ANDREIA AGOSTINHO, DIRETORA DE MARKETING DA FRUTORRA

Andreia Agostinho, Diretora Comercial e Marketing da Frutorra

1- Quais são as características indispensáveis a uma boa marketeer?

Diria que as mesmas que a um bom marketeer. Obter um lugar de destaque no mercado de trabalho pressupõe trabalho, dedicação, persistência, curiosidade e paixão pelo que se faz. Para mim são ingredientes indispensáveis, aliás, a qualquer profissional.

2- O que é que precisa de mudar para que uma mulher em posição de destaque deixe de ser notícia?

Normalizar que as mulheres, até pelas suas características intrínsecas, são boas líderes. As generalizações são sempre perigosas, mas considero que naturalmente temos uma capacidade empática e de inteligência emocional, que se revela, especialmente nas posições de chefia. Gosto de acreditar que ultrapassámos o estigma de que as mulheres são demasiado emocionais para liderar, e sim que, exatamente por compreendermos melhor a dimensão emocional, afastada do próprio ego, promovemos um ambiente de trabalho mais positivo e motivante para as equipas.

3- Diriam que um homem, para chegar onde vocês se encontram hoje, teria de fazer os mesmos sacrifícios?

Diria que dependerá em grande parte das dinâmicas familiares. Onde acredito que exista um sacrifício maior é no equilíbrio entre a vida pessoal, especificamente no universo da maternidade, e a vida profissional. A maioria das mulheres tem ainda um papel vital e preponderante no dia-a-dia do universo familiar, muitas vezes sem um verdadeiro apoio. Culturalmente, ao longo dos tempos, as mulheres tiveram que conciliar o cuidado com a casa, marido e filhos, com a sua vida profissional.

É extremamente difícil hoje em dia conciliar uma vida familiar harmoniosa com uma carreira bem-sucedida, implica muito esforço, sacrifício e capacidade de trabalho.

Outro ponto importante está nas próprias empresas e na sua cultura: não importa ser apenas um bom profissional, é necessário que os cargos de Direção reconheçam e permitam a evolução profissional no feminino, promovendo os benefícios da liderança diversificada. Pessoalmente, e por outro lado, não apoio a discriminação positiva, ou medidas como a implementação de um rácio obrigatório de chefias femininas. Evolução, apoiada em qualquer forma de discriminação, diminui a própria meritocracia da mulher nesta conquista.

4- Numa sociedade onde os homens ocupam a maior parte dos cargos de destaque, uma mulher líder sente mais pressão em fazer um bom trabalho?

A liderança sem pressão não existe. Para mim essa pressão é uma motivação adicional e um driver, e felizmente faço parte de uma empresa que tem 50% da sua Direção no feminino. As expectativas estereotipadas das mulheres enquanto líderes, não devem ser uma barreira, e sim algo a desmistificar pela qualidade do trabalho desenvolvido.

Preocupa-me que em Portugal ainda tenhamos uma liderança extremamente masculinizada, e que uma mulher em cargo de destaque seja a exceção e não o modelo. Assim como as subtis formas de discriminação, levem à limitação da promoção das mulheres, funcionando como barreiras invisíveis.

5- Que conselho dariam a uma mulher em início de carreira, com o desejo de alcançar uma posição de destaque na área do marketing?

Sermos espíritos inquietos. Sempre querer saber mais, fazer melhor, procurar conhecimento, saber que chegamos mais longe com a ajuda de quem nos rodeia, e saber aplicar com humildade os ensinamentos que resultam das nossas experiências.

Procurar ser assertiva na capacidade de tomar decisões, além de nos permitirmos espaço para aprender, errando.

É essencial ser-se apaixonada pelo que se faz. Sempre que fazemos alguma coisa por outro motivo que não seja fazermos o que gostamos, realmente não estamos a agir pelas razões certas e isso vai refletir-se no nosso trabalho.