Dina Paulino iniciou-se no desporto como atleta de competição e mais tarde realizou o seu sonho de criança, licenciando-se em Educação Física, já lá vão 22 anos. Começou por lecionar Educação Física em diversas escolas e rapidamente identificou a sua verdadeira vocação, o ensino. O seu percurso enquanto docente acabou por derivar para o 1.ºciclo do ensino básico, estando atualmente afeta ao Quadro da Zona Pedagógica de Lisboa.
Ao longo do seu percurso nas escolas públicas de norte a sul do país, foram vários os cargos que foi vivenciando: diretora de turma, titular de turma, diretora de instalações, coordenadora de ano, membro de equipa de autoavaliação de agrupamento, coordenadora de projetos, entre outros.
Nunca teve dúvidas da sua vocação e cedo soube que era com crianças e jovens que gostava e queria trabalhar.
Foram muitas as horas de formação que investiu e investe na sua carreira, sempre com a ambição de ser, cada dia, uma melhor pessoa e uma melhor profissional.
Mãe de duas raparigas (19 e 14 anos) e mais tarde de um rapaz (5 anos), assume que a maternidade a mudou enquanto mulher. “As nossas prioridades alteram-se. Senti que precisava de mudar para poder estar mais tempo com elas e acabei por suspender alguns objetivos que tinha em mente para lhes dar o devido acompanhamento que necessitavam.
As mulheres ainda continuam a ter de fazer opções para poderem ser mães. Muitas sentem mesmo que são prejudicadas profissionalmente, o que lhes causa um grande sentimento de impotência e frustração, quando deviam estar tranquilas para cuidar dos filhos.
O meu terceiro filho, já veio numa fase mais madura e tranquila da minha vida. E foi exatamente nove meses após o seu nascimento que iniciei a minha primeira mobilidade no trabalho. Foi um ano de viragem!”
Em 2017, e durante 4 anos, teve a sua primeira experiência de mobilidade estatutária ao abrigo do Estatuto da Carreira dos Educadores de In- fância e dos Professores dos Ensinos Básicos e Secundário (ECD), na Fundação Portuguesa “A Comunidade Contra a SIDA” (FPCCSIDA), onde foi coordenadora do Centro de Aconselhamento e Orientação de Jovens (CAOJ) de Lisboa.
Na Fundação, a Dina, juntamente com a sua equipa de professoras e jovens voluntários/as universitários/as, deu seguimento ao Projeto Nacional de Educação Pelos Pares (PNEP) – Sexualidade e Prevenção do VIH/SIDA, nas escolas públicas e Centros Educativos dos concelhos de Lisboa e Oeiras.
“Com este projeto conseguimos chegar a muitos jovens, trabalhando com eles de uma forma lúdica e não formal, a Educação Sexual e a Sexualidade, bem como a prevenção de comportamentos de risco. Tenho a certeza que os jovens que passaram por nós, são hoje em dia jovens mais bem preparados e informados para poderem tomar decisões de uma forma mais consciente e responsável.
Foi um Projeto extremamente importante na minha vida, pois deu-me a oportunidade de conhecer uma nova realidade fora da escola. Para além deste projeto, representava a FPCCSIDA em vários eventos e grupos de trabalho, o que me deu várias competências profissionais e pessoais que na escola não teria oportunidade de adquirir. Sou muito grata à FPCCSIDA, aos voluntários uni- versitários e a todas as pessoas que trabalharam comigo. Aprendi imenso durante esses 4 anos!”
Sempre com vontade de saber mais para poder ajudar mais, em 2019, realizou uma Pós-Graduação em Sistema de Proteção de Crianças e Jovens na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de Lisboa. E já em 2021, foi acreditada pelo Conselho Cientifico-Pedagógico da Formação Contínua, como formadora em Práticas de Educação para a Saúde e Educação para a Sexualidade. Encontra-se a concluir, o Mestrado em Ciências da Educação na especialização Avaliação e Desenvolvimento Curricular, pela Universidade do Minho.
Em 2021, surgiu um novo desafio. A mobilidade para a Direção-Geral da Educação (DGE), mais concretamente para a Direção de Serviços de Projetos Educativos (DSPE), integrando a Equipa da Educação para a Cidadania. Esta equipa apoia as escolas públicas e privadas na implementação da Estratégia Nacional de Educação para a Cida- dania (ENEC), realiza formação para professores, organiza vários webinares, concursos, eventos, estabelece parcerias com entidades externas na concretização de projetos educativos, participa em vários eventos nacionais e internacionais, entre outros.
A ENEC compreende 17 Domínios, que devem ser trabalhados ao longo do ensino obrigatório, estes estão organizados em três grupos: o primeiro, obrigatório para todos os níveis e ciclos de escolaridade – Direitos Humanos; Igualdade de Género; Interculturalidade; Desenvolvimento Sustentável; Educação Ambiental; Saúde. O se- gundo, pelo menos em dois ciclos do ensino básico: Sexualidade; Media; Instituições e Participação Democrática; Literacia Financeira e Educação para o Consumo; Segurança Rodoviária; Risco. O terceiro com aplicação opcional em qualquer ano de escolaridade: Empreendedorismo; Mundo do Trabalho; Segurança, Defesa e Paz; Bem-Estar Animal; Voluntariado.
Devido à sua formação e experiência nestas áreas, a Dina integra as equipas que trabalham os Domínios da Saúde, Sexualidade e Igualdade de Género e também a equipa de Desenvolvimento Curricular e Práticas de Avaliação em Cidadania e Desenvolvimento. A sua dissertação de mestrado irá mesmo focar-se no Desenvolvimento Curricular e Avaliação em Cidadania e Desenvolvimento.
No domínio da Saúde, pretende-se incentivar os alunos a adotar o bem-estar físico e mental como uma condição básica. Para isso, terão de entender a importância da saúde mental, de uma alimentação saudável, da atividade física, da prevenção da violência, de consumos e/ou comportamentos aditivos e de como as crenças, valores, atitudes e comportamentos condicionam a sua própria saúde e a dos outros. Já no domínio da Igualdade de Género promove-se a igualdade de direitos entre mulheres e homens em vários planos – político, económico, social e cultural – contribuindo assim para a eliminação de estereótipos com a finalidade te termos uma sociedade mais justa e equilibrada. Por último e não menos importante, até porque estes três domínios se cruzam e articulam, vem a Sexualidade, onde se pretende desenvolver uma reflexão sobre relações baseadas no afeto, no respeito, na identidade de género, o que implica uma aprendizagem relativamente aos direitos sexuais e reprodutivos, à violência nas relações de intimidade e a comportamentos de risco.
“A Educação para a Cidadania, surgiu nas nossas escolas como forma de resposta aos extremismos, à falta de tolerância, aos problemas socioeconómicos, aos desequilíbrios políticos, aos discursos de ódio, entre outros, que levam a que haja uma ameaça constante nas relações interpessoais. Tudo isto põe em causa a nossa democracia, paz, respeito e liberdade. É necessário um processo de transformação, nas nossas escolas, que abranja de modos diferentes toda a comunidade educativa – auscultar famílias, envolver os alunos e capacitar as equipas pedagógicas, professores e técnicos, que dão o impulso vital à sua concretização. Sem isso, não será possível dar um único passo no caminho da renovação.
Acredito que a Cidadania e Desenvolvimento nas escolas veio para ficar iniciando essa mudança. Pretende-se que seja um espaço onde as crianças e jovens têm oportunidade de adquirir princípios, valores e competências, realizando aprendizagens através dos desafios da vida real, indo para além da sala de aula e da escola, desenvolvendo projetos que envolvam a comunidade. As parcerias/stakeholders com entidades externas à Escola, são uma mais-valia neste processo.
O grande objetivo da Cidadania e Desenvolvimento é a construção de cidadãos e cidadãs responsáveis, com vista a sociedades mais justas e inclusivas, no quadro da democracia, do respeito pela diversidade e da defesa dos Direitos Humanos.
É muito gratificante poder trabalhar num sítio, onde sabemos que o nosso trabalho vai ter impacto na vida de crianças e jovens. É isso que me motiva a dar o melhor de mim, todos os dias. Lançamos sementes nas escolas, na esperança de colhermos o que realmente importa: saúde, valores, respeito, inclusão e envolvimento entre todos e todas. Queremos crianças e jovens informados e esclarecidos e com muita empatia para com os outros.”
Para finalizar, cito a frase de Nelson Mandela:
“A educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo.”