Hélia Gonçalves Pereira é reitora da Universidade Europeia. Licenciada em Economia e doutorada em Gestão com Especialização em Marketing, admite que ser professora universitária sempre foi um sonho, embora o considerasse, numa primeira fase, longínquo. Ser reitora nunca esteve verdadeiramente nos seus planos, mas a sorte que considera ter – aliada a muito trabalho – permitiram trazê-la àquele que considera o maior desafio da sua carreira profissional.
No início do seu percurso, Hélia perspetivava enveredar pelo caminho da Engenharia Química. Alicerçada pelos encantos da ciência, visitou a faculdade para onde iria e facilmente percebeu que, por algum motivo, não seria feliz ali.
Como, apesar de estar na área de ciências, detinha também qualidades no que às Humanidades diz respeito, desfez-se de padrões, olhou em torno do mundo das possibilidades e decidiu candidatar-se a Economia, na Nova SBE. “Depois da experiência na Nova, admito muitas vezes que ainda bem que existe a possibilidade de tomar decisões de última hora!”, confessa.
Fez, mais tarde, uma Pós-Graduação em Estudos Europeus, no ISEG; depois, o MBA no ISCTE. Logo de seguida, o Mestrado em Gestão e, posteriormente, o Doutoramento, quando já era docente de Marketing no ISCTE. Nessa altura trabalhava em consultoria, na PriceWaterhouseCoopers e admite que o desenvolvimento de uma carreira académica não surgia, ainda, nos seus horizontes.
“Quando esta oportunidade surgiu, percebi rapidamente que, se pretendia crescer nesta área, tal não seria possível sem este grau académico. Dito isto, acabou por ser uma decisão natural, quer em termos do percurso que pretendi consolidar, quer pela opção da área de formação. O marketing encantou-me desde o primeiro encontro…. Foi uma paixão à primeira vista. E admito hoje, com algum distanciamento, que este caminho acabou por me preparar melhor para o enorme desafio que desenvolvo hoje na Universidade Europeia.”
Admite que ser professora universitária foi sempre um sonho, embora o considerasse longínquo. Pese embora ter sempre sido boa aluna, integrar o corpo docente de uma universidade era algo que se posicionava num sítio ainda difícil de alcançar. A proposta surgiu enquanto fazia a tese de mestrado: “Recebi o convite com um misto de espanto combinado com uma alegria imensa. Mas, também, com um enorme sentido de responsabilidade. A missão de um Professor é, do meu ponto de vista, das mais nobres, uma profissão verdadeiramente transformadora da sociedade, mas, exatamente por isso, das mais exigentes e onde o sentido de missão nunca pode estar distanciado do que projetamos em cada dia. Mais uma vez, foi este percurso que tive oportunidade de construir que garantiu os alicerces para a liderança académica da Universidade Europeia, que pretende ser verdadeiramente transformadora do ensino superior em Portugal.”
O grupo a que pertence a Universidade Europeia e que, em Espanha, tem mais três universidades, tem em todos os casos como líder académica uma mulher, curiosidade que espelha a abertura do grupo à evolução dos tempos, à igualdade e progressão. “Sinto que tenho que provar constantemente o meu valor, mas não por ser mulher. Por tudo aquilo que já referi, trata-se de um desafio enorme onde estamos sempre colocados à prova. (…) Isto dá-me muita confiança para poder afirmar que vivemos hoje novos e diferentes paradigmas de liderança, onde a questão do género será, tenho convicção, cada vez menos um tema, superado pela competência e profissionalismo. Tal como deve ser pois a liderança não tem género” assume.
Ainda falando em desafios, a reitora aponta este como o maior e mais intenso da sua vida. “Ser reitora de uma Universidade já seria, por si só, um enorme desafio. Adicionando o facto de a Universidade ter um plano estratégico que a colocará, nos próximos anos, num patamar ainda mais diferenciado do que o que detém atualmente, transforma-se no desafio de uma vida. Temos, para isso, os recursos financeiros e humanos. Uma equipa que, a todos os níveis, apoia à concretização dos objetivos que sentimos serem de todos. Temos e vamos continuar a investir na qualificação do corpo docente, em investigação e na necessária transferência de conhecimento, numa clara relação com o mercado. Não seria possível fazer isto sozinha, nunca é. Projetos de uma vida serão sempre de um coletivo. Queremos ter uma universidade cada vez mais consciente de ser parte de uma sociedade global, que premeia os valores da cidadania, diversidade, mobilidade e multiculturalidade. A tecnologia é também hoje uma dimensão fundamental num mundo sem fronteiras; um mundo onde o conhecimento deve ser integrado e multidisciplinar. Em 2021 vimos aprovada a primeira faculdade online numa instituição privada de ensino superior. Temos hoje estudantes com necessidades diferentes, com estímulos e motivações diferenciadas, a necessidade de uma aprendizagem ao longo da vida, obrigam a uma visão diferente da formação tradicional. Nesse sentido, não poderia haver um melhor alinhamento com o meu perfil pessoal. Gosto da mudança e gosto de contribuir para que ela aconteça em benefício, neste caso, dos nossos estudantes, e da Sociedade em geral.”
De um ponto de vista profissional, foram mui- tas e boas as oportunidades de abraçar muitos projetos, crescer, aprender e evoluir. Focada nos objetivos e com resultados à vista de todos, realiza-a a concretização, o “fazer acontecer”. No que respeita a objetivos futuros, Hélia abre o coração e confessa: “O que almejo? Continuar a poder fazer a diferença. Ser desafiada e aprender, aprender sempre. Verdadeiramente? Quero continuar a ter projetos que me façam feliz! Defendo que a dimensão felicidade é fundamental no nosso percurso.”