As empresas imobiliárias apostam em espaços de coworking, com os olhos postos nos millennials e nas multinacionais. Nestes espaços cruzam-se nas escadarias dezenas de jovens trabalhadores a caminho de mesas com computadores, salas de trabalho e espaços para descontrair. O modelo do coworking parece ter virado moda.
Onde o tradicional de escritório traz rigidez, ele acena com flexibilidade e conveniência. Os prazos de arrendamento são consideravelmente menores, comparados com os cinco anos do escritório típico, e todos os serviços associados ao espaço ficam concentrados num pacote, pago ao dia, semana ou mês. Estes espaços estão fisicamente concebidos para satisfazer a geração millennial, a quem apetecer contextos mais descontraídos e de interação.
A Places, que investiu €200 mil na adaptação num edifício emblemático de três andares no centro de Lisboa, integra a vaga mais recente de espaços para coworking.
ESPAÇO AINDA É RESIDUAL
Números da Coworking Resources apontam para 18 mil lugares deste género existentes no mundo, valor que pode aumentar para 26 mil em três anos. Não é fácil estimar com exatidão a oferta a nível nacional. O site coworker.com refere cerca de 110 espaços em Portugal, perto de 75 dos quais em Lisboa. O boom do turismo que deu visibilidade a Lisboa e Porto, o talento qualificado e o custo de vida mais baixo ajudam a explicar, em parte, o desenvolvimento do fenómeno em Portugal, puxado pelo interesse de grandes multinacionais, indústrias criativas, jovens expatriados e nómadas digitais à boleia da mobilidade. A procura ativa e a quase residual oferta disponível de escritórios fizeram o resto.
A Cushman & Wakefield (C&W) avalia que o espaço ocupado pelo coworking, embora diminuto, esteja em crescimento nas principais áreas urbanas. Na Grande Lisboa a consultora estima uma oferta na casa dos 62 mil m², superando os 20 mil m² no Grande Porto. O peso em relação ao parque total de escritórios (que também estão a adaptar-se ao conceito) é de 1,4%.
Na maior parte dos casos, os operadores arrendam e adaptam espaços preexistentes, às vezes mesmo em edifícios de escritórios. Procuram localizações bem servidas de transportes, próximas de serviços, onde os utilizadores possam concentrar a sua vida profissional e pessoal.
Lisboa, onde a procura é mais evidente, foi também ponto de largada de duas das mais robustas cadeias nacionais. O LACS, que em junho de 2018 abriu o primeiro edifício junto ao Tejo, tem três localizações na região. Também a IDEA Spaces vai a caminho do terceiro espaço, que deverá permitir duplicar a capacidade total para 1 300 membros. Em ambos os casos, a oferta colocada no mercado é rapidamente tomada. Se no caso do espaço mais recente do LACS (o dos Anjos, inaugurado em abril), a ocupação atingiu 80% em três meses, a lista de espera para o novo edifício da IDEA Spaces (10 pisos na Defensores de Chaves) faz prever que 60% esteja tomado no soft launch, esperado para o final de 2019.
O apetite das grandes cadeias internacionais de espaços de coworking também se aguçou. A Second Home, há mais de dois anos em Lisboa, deverá abrir em 2020, no Rato, o segundo espaço na capital. A alemã Unicorn Workspaces deu, em julho, o primeiro passo além-fronteiras e criou 240 posições nos Restauradores e no Marquês de Pombal, num investimento de €500 mil. Naquela mesma praça, a Spaces preparava-se, no final de agosto, para inaugurar a sua presença lusa. A marca do International Workplace Group (IWG) ficará instalada em nove pisos no mesmo edifício da Regus, outra empresa deste grupo. Outro gigante mundial atento a Portugal é a WeWork, que há poucos dias anunciou a intenção de ir para a bolsa . Segundo o Expresso, terá estado à procura de um espaço no centro da capital, em 2018.
“AMENITIES” PARA TODOS OS GOSTOS
Com acesso à internet, água, eletricidade e segurança como patamar mínimo, a diferenciação (e muitas vezes o preço) advém das opções de serviços que se acrescentam. O LACS da Conde d’Óbidos anuncia galeria de arte, barbeiro e loja de tatuagens. No Places, os pais podem requisitar quem cuide dos filhos no trabalho ou recorrer a catering de comida asiática, serviços prestados nesta empresa.
Um novo modelo de trabalho que está a crescer que se baseia na partilha de espaço e recursos de escritório, reunindo aproveitando o espaço para aumentar a produtividade e fazer novos negócios através dos contactos de networking.
Partilha, é a palavra de ordem!