QUEM É QUEM: Joana Pessoa, Fadista

Joana Pessoa, Fadista - Créditos: Activa

UM XAILE, UMA GUITARRA PORTUGUESA, UMA VOZ E MUITO SENTIMENTO

Joana Pessoa é fadista desde os 15 anos. Sempre se cantou fado na família, portanto não foi uma surpresa que Joana se dedicasse a essa ‘herança’. Lembra-se da primeira noite que cantou em público e quando conheceu Amália Rodrigues no Clube de Fado, e outros fadistas mais velhos, como Alcino de Carvalho, Maria de Nazaré, e Beatriz da Conceição.

 

Mesmo as fadistas têm de ter uma profissão e, além do fado, Joana nunca foi mulher de um ofício só. “Eu queria trabalhar com crianças em situações de crise e fui para Relações Internacionais, para depois ser colocada numa Save the Children.” Apaixonou-se, casou com 20 anos e percebeu que a sua vida não ia ser a salvar crianças no outro lado do planeta. “Especializei-me em economia internacional e estava à espera de odiar tudo, mas, curiosamente, adorei.”

QUANDO A FADISTA VESTIU PRADA

Joana Pessoa, Fadista Créditos: Activa

Voltemos ao fim do curso, com a Joana mãe duas crianças pequenas. “Eu queria ser mãe com tempo, mas também não queria ficar totalmente parada. Fiz investigação pedagógica na Faculdade de Ciências, trabalhei na Caixa Geral de Depósitos e no Banco Espírito Santo, montei a minha empresa…”

Eis que a Prada entra na sua vida. “A diretora da Louis Vuitton em Portugal na altura, a Alda Salavisa, com quem já tinha trabalhado, recomendou-me à Prada. Eu já detinha o franchising, em Portugal, da Farrutx, mas coincidiu com um período em que estava em casa com o meu filho mais novo, a gozar em pleno a maternidade. Fui à entrevista, não estava nervo- sa, achei que nunca me iriam escolher. Depois chamaram-me para ir a Milão. E qual é o meu espanto quando me dizem que tinha sido escolhida”.

Revelou-se uma parceria de sucesso. Foi diretora e brand manager da Prada experiência que adorou. Chegou a gerir uma equipa com 35 pessoas. “Muitas vezes o objetivo da empresa não é o objetivo da pessoa e entram em choque. Mas isto é um proble- ma universal e ultrapassa-se. Foram muitos anos na Prada. Entrei quando abriu a primeira loja em Portugal, saí quando precisei de mudar de vida.”

Ser diretora da Prada em Portugal mudou a sua relação com a moda, afirma “Aprendi imenso. Tinha a responsabilidade de zelar pela imagem da marca. Mas sempre fui muito discreta, na forma como me vestia e me apresentava.”

PAIXÃO POR PORTUGAL

Tem muitos outros projetos: um romance, um CD de fados tradicionais e letras suas, um de mantras em sânscrito, uma página de ioga, ‘namasté’. Mas o fado continua a ser na sua essência, onde canta o sentimento, os desgostos de amor, a saudade de alguém que partiu, o quotidiano e as conquistas. Afinal, os encontros e desencontros da vida são um tema infinito de inspiração o que lhe aquece a alma. E o seu sonho é trazer o presente das vidas de hoje para o passado do fado antigo. Joana escreve letras, quer para ela quer para outros cantores, onde as suas canções transmitem invariavelmente sentimentos.

“Um xaile, uma guitarra portuguesa, uma voz e muito sentimento. Símbolo reconhecido de Portugal, esta simples imagem pode descrever o Fado, uma música do mundo que é portuguesa”, Joana Pessoa.