Katty Xiomara iniciou o seu percurso no Portugal Fashion em 1996 ainda como estudante de Moda. É presença assídua nas edições nacionais.Participou também em algumas edições do Portugal Fashion Paris. Em 2005 iniciou a sua participação em feiras internacionais como a Bread & Butter, Berlim e Barcelona, e a Project, Las Vegas entre outras.
Em 2007 abre a sua loja atelier, numa casa secular situada na emblemática Rua da Boavista no Porto. É nesta mesma casa, em 2012, que recebe a visita oficial de sua Excelência o Presidente da República Portuguesa – Professor Aníbal Cavaco Silva, no âmbito da visita às indústrias criativas de excelência.
Desde setembro de 2013 apresenta as suas coleções na Semana de Moda de Nova Iorque. Nos anos de 2013 e de 2014 foi nomeada para melhor designer de moda pelos Globos de Ouro.
Em 2014 foi galardoada com o Silver Winner outorgado pela IDA “International Design Awards” e em 2015 repete este feito a dobrar. Para além de um novo Slver Winner foi-lhe atribuído uma Honorable Mention.
A marca Katty Xiomara está consolidada no mercado nacional e internacional. São quase 20 anos dedicados ao mundo da moda. Que balanço faz?
Pessoalmente, continua a achar que a marca está ainda em fase de crescimento. Apesar de a marca Katty Xiomara estar já presente no panorama da moda nacional há quase 20 anos, a verdade é que só construi a minha equipa de trabalho há cerca de dez pelo que considero que é ainda possível crescer mais. É verdade que a marca possui um destaque mediático bastante relevante a nível nacional. No entanto, ainda não temos um mercado consciente e apostado em consumir marcas e produtos nacionais – nesta gama, pelo menos – e a marca estrangeira acaba por ganhar terreno. E está é a principal razão de nos direcionarmos para o mercado internacional, apesar da agressividade da concorrência e da dificuldade de implementação de uma nova marca, sem qualquer expressão mediática… No entanto, e mesmo tendo esta noção, os resultados são bem mais positivos e expressivos.
Onde vai buscar a sua inspiração para a criação das suas peças?
Tudo aquilo que vejo, que ouço e vivencio são formas de inspiração e todas as minhas peças refletem isso mesmo. Penso que, de uma forma intuitiva, vou construindo uma compilação da minha própria vivência. Existe uma espécie de sensor estético que utilizo quase inconscientemente. O dia-a-dia vai-me dando as ferramentas necessárias para encontrar inspiração.
Qual o tema da coleção outono/inverno?
Esta coleção de inverno tem um mote central de inspiração, uma música antiga que muitas vezes lembro, ironicamente: el toro enamorado de la luna ou o toura apaixonado pela lua. Esta é uma música que nos transmite a ideia de um amor impossível, que nos faz pensar em distâncias e proximidades entre o dia e a noite, onde se adensa o misticismo da floresta. Esta é a minha inspiração para a coleção de inverno, o misticismo, os amores impossíveis…
Na sua opinião, quais as grandes diferenças entre moda nacional e moda internacional?
Antes de mais, e acima de tudo, a dimensão. Vivemos num mundo global, é certo, mas fisicamente pertencemos sempre a um local. Portugal é um país pequeno e, ao longo dos tempos, permaneceu fechado em si mesmo. Diria que se fechou durante demasiado tempo. É um país que construi uma história, mas que a esqueceu, não a aproveitou ou usou em seu favor. Mas também é esta forma de estar tão nossa que fez com que a corrupção cultural não se fizesse sentir como em outros países, penso que ainda permanecemos deliciosamente virgens neste aspeto e podemos aproveitar isso a nosso favor. Se, por um lado, não temos grande história no que concerne a moda, por outro lado, também não nos atribuíram títulos, não somos vistos desta ou daquela maneira. O que significa isto? Que podemos ainda criar a nossa imagem e as nossas características.
Ensinar futuros designers representa maior responsabilidade na apresentação de cada coleção? Qual o feedback?
É, de facto, uma grande responsabilidade e, acima de tudo, exige uma maior objetividade. Temos que ser capazes de demonstrar quais são as possibilidades, as responsabilidades e as repercussões de tudo aquilo que fazer, quer do ponto de vista ambiental, quer social.
Na sua opinião, o que é necessário para estar na moda?
Antes de mais, ter em conta a nossa personalidade e coloca-la no topo das prioridades. É fundamental que não absorvamos aquilo que o mercado nos oferece como exigência, mas ir mais além. Olhar para aquilo que o mercado nos oferece e interpreta-lo de forma muito pessoal e criando uma imagem única e muito nossa.
Que conselhos daria a quem quer mudar o seu estilo?
Sinceramente, mudar de estilo. Sem ataques ou ofensas, penso que são poucas as pessoas que, de facto, têm um estilo. E, portanto, há que o criar. Depois disso, o que posso é dar alguns conselhos para quem está a tentar criar esse tal estilo. Antes de mais, é obrigatório conhecer-se. Depois, há que ser honesta consigo própria, identificar o tipo de corpo que tem e reconhecer o estilo de vida que possui. Penso que identificados estes itens, será muito mais fácil descobrir o seu estilo. Quando sabemos quem somos e para onde queremos ir, as coisas fluem naturalmente.