Marta Mendes HEAD OF COMMUNICATIONS DA CIMPOR
Marta Mendes não chegou à liderança por acaso, chegou com propósito, visão e uma escuta que transforma. Marta Mendes, Head of Communications da CIMPOR, é daquelas profissionais que não apenas comunicam: constroem pontes, moldam culturas e dão voz ao que realmente importa. Entre fábricas centenárias e estratégias digitais, Marta lidera uma revolução silenciosa, onde cada palavra tem peso, cada gesto tem intenção e cada narrativa tem impacto.

Era uma vez uma jovem estudante de Comunicação Empresarial que, ainda antes de terminar a licenciatura, decidiu que queria mais do que teoria. Queria prática, contacto direto com o mundo real, com os bastidores da comunicação. E foi assim que Marta Mendes deu os primeiros passos numa agência de organização de eventos, onde aprendeu que comunicar é, acima de tudo, escutar, adaptar e criar experiências.

Esse impulso inicial revelou-se um traço constante ao longo da sua carreira. “Quando terminei a licenciatura, comecei a trabalhar numa agência multinacional de marketing e publicidade, e essa experiência foi determinante para aprender a fazer, a adaptar-me a diferentes indústrias e necessidades”, recorda. Foi aí que percebeu que a comunicação não é uma fórmula, mas uma linguagem viva, moldada pelo contexto, pelas pessoas e pelos objetivos.

Mais tarde, ao transitar para o lado do cliente, Marta mergulhou em setores tão diversos como a beleza, a educação, o universo das start-ups e, mais recentemente, a energia e a indústria. Cada setor trouxe-lhe uma nova lente, uma nova urgência. “A passagem para a área da energia aproximou-me das questões da sustentabilidade, aportando um conhecimento e experiência que me foram determinantes na função atual.”

Trabalhou também num gabinete governamental, onde a comunicação ganhou uma dimensão política e institucional. “Foi estruturante a nível de public affairs, afirma. E prestou consultoria em projetos que lhe exigiram visão estratégica e capacidade de síntese. “Uma das facetas mais fascinantes desta carreira é esta possibilidade de aplicar as nossas competências técnicas core em contextos muito díspares, que tornam cada desafio uma oportunidade de aprendizagem contínua.”

A Liderança que se Aprende e se Partilha

A liderança, para Marta, não chegou com um cargo. Chegou com a responsabilidade de envolver, de formar, de inspirar. “Ainda durante o tempo em que estava em agência tive a oportunidade de gerir uma pequena equipa e aí percebi que a liderança começa pela capacidade de saber envolver as pessoas que trabalham connosco.” Essa consciência evoluiu com o tempo. “Uma boa mentoria acelera o crescimento nas organizações, o nosso e o dos outros.” E foi em momentos críticos que a comunicação revelou o seu poder transformador. “Lembro-me, por exemplo, de uma situação nas operações de uma das empresas em que trabalhei, em que a forma como a Comunicação de crise geriu um momento crítico com os stakeholders e os media ajudou a que a direção executiva passasse a acolher os contributos da Comunicação com maior confiança, mais apoio e reporte direto.” Foi aí que se tornou evidente: a comunicação não é acessória. É estratégica. “Quando as direções se apercebem do alinhamento estratégico da comunicação com os objetivos do negócio e das respostas transformadoras que podemos aportar, validam-se, não só as competências do profissional, como a importância do próprio departamento que representa.”

CIMPOR: Uma Marca em Reinvenção

Quando chegou à CIMPOR, Marta recebeu um desafio ambicioso: transformar uma pequena equipa num departamento robusto de suporte ao negócio. Mas não se tratava apenas de crescer em número. Tratava-se de crescer em impacto, em visão, em relevância. “O trabalho teve por base um olhar estratégico sobre tudo o que de interessante estava a acontecer na empresa, um movimento transformador da indústria, apoiado num investimento massivo em descarbonizar processos e atingir metas ambientais importantes.
Em 2024, esse eixo foi trabalhado em articulação com o departamento de Marketing, e a marca voltou a ganhar presença institucional nos meios. Em 2025, a estratégia evoluiu para colocar a Inovação no centro. “Sublinhando a capacidade extraordinária da CIMPOR de se adaptar aos diversos desafios tecnológicos ao longo das eras, resultando, por exemplo, em que a fábrica de Alhandra seja a mais antiga do mundo em operação contínua.”
Marta fala com entusiasmo sobre este momento decisivo. “É um privilégio estar a assistir a um desses momentos decisivos na empresa e na indústria, em que a CIMPOR se está a reinventar, revolucionando a forma de produzir cimento e assumindo-se como líder em inovação e digitalização no seu setor.” Este posicionamento estratégico não se traduz apenas em conteúdos. Traduz-se em cultura. “Molda uma cultura que gera orgulho organizacional e sentido de pertença, e acelera a adoção de comportamentos mais ágeis e adaptados a novas formas de trabalho, transformando os colaboradores em embaixadores de uma marca de que se orgulham.”

Comunicar com Propósito

Num mundo saturado de mensagens, Marta acredita que a autenticidade é o único caminho. “É fundamental que as organizações comuniquem com a máxima transparência e autenticidade possível.” A CIMPOR opera num setor complexo, em transformação. E a comunicação tem de acompanhar esse ritmo. “Saber celebrar as suas conquistas, mas estar igualmente ao seu lado nos momentos mais desafiantes.” As pessoas procuram proximidade, verdade, inspiração. “Numa época em que as marcas são mais do que uma referência de produto, mas um reflexo de afirmação de valores com impacto na sociedade e um agente de mudança.” E essa proximidade tem raízes. “Historicamente, a CIMPOR sempre desenvolveu as suas atividades em estreita relação com as comunidades em que está inserida, muitas das quais se desenvolveram, aliás, em torno e a par das próprias fábricas.” Por isso, Marta defende campanhas customizadas, com impacto local. “O primeiro desafio para um profissional de comunicação, ao ingressar numa empresa com décadas de atuação como a CIMPOR, é precisamente identificar e respeitar a história que a trouxe até ao presente, aportando o nível de inovação necessário para dar respostas a novos desafios, mas sem ser disruptivo na imagem que o público reconhece.”

Comunicação Interna: O Motor da Cultura

Com cerca de 1300 colaboradores em Portugal, Cabo Verde e Reino Unido, a comunicação interna da CIMPOR é um exercício de equilíbrio e inclusão. “Nem todos têm acesso contínuo aos mesmos canais de comunicação.” Por isso, Marta lidera projetos que democratizam o acesso à informação. “Estamos a finalizar a implementação de uma nova plataforma de Intranet, alinhada com as atuais necessidades e acessos do público-alvo e onde pretendemos introduzir ferramentas de IA.” Outro projeto é a amplificação do canal digital corporativo. “Que permitirá gerir mensagens customizadas e servir como motor de motivação e coordenação das equipas.” Mas a comunicação interna não vive apenas de tecnologia. Vive de proximidade. “Tem sido igualmente importante facultar eventos e iniciativas locais que reforçam os laços e a motivação dos colaboradores no seio das equipas em que as suas atividades se desenvolvem no dia-a-dia.” Mais do que uma mensagem centralizada, Marta acredita numa cultura estimulada localmente. “Em iniciativas em que os colaboradores se reconhecem e se tornam, eles próprios, porta-vozes da organização.”

Essência e Clareza num Mundo Saturado

Como se destaca uma marca num ambiente saturado? Mantendo-se fiel a si mesma. “As marcas não podem trair a sua essência, precisam de saber exatamente quem são, porque existem e porque comunicam.” A CIMPOR, diz Marta, tem mantido o seu ADN intacto. E isso é visível em todos os canais. “As pessoas esperam reconhecer o tom da marca transversalmente, em todos os canais em que está presente, e que esta devolva à sua atenção mensagens relevantes, transmitidas de forma simples e genuína.” O segredo está no alinhamento entre comunicação e ação. “Com respeito pela essência da marca, independentemente da necessária personalização ou inovação que se introduza em determinados formatos.”

Por fim, perguntámos a Marta que competências comunicacionais considera indispensáveis para uma mulher que lidera. A resposta foi clara: empatia, escuta ativa, assertividade e visão estratégica. “A comunicação é uma aliada na construção de influência, empatia e autoridade. Saber comunicar é saber liderar. É saber envolver, inspirar e transformar.” E Marta Mendes é, sem dúvida, uma líder que comunica com propósito, consistência e impacto — e que está a deixar uma marca indelével na história da CIMPOR e na forma como a comunicação pode ser motor de mudança numa indústria em reinvenção.

A Voz que Inspira: Liderar com Inteligência Emocional e Autenticidade 

Na sua trajetória como líder na área da comunicação, Marta aprendeu que o poder de influenciar não está apenas nas palavras que se dizem, mas na forma como se escuta, se sente e se age. “Penso que uma das mais relevantes é a inteligência emocional na forma como comunicamos e exercemos a liderança, permitindo-nos equilibrar assertividade e empatia”, afirma. Para Marta, a comunicação começa com escuta ativa. É essa escuta que permite antecipar contextos, adaptar mensagens e gerar impacto. “Isso aplica-se tanto à liderança de pessoas, em que a forma como comunicamos tem a capacidade de inspirar e conferir confiança às equipas, como à liderança de organizações, pela capacidade de transformar projetos em narrativas que envolvem stakeholders em torno de uma visão.”

Marta acredita que ver a humanidade nas pessoas e nas marcas é um dos maiores trunfos de uma mulher que lidera. E essa visão tem guiado o seu percurso, moldando equipas, estratégias e culturas organizacionais. “Fazer uso da capacidade de ver a humanidade nas pessoas e nas marcas pode ajudar uma mulher a exercer a sua liderança de forma impactante, quer na forma como comunica, quer como atua.” Mas antes de liderar os outros, é preciso saber liderar-se a si própria. E é com essa consciência que Marta deixa uma mensagem às mulheres que aspiram ocupar espaços de liderança com propósito e voz própria: “Antes de mais, é importante conhecermos bem a nossa própria voz antes de sermos a voz de uma organização. O reconhecimento do nosso modo de agir e dos princípios pelos quais nos pautamos conquista respeito e confiança na nossa direção.”

Essa coerência revela-se na forma como se lidera, como se comunica e nas causas que se escolhe apoiar. Para Marta, a autoridade não exige permissão — exige autenticidade. “As mulheres não têm de pedir permissão para ocupar espaços de liderança e podem conquistar autoridade sem perder a sua autenticidade e coerência.”
E conclui com uma ideia poderosa: “Devem reconhecer em si, e nas mulheres que as rodeiam, a força que advém de, assumindo uma vulnerabilidade positiva, defendermos assertivamente as nossas convicções e visão.”
Marta Mendes é, assim, uma das vozes que nos lembram que comunicar é mais do que informar — é transformar. E que liderar é mais do que ocupar um cargo — é inspirar com propósito, consistência e coragem.