A PRODUÇÃO NACIONAL COMO PREFERÊNCIA DO CONSUMIDOR

Vanda Morgado, diretora da Aligrupo
Enquanto inúmeras empresas pararam a sua atividade devido à propagação do novo coronavírus no país, a Aligrupo não pode parar. Em entrevista à revista Liderança no Feminino, Vanda Morgado partilha a missão do grupo para com as famílias portuguesas, e pede o apoio do consumidor à produção nacional.

Como diretora de um grande conjunto de empresas detidas por produtores de pecuária, Vanda Morgado partilha que a missão da Aligrupo é a de concentração da produção, possibilitando a criação de uma economia de escala para produtores de diferentes dimensões. O objetivo é garantir o poder negocial nas relações comerciais, assim como, colocar no mercado produtos diferenciados que respondam às exigências dos consumidores. Vanda afirma que o facto de concentrarem a produção confere uma maior capacidade negocial, sendo que são o primeiro agrupamento de produtores de suínos a ser reconhecido a nível nacional. Isto traduz-se em inúmeros desafios, nomeadamente, o da uniformização e redução dos custos produtivos dos seus agrupados e, principalmente, a obtenção das melhores condições para comercialização dos seus animais, que representam 8% da totalidade da produção nacional.

Este empenho, esforço e dedicação faz com que a Aligrupo venda, desde o ano de 1994, os considerados melhores porcos do mundo.

MANTER A ECONOMIA A CIRCULAR FAZ PARTE DOS OBJETIVOS DA ALIGRUPO

A produção da Aligrupo não é centralizada, sendo o seu âmbito de atuação a nível nacional. O grupo tem agrupados do Norte ao Sul do país, do interior ao litoral. Apesar da oferta ser concentrada a partir de um escritório central, privilegiam que a colocação dos animais seja feita a nível local, resultando não só na redução de custos logísticos, como na redução da pegada de carbono.

Vanda Morgado afirma que um dos valores transversais a todos os agrupados é o da sustentabilidade ambiental.
A diretora destaca ainda a importância da economia circular no setor, afirmando que não consegue perceber porque é que o nosso governo, ao invés de incentivar a utilização de efluentes pecuários, numa ótica de economia circular e boas práticas ambientais, dá livre trânsito a fertilizantes químicos, que são utilizados na nossa agricultura, esses sim contaminantes dos nossos recursos.

O IMPACTO NO SETOR PODE SER MINIMIZADO COM O APOIO DO CONSUMIDOR

Vanda concorda que se torna primordial optar pelos produtos nacionais e apoiar a agricultura portuguesa agora, em particular, mais do que nunca. Considera que é essencial incentivar o consumo de produtos nacionais pelo que, neste momento, os suinicultores portugueses estão com dificuldades de escoamento dos seus animais, enquanto a nossa autosuficiência é de apenas 75% do que produzimos.

A grande distribuição do país continua a não priorizar a produção nacional e, só o consumidor pode mudar a forma da grande distribuição agir.
Ainda sobre a situação atual, em que o país e o mundo atravessam uma situação de pandemia, Vanda acrescenta que Portugal não é soberano a nível alimentar e que, se as fronteiras fechassem, não seria possível alimentar o país.

Pela sua análise, o setor primário nunca foi considerado essencial aos olhos dos governantes do nosso país. Com a crise com que todos nós nos vimos a braços, Vanda afirma que haverá um grande impacto no setor. É necessário que haja um apoio à produção nacional, para que num horizonte a 10 anos podermos ser autosuficientes em carne de porco.

A SITUAÇÃO ATUAL EXIGIU UMA MUDANÇA ESTRUTURAL, MAS A ALIGRUPO É DAS EMPRESAS QUE NÃO PODE PARAR

Face aos ajustes da Aligrupo perante o novo coronavírus, COVID-19, Vanda Morgado afirma que os objetivos e metas delineados passam, acima de tudo, por garantir o bem-estar animal, garantindo a alimentação e os seus cuidados médico-veterinários, sabendo já que se vão deparar com várias limitações, pelas quais terão de redobrar esforços a fim de as contornar.

Por outro lado, a diretora indica que é necessário garantir o escoamento da produção, o que confessa não estar a ser uma tarefa fácil, dado que o encerramento de toda a restauração e hotelaria levaram a uma alteração de consumos por parte dos portugueses.

Relativamente às mudanças do modo de trabalho, Vanda partilha que o Plano de Contingência do grupo foi acionado e que toda a equipa está a dar tudo de si.

Não é possível alimentar os animais à distância, por teletrabalho, tão pouco é possível produzir ração e fazê-la chegar às explorações através de videoconferências. A equipa trabalha por turnos, com regras de biossegurança muito apertadas.

No que respeita aos fornecedores, estes têm garantido os serviços mínimos, embora o grupo já sinta vários constrangimentos. Os hábitos de consumo alteraram-se e os produtores de leitões sentem uma dificuldade de escoa- mento brutal.

SÃO AS FAMÍLIAS PORTUGUESAS QUE DÃO ÁNIMO PARA CONTINUAREM A TRABALHAR

Vanda partilha que o tecido humano da Aligrupo é composto por mães, pais, filhos e filhas, mas, acima de tudo, tem pessoas fantásticas, que todos os dias conseguem fazer com que tudo continue a funcionar. Todos têm dado um bocadinho mais de si. Desta forma, juntos, conseguem que a roda continue a girar e o trabalho flua.

Entre teletrabalho, turnos e receios, a equipa tem conseguido que todos os portugueses tenham carne à sua mesa, durante as refeições em família. “São também as famílias portuguesas que, neste momento, precisam de nós, que nos dão ânimo e que não nos deixam parar!”,afirmaVandaMorgado. Pelo valor que a produção do grupo tem, é importante que consumam o que é português, o que é nosso. É fundamental o apoio aos nossos suinicultores. Por isso, fica a mensagem a todos: “escolham comprar o que é nacional”.

Vanda Morgado
Diretora da Aligrupo – Agrupamento de Produtores de Suinos C.R.L.
www.grupoali.pt
Email: geral@grupoali.pt