Liderar com Propósito: Construir Legados com Consciência

Ana Conde, Executive Coach Empowering Leaders
Há mulheres que lideram com estratégia. Outras com visão. E há aquelas que lideram com alma. Ana Conde é uma dessas mulheres. A sua história é feita de escolhas ousadas, recomeços conscientes e uma convicção inabalável de que a verdadeira transformação começa dentro de cada um.

 

Desde cedo, Ana revelou uma inquietação criativa e uma vontade de fazer acontecer. “Aos três anos, passava em frente à antiga praça de touros de Algés e dizia: ‘Quando for grande, vou deitar abaixo esta construção velha e construir uma nova.” Era tímida, mas já observava o mundo com olhos críticos. Essa curiosidade transformou-se em ação, trocava livros com as amigas e berlindes com os amigos, sempre com a intenção de que todos saíssem satisfeitos.

“Mal imaginava a importância de construir relacionamentos e deixar clientes felizes!” O seu pai foi um dos primeiros mentores. Sentava-se ao seu lado para resolver problemas de física, mas em vez de lhe dar respostas, fazia perguntas. “Era aquilo que eu queria? Não! Mas descobrir, por mim, como lá chegar, foi sem dúvida mais valioso.” Esse princípio, ensinar a pensar, tornou-se a base da sua abordagem como formadora e coach.

O percurso académico começou na engenharia, mas rapidamente percebeu que o seu coração batia mais forte pela hotelaria e turismo. Foi pioneira no primeiro curso de Gestão Hoteleira em Portugal, numa universidade privada, e fez questão de pagar os seus estudos. Durante quatro anos, trabalhou na produtora de cinema do pai, passando por todos os departamentos. “Trabalhava, tinha aulas de francês ao almoço, universidade à noite e o tempo que sobrava era para umas saídas com amigos.”

Concluiu o curso com distinção e mergulhou na consultoria hoteleira, apoiando a abertura do primeiro hotel de cadeia de 4 estrelas em Lisboa e diversos projetos no Algarve. Depois, entrou no mercado imobiliário, onde acompanhou a criação da primeira escola de Estudos Superiores em Imobiliário e o lançamento do conceito de franchise em Portugal. Estávamos nos anos 90, no auge dos grandes negócios imobiliários. Mas Ana nunca teve medo de mudar. Com a crise a despontar, antecipou-se e abraçou uma oportunidade no setor farmacêutico. “Entrei sem nada saber do tema, fui curiosa, atenta e com a minha determinação, aprendi com os melhores.” Ficou 18 anos, e deixou uma marca: foi a primeira a implementar uma cultura de coaching na indústria farmacêutica em Portugal. Liderou equipas comerciais com cerca de 350 elementos e inspirou uma nova forma de pensar a liderança. Depois de quase duas décadas, decidiu seguir o seu verdadeiro propósito. “Comecei a trabalhar por conta própria, naquilo que mais me apaixonava: Coaching e Formação.” Foi também um momento de viragem pessoal. Divorciou-se, deixou para trás a casa que idealizou e recomeçou do zero. “Podia resignar-me e pensar… ‘aos 47, sem casa, sem trabalho, o que vai ser de mim?ou pensar ‘o que vou fazer para seguir em frente?”

Vieram novos projetos, novos clientes e novas parcerias a quem estou profundamente grata pela confiança depositada. Os frutos desse caminho são visíveis: a filha mais velha, doutorada em neurociências, representa a Universidade de Miami em conferências internacionais; o mais novo investiga sobre cibersegurança e inteligência artificial na Holanda. “Orgulho-me de ter proporcionado aos meus filhos uma boa sementeira.” A vontade de contagiar outras pessoas com responsabilidade nas equipas e nas empresas a tomarem consciência do impacto que geram no bem-estar psicológico e emocional dos colaboradores levou-a a novas experiências internacionais. Foi responsável ibérica e pelo México numa das dez maiores empresas mundiais de veterinária, e mais tarde colaborou com um dos gigantes da indústria farmacêutica. O projeto foi interrompido pela pandemia, mas Ana não se deixou abater. “Mais uma vez, pôs à prova a palavra ‘resiliência’. Do zero, de novo.”

Hoje, Ana dedica-se a apoiar o crescimento de líderes, de startups às top 100 mundiais, dos mais variados setores, em 4 idiomas, um pouco por toda a Europa, América do Norte. América Latina, Médio Oriente e África. Para ela, liderar com propósito é mais do que uma tendência, é uma necessidade. “Liderar com propósito significa, em primeiro lugar, um alinhamento nas expectativas, nas atitudes e comportamentos, nos valores.” E acrescenta: “Num cenário deabsoluta incerteza, o propósito atua como um farol. É a bússola que traz clareza, inspiração e confiança às equipas.” Acredita que o equilíbrio entre resultados e bem-estar é possível e essencial. “Negócios não crescem sem resultados e para isso precisamos de pessoas talentosas e empenhadas. O equilíbrio surge quando tomamos consciência de que os resultados não são opostos ao bem-estar.” Para Ana, o segredo está em integrar processos de alto desempenho com práticas que valorizam o ser humano.

“Equipas motivadas, empoderadas e respeitadas alcançam metas mais sustentáveis.” Ao longo da sua carreira, acumulou inúmeros exemplos de transformação. Como o caso de uma responsável de equipa que tinha pânico de falar em público. “Na terceira sessão de coaching, uma pergunta apenas fez disparar o gatilho e aconteceu o insight necessário.” Hoje, essa mesma pessoa lidera uma associação de doentes com grande visibilidade pública. Outro exemplo envolve líderes globais que enfrentavam resistência interna. “Compreenderam a necessidade de adaptarem os seus estilos de comunicação. O que antes era resistência transformou-se em coesão.”

Ana acredita profundamente no poder da liderança feminina. “Tem sido demonstrado que mulheres em posições de liderança trazem abordagens únicas para a resolução de problemas, maior resiliência e adaptabilidade.” Num século de transformação acelerada, a liderança feminina desafia modelos tradicionais e promove uma visão sistémica e colaborativa. “A diversidade de pensamento é uma vantagem competitiva nos negócios.”

E às mulheres que aspiram liderar com impacto, deixa uma mensagem clara e poderosa:

“Liderar é ser autêntica e não implica ser perfeita. É confiar com convicção nas suas capacidades, aceitar os medos com a coragem necessária e seguir em frente com determinação e ousadia.”

“Desafie-se! A si e aos outros! Abrace a sua visão com paixão para impulsionar mudanças significativas.”

“Não deixe que o medo da inadequação ou o julgamento dos outros a impeça de tomar decisões ambiciosas.”

“Veja o que muitos chamam ‘fracasso’ como oportunidades para aprender e crescer.”

Ana Conde não é apenas uma líder. É uma mulher que transforma, que inspira e que prova, todos os dias, que a verdadeira inteligência das organizações humanas começa no coração e se multiplica através da coragem.