Com o objetivo de dar a conhecer ao Mundo o seu Alentejo, Guida Brito criou o AlentejoTurismo, um site onde partilha roteiros, sugestões gastronómicas e fotografias das paisagens mais pitorescas. Com “muitas milhares de visitas mensais”, o próximo passo consistirá na inclusão de publicidade e na abertura da plataforma a mais “vozes”, permitindo uma partilha mais abrangente e fiel de toda a riqueza que o território tem para oferecer.
Na vida de Guida Brito, o Alentejo – de onde é natural – é tudo menos um mero detalhe biográfico. A paixão que nutre pelo território está presente em cada palavra que escolhe para o descrever, para o contar, mas sobretudo para o dar a conhecer. É que que apesar de este ser o seu último reduto, Guida pretende que tantos quanto possível desfrutem da “terra mágica” que a viu nascer: da “pureza das gentes” que ali vivem, da “simplicidade da arquitetura” que preenche a paisagem pouco acidentada, da “magnitude do azul do céu” que sobrevoa, ou dos “sabores dos seus práticos típicos”. O AlentejoTurismo, uma plataforma de divulgação de região, consiste na materialização desse desejo.
Ao longo dos últimos anos, a também professora tem desdobrado pelo território, sobretudo pelas povoações menos conhecidas – um Alentejo “quase esquecido”, mas que “requer uma visita obrigatória” – para fotografar, conversar e escrever. Fá-lo de forma atenta e dando especial destaque ao inusitado, para que os leitores e demais apaixonados pela região possam beneficiar do relato mais fiel possível, quiçá, na preparação de uma possível futura visita. No entanto, aquilo que se assemelha hoje a uma história de sucesso ficou marcada por um início trágico. Apesar da formação na área do Português, o gosto pela escrita nem sempre acompanhou Guida Brito. Não foi até ao nascimento do filho, cego, que se viu na obrigação de arregaçar as mangas e lutar, primeiramente, por uma possível cura – contactando “embaixadas e governos de todo o mundo” – e, posteriormente, pelos direitos da criança em idade escolar. Ao olhar em perspetiva, declara que a escrita “foi a companheira de noites intermináveis” e o filho como ponto de partida para a sua nova paixão. “Ensinou-me a escrever e a gostar de o fazer. A ser persistente e a não desistir”, declara.
Atualmente, nas deslocações que faz, Guida Brito já é reconhecida e abordada pelas gentes locais, as quais lhe dedicam muitas vezes palavras de agradecimento. “Sinto que as pessoas se identificam com o que escrevo, sente-se orgulhosas de se partilhar e divulgar a essência única das suas tradições”, refere. Destes contactos resulta a vontade de continuar o trabalho feito no AlentejoTurismo (onde trabalha juntamente com um informático, Rolf Lapple), um percurso “longo”, algo “moroso”, mas também “gratificante”.
O último Verão, já com a pandemia da covid-19, foi um dos motivos de orgulho, já que a plataforma AlentejoTurismo (disponível no site institucional, no Facebook e no Linkedin) “foi, em muito, responsável pela enorme afluência” de turistas que região recebeu nos meses mais quentes, uma época um tanto “complicada”. De acordo com Guida Brito, “através dos dados, foi percetível um aumento substancial de número de leitores das rotas e dos povoados”. Neste sentido, a criadora da plataforma não duvida de que a divulgação de um Alentejo “secreto”, com destaque para as suas povoações “pacatas e com número reduzido de habitantes”, será o “futuro do viajar em segurança”. No que ao seu próprio futuro, Guida Brito confessa que poder dedicar-se ao Alentejo-Turismo a tempo inteiro “é um sonho”, atendendo ao sucesso já alcançado e ao amor que emprega em “cada palavra ou fotografia”. Para já, a plataforma procura “parceiros” e existe a possibilidade de diálogo para a introdução de publicidade comercial no site. Em breve, a plataforma que atualmente conta com conteúdos exclusivamente produzidos por Guida Brito também poderá incluir novas vozes que “queiram partilhar os seus escritos, anedotas, montes, histórias, vilas, cante…”. Um conjunto infinito de possibilidades a fazer jus à riqueza cultural alentejana, o que também permitirá ao projeto tornar-se “mais abrangente e uma referência a nível mundial.”