Rosa Valente de Matos, Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.
Rosa Valente de Matos nasceu em 1962, em Estarreja. Licenciada em Sociologia pela Universidade de Évora, fez o Curso de Gestão de Recursos Humanos na Saúde, bem como uma Pós-graduação em Administração Hospitalar, na Escola Nacional de Saúde Pública e é, atualmente, figura máxima no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Numa junção de duas variantes distintas – a sociologia e a saúde -, encontra o equilíbrio: “A missão de cuidar centrada no doente é comum a todos os profissionais e a complementaridade entre serviços clínicos e de suporte é fundamental.”
Apaixonada pelas pessoas e suas relações, Rosa Valente de Matos vê a sociologia como um interesse já enraizado desde tenra idade que soube moldar num casamento perfeito com a área da saúde, que não dissocia do ramo social: “A área da Saúde começou a despertar o meu interesse, enquanto campo muito rico para analisar as interligações sociais, os factos e as dinâmicas que envolvem todo o contexto social da pessoa saudável versus a pessoa doente.”
Com vontade de vingar numa área que florescia em si, apostou na formação em administração hospitalar, que a capacitou de uma forma mais técnica para, juntamente com as competências pessoais, potenciar as ferramentas de trabalho, acabando por se permitir fazer o que mais gosta. Confessa que “a possibilidade de trabalhar com pessoas e para as pessoas é algo apaixonante. Para mim, isso é que é importante: trabalhar em equipa, visando um objetivo comum: tratar, cuidar e melhorar a vida de outras pessoas.Gosto e sou feliz a trabalhar na área da saúde – é isso que sei fazer e é isso que me realiza!”
Tendo atuado profissionalmente em vários locais e cargos, considera ser dona de um percurso cheio e enriquecedor, que a fez absorver capacidades num mundo que também é muito de homens e por isso, a dificuldade se vê acrescida. “O caminho é um desafio, pois a forma como lideramos é diferente. Dou um exemplo, quando digo que tenho que deixar o jantar pronto… ou a roupa a lavar…, a pergunta é: “Mas a Doutora faz o jantar?” A resposta é sim! (…) A conciliação entre a vida familiar e profissional, quando ocupa- mos um lugar de chefia ou direção, é sem dúvidamais exigente para as mulheres. Mas nunca foi impedimento porque o que se avalia no final do dia são os resultados e não o género de quem lidera.”
A par destas funções, Rosa Valente Matos abraçou o cargo de Secretária de Estado da Saúde, etapa que entendeu como sendo uma “missão” que aceitou e vingou, no qual aprendeu e cresceu alicerçada em conhecimento adquirido na área da saúde mas também na luta para, mais uma vez, moldar também as relações pessoais dentro do órgão de trabalho, uma vez que “os membros do Governo não conseguem ter essa relação próxima com quem vai executar e isso torna-se, por vezes, difícil”.
Também exigente é o desafio que está por vir. Com o surgimento do novo Hospital, o desafio da liderança ressurge mais amplo, mais forte e impetuoso. Mas o medo não assola a Presidente que encara com confiança um projeto para o qual já tem uma visão certeira: “O novo Hospital vai ser um novo desafio e (…) é necessário gerir expectativas, minimizar desconfianças e estimular a ambição. Cada vez mais a liderança tem que ser inclusiva e assentar numa estratégia partilhada, muito orientada.”