o curso de Comunicação Social e entrou na Sic como estagiária do Dance TV – fazia reportagens em eventos relacionados com música, moda e lifestyle. Chegou a ser produtora do programa. Sente-se uma privilegiada por ter trabalhado em televisão, um sonho que muitos não conseguem alcançar. “Estou muito grata por ter tido essa sorte e ter entrevistado vários artistas que admirava”, relembra com saudades. No entanto, essa nunca foi a sua ambição e após quase 4 anos no Dance Tv procurou um novo desafio profissional. Em 2011, começou a trabalhar na Viatecla, uma empresa de tecnologia. Nessa altura, os tablets tornaram-se mainstream e as revistas preparavam a sua digitalização. A sua função era ajudar no desenvolvimento de um produto que permitia criar revistas digitais consumidas em tablet. Bárbara chegou até a ir a várias redações fazer demonstrações do produto e dar formação. “Foi o meu “batismo” no mundo da tecnologia “, brinca.
Desde então que se dedica ao marketing e investe no seu conhecimento na área, fazendo diversas formações em marketing digital, liderança de equipas, vendas e, mais recentemente, neuro marketing. O marketing digital é uma área bastante exigente e em constante evolução. “Qualquer pessoa consegue perceber o quanto a internet e as redes sociais mudaram nos últimos 10 anos e hoje em dia é importante estar atento a todas essas mudanças, caso contrário ficamos rapidamente desatualizados”, afirma. A única forma de evoluir e ser cada vez melhor é aprender e colocar em prática.
No mundo que não vive offline, uma boa estratégia de marketing digital pode alavancar o sucesso da empresa. Contudo, Bárbara alerta que este é só uma peça da máquina. “Não adianta ter uma boa estratégia de marketing, se o produto que a empresa vende não corresponder à expetativa do cliente”, explica. O consumidor dos dias de hoje é muito mais informado e exige mais dos produtos ou dos serviços – a experiência tem de ser positiva do início ao fim, caso contrário, ele irá comprar à concorrência.
Atualmente, Bárbara é a International Marketing Manager de uma multinacional alemã do ramo da tecnologia e enfrenta o maior desafio da sua carreira. Quando iniciou o processo de recrutamento, no início de 2020, a COVID-19 já era um tópico de conversa. Chegou a viajar até Hamburgo para efetuar a entrevista, conhecer o projeto e a equipa, porém, quando começou a trabalhar o confinamento já estava imposto. Por isso, todo o onboarding foi feito virtualmente. “Apesar de ter corrido bem, penso que com o contacto presencial a adaptação tivesse sido mais rápida”, confessa. Só conseguiu regressar a Hamburgo e conhecer presencialmente os seus colegas em 2021. Com as flutuações da pandemia e a nova vaga, voltar à Alemanha está fora dos planos nos próximos tempos. Em Portugal, pratica um modelo de trabalho híbrido entre o teletrabalho e o presencial, que considera ser o melhor.
Esta é a primeira vez que assume uma função a nível internacional – é responsável pelo departamento de marketing em Portugal e tem a seu cargo toda a rede de parceiros internacionais, que são mais de 30. Todos os dias tem várias reuniões online com as equipas da Alemanha, Portugal ou parceiros localizados na Europa, Ásia ou África, o que a obriga a falar com pessoas de diferentes nacionalidades e lidar com as barreiras da distância, cultura e língua, “porque por muito que falemos todos em inglês nem sempre é fácil passar a mensagem.”
Aos parceiros internacionais dá apoio na realização das suas estratégias de marketing. Em Portugal e na Alemanha, o objetivo é continuar a crescer o negócio com a angariação de novos clientes, promoção de produtos e serviços e aumentar a notoriedade da marca a nível global. “É exigente e é preciso ser muito organizada para poder dar seguimento aos vários temas da parte Internacional e também de Portugal”, conta.
Exigência é um dos valores que regem a sua empresa, aliados ao rigor, pontualidade e elevados standards. A nível empresarial não sentiu nenhum choque, a maior diferença que encontrou foi cultural. Portugal tem sido destacado como um dos melhores destinos a visitar e Bárbara acredita que não é só pelas paisagens, mas também pela arte de bem receber. “Os meus colegas adoram Portugal e reconhecem que somos ótimos anfitriões”, partilha.
Bárbara já trabalhou numa agência de comunicação focada no setor hoteleiro, mas é na área da tecnologia que sente uma maior estabilidade. “No dia em que as empresas de tecnologia estiverem numa situação delicada, então é sinal de que todo o tecido empresarial está em crise”, garante. Não elimina a possibilidade de no futuro trabalhar noutra área, até porque, através de um projeto pessoal, ajuda pequenos negócios a alcançar autonomia no marketing digital, oferecendo formação à medida das suas necessidades.
Há quase uma década que se dedica ao marketing e não vê uma mudança de carreira num futuro próximo. No entanto, gostaria que existisse maior representatividade de género. “Esta é a sexta empresa onde trabalho e apenas em duas delas tive mulheres em cargos de chefia”, enquanto a maioria dos seus colegas foram mulheres. Talvez seja uma realidade mais acentuada por trabalhar na área da tecnologia, ainda assim a verdade é que continuam a existir poucas mulheres em cargo de chefia.