Edilene foi atriz durante vários anos no Brasil, mas quando se mudou para França percebeu que tinha perdido o seu propósito. Foi no coaching que encontrou a sua vocação e se reencontrou. Agora afirma ser uma mulher realizada e ajuda os outros a alcançar o mesmo.
Desde criança que Edilene sonhava ser artista, viver em cima do palco, com os holofotes virados para si e a atenção do público reservada. Queria ser cantora e dançarina, mas acabou por ser atriz. Como designer de moda, começou por fazer figurinos para as peças de teatro. Demasiado tímida e com medo da rejeição, fez amizades no teatro e disponibilizou-se para substituir sempre que algum ator faltava aos ensaios. Com facilidade para decorar textos, foi descoberta, estudou e dedicou-se à área durante vários anos.
Ser atriz permitia que vivesse vária vidas. “Cada personagem me trazia ensinamentos de como superar adversidades, subir no palco e dar vida a um personagem me libertava da minha própria vida que por muito tempo não amei”, conta. Através das personagens podia dar asas à sua imaginação e libertar as suas emoções. Com o trabalho de campo, ao analisar o comportamento de pessoas reais em situações parecidas com a da personagem que iria interpretar, aprendeu a ser muito mais empática. “Isso me fez olhar o outro sem julgamento, ouvir na essência, ver pelo seu olhar, sua perspetiva, me colocando verdadeiramente no seu lugar”, revela a atriz.
A indústria do cinema e do teatro são complexas, com muitas variações. Sendo atriz durante vários anos, transborda de histórias para contar sobre a profissão. Uma vez, enquanto fazia de polícia numa curta-metragem, foram gravar uma cena dentro da favela na Bahia. A produção era inexperiente e não avisaram que utilizariam armas falsas ao final da tarde. A claquete soa, a ação começa: Edilene e mais 8 atores vestidos de polícia federal, com arma em punho na escuridão. O resultado foram “bandidos reais” a correr pelo mato. “Continuamos a cena, no final eu só pensava que a cena foi bem feita a ponto de os bandidos correrem e que poderia ter morrido”, relembra. “E o pior, o filme nem foi comercializado.”
Em 2013, decidiu mudar-se para França, em busca de si mesma, de viver o amor, conhecer outras culturas e aumentar a sua bagagem pessoal. Durante 8 anos, tentou viver de acordo com o molde de vida francês. Deixou de ser uma atriz e produtora, que trabalhava 20 horas por dia, sem férias há 12 anos, com bons rendimentos, mas sem segurança nem permanência, para trabalhar no horário convencional, de segunda à sexta, com férias e salário fixo. “Ou seja, trabalhar a semana toda esperando o fim de semana, trabalhar o mês todo esperando o dia do pagamento e trabalhar o ano todo esperando as férias o que me levaria a trabalhar a vida toda esperando a aposentadoria”, ilustra. Foi nesse período de tempo que julga se ter desconectado completamente da sua essência.
Atualmente vive seu propósito como coach pessoal e considera-se uma mulher realizada. No entanto, o caminho para cá chegar foi moroso. Edilene sofria com síndrome de pânico e um dia foi internada com uma crise tão forte que ficou entubada durante 12 horas a fazer vários exames. No final, o médico não a conseguiu diagnosticar nem ajudar. Foi esse o momento em que percebeu que precisava de se reencontrar e procurar o seu propósito.
Ajudar os outros foi um instinto natural que a acompanhou na sua vida – conselheira de turma, incentivadora da sua família e amigo e até de estranhos, olhava o próximo com amor e preocupação. Através do teatro, ajudava muitas pessoas indiretamente e até pensou voltar à faculdade para terminar o curso de psicologia. Por isso, quando teve o primeiro contacto com o termo coaching, por acaso, teve a certeza de que essa era a sua verdadeira vocação. Partiu para a pesquisa e o estudo e passou pelo processo de coaching para testar na primeira pessoa a transformação que o processo pode gerar na vida de alguém. Formou-se na área, praticou e pratica autocoaching e dedica-se a ajudar os seus clientes a alcançarem os seus objetivos.
A maior parte das pessoas que a procuram encontram-se desmotivados por não se sentirem reconhecidas, sobrecarregadas com as suas tarefas, stressadas pela exigência do trabalho, sem tempo para fazer tudo o que precisam, ansiosas e muitas vezes confusas com quem são e o que realmente querem.
Há casos em que pretendem mudar de carreira, muitas vezes por causa do ambiente do trabalho, pela falta de reconhecimento ou a busca de melhores salários. “Ou até mesmo a escolha no passado da profissão errada. Tudo é avaliado num nível mais profundo para entender qual tipo de mudança trará real satisfação”, explica a coach.
Muitos destes problemas tem a raiz no trabalho e para além da mudança pessoal, deveria existir também uma mudança dentro da cultura e do mercado empresarial para criar melhores condições para os trabalhadores. O burnout, a depressão e ansiedade no trabalho são cada vez mais recorrentes. Para Edilene, a solução passa pelo desenvolvimento de profissionais, líderes e equipas com maior conhecimento de si e entendimento do outro – “o ideal seria as empresas investirem mais em desenvolvimento pessoal das equipas, porque o profissional antes de tudo é uma pessoa, e as empresas são feitas de pessoas.” E cada pessoa age, sente, aprende e executa de formas distintas.
Só através da cooperação, comunicação e empatia se pode resolver estes problemas. Se os funcionários conhecerem bem os seus recursos e tiverem uma boa gestão de tempo e clareza nos seus objetivos profissionais e pessoais, todas as partes saem a ganhar – “a empresa que terá um profissional mais dedicado eficaz, que bate as metas com eficiência, os colegas e colaboradores ganham porque tudo começa a funcionar como uma orquestra sinfônica e a pessoa em si que terá mais tempo de qualidade para si e para a família , será mais leve fazendo seu trabalho alinhado com quem é”, garante.
Igualmente necessário é eliminar a discriminação dentro do mercado de trabalho. Edilene confessa já ter sofrido de discriminação por ser mulher e por ser brasileira a viver num país europeu. Lamenta que algumas pessoas julguem a capacidade “pelo sexo, nacionalidade, idade, cor, número de diplomas e tantas outras formas de discriminação”. A nossa bagagem pessoal, as nossas experiências, devem ser uma vantagem, aliadas ao nosso conhecimento técnico e académico.
É esse o seu olhar sobre o mundo: todas as suas experiências, lugares onde passou, pessoas que conheceu, tornaram-na na pessoa que é hoje. Cresceu numa família de matriarcas, “mulheres fortes e independentes”, mas também trabalhou em ambientes predominantemente masculinos e tem dois filhos adultos. Assim, consegue atender e entender as necessidade e dores de ambos.
“Fui líder e liderada, empresária e profissional contratada, o que me facilita trabalhar com esses públicos de forma empática com comunicação assertiva e para trazer melhores resultados”, acrescenta.
Edilene Abreu
Coach e Analista Comportamental
E.: ninacoachabreu@gmail.com
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