No final de 2023, publiquei o meu primeiro livro de crónicas “O Caderno Amarelo”. Foi uma edição de autor que me ajudou a continuar a trilhar o caminho da edição independente, ainda bastante desconhecido em Portugal.
O livro surgiu de forma muito espontânea. Em novembro de 2020, uma senhora sentou-se ao meu lado num banco de jardim em Lisboa e começou a contar-me a sua história de vida. Chamava-se Alice (mas não era a Alice do País das Maravilhas) e tinha tido uma infância muito traumática, nas mãos de uma mãe que lhe deixava passar fome e lhe batia.
A história da Maria Alice, contada como uma conversa entre duas amigas que não se viam há muitos anos, mudou o meu percurso na escrita. Regressei a casa e escrevi a história dela, num caderno amarelo, à mão. Depois disso, escrevi todas as histórias que vieram ao meu encontro, de encontros ou pessoas que tinha no bairro onde vivia em Lisboa.
Assim nasceu “O Caderno Amarelo”.
Tive então a ideia de criar uma marca de escrita que estivesse unida a este livro, de forma muito umbilical. Queria muito ajudar as pessoas através da escrita a resolver os seus problemas e orientar potenciais autores na área da edição independente. Também sonhava em criar uma chancela de escrita, para usar na publicação dos meus textos. Assim, da mãe “O Caderno Amarelo”, nasceu a filha “Pássaro Amarelo”.
A marca “Pássaro Amarelo” surge para dar resposta, através da escrita, aos variados problemas que as pessoas têm no seu dia a dia. A ideia surgiu-me, depois de uma amiga me ter pedido ajuda para agilizar um processo na Conservatória, em relação a um pedido de registo de nacionalidade, que já tinha sido submetido há muito. Prometi ajudar, mas confesso, não tinha grandes esperanças.
Após um e-mail, essa minha amiga recebeu uma chamada da Conservatória dois dias depois, a pedir uma correção nos dados que ela tinha apresentado com o seu pedido de nacionalidade. Tinha existido um erro com o registo do nome da mãe. A situação foi sanada rapidamente. Algum tempo depois, ela recebeu a confirmação que o processo de atribuição da nacionalidade estava concluído.
Através da escrita, resolveu-se um problema.
Assim surgiu um dos mais importantes serviços que ofereço às pessoas através da minha marca “O Pássaro Amarelo”. Escrita que Resolve.
As ideias acabaram por se formar na minha cabeça, de uma forma muito natural. Tinha assim um livro publicado com a minha chancela de escrita e um desenho mental dos objetivos que pretendia atingir com as palavras: ajudar as pessoas.
Mas queria mais.
Decidi agregar à marca “O Pássaro Amarelo” uma finalidade social: falar de causas. Quais? Causas que eu apadrinho há alguns anos: o Autismo e a Endometriose. Estou ligada a elas devido à própria história pessoal que eu tenho em relação às mesmas. Assim nasceu uma marca de escrita que ajuda as pessoas e tem um propósito social. Estes são os dois pilares fundamentais da “Pássaro Amarelo”. Crucial para esta resenha da marca é o facto de não ter nada à minha volta que expressasse o que me ia na cabeça.
Comecei então a perceber que tinha de trilhar o meu próprio caminho e encontrar “a minha voz”: afinal, quem era eu através da escrita? Será que sonhava apenas em publicar livros?
Outra questão que me assolava, era a questão da sustentabilidade. Como criar um negócio sustentável e socialmente justo? Não tinha respostas à minha volta para esta questão, dado que a viabilidade económica dos livros em Portugal é, como sabemos, muito residual. Tinha então, que criar uma outra realidade. Para além da Escrita Que Resolve, a Pássaro Amarelo pretende ajudar as pessoas através de outros serviços, que possam ser úteis e importantes para a sua vida pessoal e profissional, nomeadamente:
– Escrita de Conteúdos
– Escrita para Firmar Parcerias
– Edição e Revisão de texto
– Escrita de Memórias e de Histórias de vida
A Escrita de Memórias e de Histórias de vida representa um caminho vital do percurso que pretendo, que seja trilhado pela “Pássaro Amarelo”. Não nos podemos esquecer que a marca surge com a publicação do meu primeiro livro de crónicas “O Caderno Amarelo”. Este livro encerra memórias e histórias que me foram dadas a conhecer por diferentes pessoas que cruzaram a minha vida entre 2020 e 2021. Desde uma conversa no Centro de Saúde, até confidências feitas numa Caminhada, o livro pretende reunir histórias que inspiram e que fazem pensar.
Tive um prazer tão grande a escrever este livro, que decidi que “isto” (escrever
memórias) era mesmo algo que gostaria de fazer.
Para além disso, nos últimos anos, várias foram as pessoas que me confidenciaram a vontade de ter um livro sobre a sua vida ou a sua família. Percebi então, através de alguma pesquisa, que este tipo de serviço, não existia em Portugal: apesar da procura e do interesse das pessoas.
Decidi por isso, incluir a escrita de histórias de vida, como um dos serviços da “Pássaro
Amarelo”.
Sabemos que, hoje em dia, a grande tendência literária é o romance. Mas a verdade, é que está a crescer a leitura por Biografias e acredito, que essa tendência irá ser predominante daqui a alguns anos (quando falamos em hábitos de leitura). Hoje em dia, este é o meu género literário favorito.
A marca “O Pássaro Amarelo” surge após muitos anos de estudo, pesquisa e tentativas feitas na área da edição independente, com especial destaque para a Amazon. A Amazon revolucionou a forma como se publicam livros no mundo, dando instrumentos aos autores para se autonomizarem em relação às Editoras. É uma verdadeira revolução no mercado editorial, que deve ser tida em conta.
Se bem que, há alguns anos, este fosse um processo muito desconhecido, é hoje amplamente utilizado em vários mercados. A maior vantagem da edição independente é a liberdade!
Para quem me lê, talvez ache que sempre dominei a escrita de forma impecável. O que mais gosto de fazer, quando alguém lê a minha história, é contar aos outros que fui uma menina com algumas dificuldades na escola e aquela que mais dificuldade teve, em aprender as vogais. Na escola, sentia-me bloqueada com as palavras.
Essa relação com a escrita só mudou muitos anos mais tarde, quando num verão (deveria ter uns onze anos) comecei a ler de forma compulsiva. Em casa, peguei em todos os livros que tinha da coleção do Júlio Verne li-os de raja. Percebi que, a cada nova leitura, o meu vocabulário aumentava, bem como, a minha capacidade de comunicação. De repente, conseguia traduzir por escrito, exatamente aquele que ia no meu pensamento (parece algo simples, mas não é!).
Os hábitos de leitura que ganhei na pré-adolescência, fizeram milagres no meu vocabulário, na minha agilidade de pensamento, criatividade, sensibilidade e imaginação. Revolucionou, por completo, toda a perceção que eu tinha dos livros e as vantagens incontáveis da leitura. Fez-me um ser humano mais completo. Aquilo que vos conto, é inteiramente verdade. Nem sempre tinha facilidade com as palavras, muito pelo contrário. Gosto de desmitificar estas “verdades absolutas” de que nascemos para umas coisas, mas não para outras, porque isso dependente literalmente (e em grande parte), do esforço e do trabalho que colocamos nelas. Sem desfazer que, todos nós, temos as nossas próprias vocações.
Costumo dizer, que a leitura é a mãe da escrita. No meu caso, isso é mesmo verdade. Li de forma compulsiva desde aquele verão em que peguei nos livros de Júlio Verne até à Faculdade. Isso foi, sem dúvida, uma das melhores coisas que me aconteceu: descobrir o poder das palavras e a magia das histórias.
Volvidos muitos, muitos anos, faria tudo de novo: pegaria naqueles livros de Júlio Verne e estaria a lê-los com muito prazer, em vez de comer um gelado. Todos esses livros foram para mim, o maior ensinamento e a maior companhia.
Com isto, apenas posso dizer, que a “Pássaro Amarelo” é uma marca madura, crescida e que sabe bem o impacto que as palavras têm no mundo. Uma palavra, por mais simples que seja, pode mudar a nossa realidade para sempre: para o bem e para o mal. Esse é o poder da escrita. O poder de transformar vidas e de deixar em memórias, histórias que acompanham gerações.
Maria Inês Rebelo