Célia Azevedo criou o conceito de “Life Tools” para melhor a qualidade de vida das pessoas, simplificando o seu dia a dia ao trabalhar a mente, descomplicando-a. Conheça a sua história e percurso profissional.
O que a levou a estudar Programação Neurolinguística, Coaching, Mindfulness e Inteligência Emocional?
Aconteceu que em dado momento da minha vida tive a sensação de estar “suspensa no ar”. A inquietude dos diálogos internos tornava-se frequente. Estava cansada de andar às voltas com esses conflitos e era urgente avançar numa direção completamente nova.
Passei a explorar meus recursos mais a fundo. Mais tarde, a minha mente deixou de estar confusa e a realidade já não era assustadora.
Um dos resultados mais interessantes foi expandir minha área de atuação profissional. Reuni todo o potencial presente nessas áreas para me dedicar integralmente ao desenvolvimento humano. Encontrei ferramentas das quais faço uso todos os dias, em especial, quando estou diante de situações que merecem cuidado, delicadeza e atenção.
Acredito que o autoconhecimento é uma progressão para novas latitudes e longitudes do ser e que deve ser acompanhado de um olhar atencioso e carinhoso sobre os diversos acontecimentos que fazem parte do nosso dia a dia.
Desenvolve investigação na área da Inteligência Emocional. Que respostas tem encontrado, neste campo?
Historicamente, um dos propósitos das emoções é ajudar na sobrevivência da humanidade. Entretanto, há um desconhecimento da importância desse papel social, assim como da variedade das emoções que movem o ser humano. Há uma grande dificuldade em dominar e perceber as emoções e como elas influenciam diretamente as interações.
Uma educação emocional permite diferenciar e nomear uma emoção, o que favorece a capacidade de realização pessoal e profissional, já que as emoções podem ter um papel facilitador ou inibidor. Quando se assume a condição de observador em detrimento da de interlocutor é possível usar com leveza, as emoções úteis na construção da identidade da pessoa. Quanto maior a consciência sobre o que causa uma emoção maior a capacidade para compreender a emoção em si, seu significado e utilidade, entender que ela não é necessariamente negativa nem um reflexo do que sou. Dessa forma, simplesmente segue o seu curso e não se instala.
Criou o “life tools”. Gostaria que nos explicasse o conceito deste programa.
Life tools foi desenhado para sintetizar conteúdos que melhorem a qualidade de vida pessoal e profissional. Pretende estimular a inteligência emocional através da observação, percepção, criatividade, determinação, comunicação interna, serenidade e promover a confiança em encontrar respostas para a resolução de desafios. Tal promove o alinhamento da pessoa com ela própria e com o mundo ao seu redor. Por isto, o programa combina ferramentas de processos como a Programação Neurolinguística, Coaching e Mindfulness que, sendo transversais, criam e agregam valor no processo de desenvolvimento pessoal.
O programa “life tools” também foi desenvolvido para os adolescentes. Em que consiste?
A adolescência é uma etapa peculiar da vida. Surgem as incertezas, o medo de errar, de ser julgado, dificuldades para as quais o adolescente precisa estar preparado e com a atitude fortalecida. Daí a importância de capacitar para as mudanças e auxiliar o jovem a explorar seus recursos internos para aprimorar o processo de atenção, autonomia e decisão, além de potencializar a criatividade e a habilidade para falar em público. São duas vertentes de ação com o objetivo de despertar a inteligência emocional do adolescente para que possa atuar com eficácia em diferentes contextos.
E para mais de 40 anos?
Aí focalizo mais no universo feminino. As mulheres passam por alterações próprias da idade. Dúvidas, inseguranças, incertezas e medos passam a fazer parte da rotina de inúmeras mulheres. Passei por essa experiência e decidi partilhar as ferramentas que me auxiliaram a lapidar o conhecimento emocional para observar, com aceitação e sem julgamentos, essa nova fase da vida. Nos bastidores do visível e do invisível emocional, o obter respostas e ter uma atitude serena perante essas mudanças, tão especiais e plenas de oportunidades, é fundamental para encarar esse processo com naturalidade e subtileza.
Ser observadora permite um maior conhecimento do eu?
Quando observo, desloco-me do plano da reação para o da consciência. Permito-me observar os contornos da paisagem emocional e usufruir do espaço interno como alicerce da conexão entre o que se é e o que se deseja ser. Observar requer disciplina e treino. É uma habilidade presente em todos nós, que pode e deve ser trabalhada por meio da disciplina mental e prática de novos hábitos.
Como podemos contrariar o síndrome “burnout”?
Em linhas gerais, o síndrome é ocasionado pela sobrecarga de trabalho e caracteriza-se pela fadiga física, mental e emocional. Essa condição extenuante levada ao extremo gera um permanente estado de tensão e “explosão” emocional.
Estudos demonstram a importância de criar estratégias, como as pequenas pausas, para minimizar os efeitos, assim como fazer uso de um recurso disponível a todo momento: a respiração. Outra estratégia é a prática de exercício físico, caminhada ou qualquer outra atividade que proporcione lazer e relaxamento. É importante meditar, além de ser flexível para consigo mesmo, evitando a permanência de julgamentos internos.
Como podemos ser emocionalmente inteligentes?
Aceitando o momento e abraçando com generosidade a emoção acionada. Uma atitude acolhedora para consigo permite reconhecer a emoção e a reação orgânica inerente a ela. Em contrapartida, isso confere excelência na opção pela resposta mais sensata a uma dada circunstância, minimizando as reações automáticas, que nem sempre são as melhores, porque irreflectidas.
O que separa o “pensamento” emotivo do pensamento racional?
No paradigma da inteligência emocional as estratégias de decisão derivam de diferentes variáveis como meio ambiente, raciocínio, sentimentos e emoções. Não se trata de dicotomia, da existência de um em detrimento do outro. Trata-se da dinâmica sistémica da vida e da relação entre corpo, mente e cérebro representada na capacidade do sistema de criar alternativas para reinventar-se enquanto tal.
Isso significa que na solução de um problema, razão e emoção são faces de uma mesma moeda e o desafio é equilibrar esses dois enfoques para operarem em harmonia no momento de fazer as escolhas.
Como funciona a mente humana? Somos nós que complicamos?
Considero que é por meio de mapas elaborados pelo cérebro que seleciona a informação quando interagimos com o meio ambiente em que vivemos. Essas imagens, que são captadas pelos sentidos são guardadas na memória e passam a fazer parte da arquitetura mental. Geralmente, servem de referência, não apenas para a criação de outros mapas como também para ativar disparadores que remetam a uma experiência positiva ou não. Com uma certa regularidade, por vezes, somos nós que complicamos.
Qual a importância do coaching?
Além de estabelecer a ligação com a intenção, o coaching deseja é gerar congruência. O coaching é um modo eficaz para colocar atenção no foco e levar à reflexão de como faço para sair de um determinado estado e alcançar um estado desejado. Tal reflexão é importante na compreensão dos bloqueios que intereferem na resolução de uma circunstância.
Quais as ferramentas para liderar com sucesso?
Para adicionar valor ao contexto, um líder dever ter um mindset que ative as habilidades mentais para estabelecer uma comunicação eficiente e mobilizar o comprometimento. Desenvolver a inteligência emocional e a atenção plena favorecem a preparação emocional para enfrentar adversidades e alcançar excelência. Estar consciente das emoções ajuda a criar empatia – que é a capacidade de reconhecer as emoções do outro – de criar rapport e manter a automotivação na promoção dos pontos fortes que melhorem a performance e aumentam o bem-estar.