ANA MORAIS, MARKETING MANAGER DA URBAN SPORTS CLUB PORTUGAL

Ana Morais, Marketing Manager da Urban Sports Club Portugal

1- Quais são as características indispensáveis a uma boa marketeer?

Creio que as características mais importantes – tanto para homens como mulheres – são pensamento crítico sobre o negócio, para reconhecer os pontos fortes e fracos e usá-los da melhor forma, ousadia para ver além do óbvio e do estabelecido, capacidade de adaptação a novas realidade e humildade para aprender. Quem trabalha em marketing não pode ser estanque, tem de estar sempre disponível para conhecer e testar novos formatos. Acrescentaria ainda que é essencial acreditarmos no que estamos a comunicar.

2- O que é que precisa de mudar para que uma mulher em posição de destaque deixe de ser notícia?

Se for notícia por bons motivos, e referentes ao negócio ou conquistas, deve sempre ser notícia! Mas se nos referimos a ser notícia apenas por ser mulher, diria que a frequência. Quanto mais frequente for vermos mulheres em posições de destaque e liderança, mais normal e menos “disruptivo” isso será, passando o foco para o trabalho e os resultados, e menos para questões de género.

3- Diriam que um homem, para chegar onde vocês se encontram hoje, teria de fazer os mesmos sacrifícios?

É inegável que se espera que as mulheres façam mais e maiores sacrifícios, especialmente quando se trata de encontrar um equilíbrio entre a vida profissional e familiar. Existe ainda a expectativa de que é suposto uma mulher abandonar ou abrandar a carreira após ter filhos, por exemplo, para assumir o papel de cuidadora, enquanto o homem assumiria o papel de provedor. Até porque, se não o fizer, não é uma boa mãe. Isto porque, primeiro, ainda vivemos numa sociedade patriarcal. E depois porque ainda assumimos que existem papéis definidos para homens e mulheres, tanto no contexto familiar como fora dele. Já para não falar no preconceito do que é efetivamente uma família, pressupondo sempre a existência de um homem e uma mulher (biologicamente falando).

4- Numa sociedade onde os homens ocupam a maior parte dos cargos de destaque, uma mulher líder sente mais pressão em fazer um bom trabalho?

Honestamente, acredito que ainda é o caso. Especialmente em indústrias e empresas mais tradicionais, ou onde grande parte dos cargos de destaque seja ocupado por homens, acredito que as mulheres têm sempre uma pressão extra para não falharem – porque se falharem num cargo de destaque, é por que são mulheres não aptas para aquele cargo, e não pelo pressuposto humano de errar e aprender. Não digo que seja uma preocupação sempre presente, mas que tem o seu peso. Ainda assim, creio que a maioria das mulheres que chega a cargos de destaque consegue focar-se no que é realmente importante e não se deixar levar por esse tipo de preconceitos.

5- Que conselho dariam a uma mulher em início de carreira, com o desejo de alcançar uma posição de destaque na área do marketing?

Acho que o principal, como já referi antes, é acreditar no que estamos a comunicar. Diria também para estar sempre aberta a aprender mais e melhor, com quem tem mais experiência e outro tipo de valências. Mas isto vale para qualquer pessoa em qualquer área, na verdade! Especificamente para as mulheres em marketing: ser corajosa, confiante e quebrar preconceitos. Confiar nas capacidades e no poder de crescimento e ter coragem para arriscar e dar sempre o próximo passo. A nossa forma de vestir não afeta os resultados do nosso trabalho, tal como o nosso corpo ou a nossa pele também não. Ignora os naysayers, foca-te no que tu queres e põe-te a caminho!