Desde muito cedo que Teresa do Brito Apolónia tinha a certeza de que a advocacia seria a sua profissão. Atualmente é sócia fundadora da ASA – Apolónia sócios e associados, uma sociedade de advogados sediada em Lisboa, mesmo junto à Praça Marquês de Pombal. Fomos conhecer o projeto ASA, que através da criatividade e dedicação ao cliente exerce o Direito em toda a sua plenitude.
O QUE A MOTIVOU A ESTUDAR ADVOCACIA, UM MUNDO AINDA MAIORITARIAMENTE MASCULINO?
Apesar de ser um mundo maioritariamente visto como masculino nunca senti que tal fosse um problema, mas sim um desafio. A verdade é que decidi estudar advocacia quando tinha apenas 9 anos! Em casa, os meus pais costumavam brincar e dizer que eu tinha talento para ser advogada – devido à minha capacidade de argumentação para defender os meus interesses, mesmo em tão tenra idade.
EM ALGUM MOMENTO DA SUA CARREIRA SENTIU QUE SER MULHER A COLOCAVA NUMA POSIÇÃO MAIS DIFÍCIL PERANTE OS CLIENTES?
Sim. Por estranho que pareça quer no mundo empresarial quer no âmbito judicial encontrei clientes que preferiam um homem a representá-los do que uma mulher. Ainda que ambos trabalhassem na mesma sociedade davam preferência a um advogado do sexo masculino. Não se sentiam confortáveis com uma mulher a liderar uma negociação ou a representá-los judicialmente. Não posso afirmar que isso tenha sucedido muitas vezes mas em 15 anos de advocacia aconteceu talvez quatro ou cinco vezes… No entanto, bastaria uma vez apenas para ser algo grave, do ponto de vista da igualdade de género.
COMO AVALIA A SITUAÇÃO PROFISSIONAL DAS MULHERES ADVOGADAS NO MERCADO DE TRABALHO E NA SOCIEDADE PORTUGUESA?
Honestamente, acho que hoje em dia estamos muito melhor que há uns 10, 15 ou 20 anos. Contudo, de facto, ainda se sente a discriminação. É um mundo em que o assédio sexual ainda permanece muito ofuscado, talvez mais do que em outras profissões. Não encontro uma explicação para este fenómeno…
DURANTE A SUA FORMAÇÃO ESPECIALIZOU-SE EM FISCALIDADE E ATUALMENTE TEM O SEU PRÓPRIO ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. COMO SURGIU ESTE PROJETO? QUAIS OS DESAFIOS QUE ENFRENTOU PARA O CONCRETIZAR?
Esta sociedade é muito recente e surgiu quando chegou ao fim a sociedade anterior, da qual fui sócia fundadora. É, finalmente, o projeto em que me revejo plenamente. As principais áreas de actuação são o Direito fiscal, imobiliário, empresarial e internacional. O nome ASA prende-se com este novo voo que ambicionamos fazer. É um projeto um bocadinho diferente daquele em que eu estava anteriormente. As sócias fundadoras da ASA Lawyers são, além de mim, a Sara Cruz e a Marta do Brito Apolónia – esta última responsável pela delegação do escritório no Algarve. Aproveito a oportunidade para revelar que já este mês de Março a nossa advogada associada Ana Mendes Lopes passará igualmente a sócia. A ASA pretende voar mais alto e ser sobretudo diferente. A equipa é maioritariamente feminina, mas sem que esse fosse o propósito. Não olhamos a géneros, mas a competências.Hoje em dia surgem muitas ferramentas para sermos líderes melhores, como por exemplo o Eneagrama que é uma ferramenta que me foi apresentada por um grande amigo e também coach, o António Cordeiro.
PARA A EMPRESA, O QUE REPRESENTA GANHAR UM PROCESSO?
Terei de fugir um pouco a essa pergunta, porque o sucesso da nossa sociedade vai muito além da parte judicial. Sou muito favorável à conciliação, isto é, pelo tempo que temos de perder no tribunal, mesmo que o processo seja ganho, em regra acaba por causar muitos dissabores aos nossos clientes, nem que seja só pelo tempo que se perde nos tribunais. Portanto, às vezes ganhar um processo pode não significar uma sentença, mas um excelente acordo. Procuramos sempre arranjar uma solução mais rápida e que beneficie ambas as partes. Contudo, obviamente que ganhar um processo ou obter bons resultados para os clientes é muito satisfatório para o escritório, até porque gostamos de aplicar alguma criatividade e às vezes aceitamos processos um pouco fora do comum, pelo próprio desafio que representam.
QUE MENSAGEM ACHA IMPORTANTE PARTILHAR, NESTE DIA DEDICADO ÀS MULHERES, COM TODAS AS ESTUDANTES DE ADVOCACIA, SOBRE O QUE VALORIZA A SOCIEDADE NO ÂMBITO DESTA PROFISSÃO?
Considero que faz todo o sentido a discussão atual em torno da questão da igualdade de género, porque ainda existem situações gritantes e de extrema injustiça. Esta área continua a ter – a meu ver, inexplicavelmente – um cariz muito masculino e erguem-se demasiados obstáculos à advocacia praticada no feminino. A Justiça não tem género. Devemos continuar a demonstrar força e competência, fazer mais e melhor, sem nunca perdermos o lado humano – porque representamos pessoas – acreditar sempre e nunca desistir. Pelo meu exemplo, acho que conseguimos!
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