No dia 21 de novembro de 2017, a Fundação Portuguesa das Comunicações recebeu a Conferência Anual da International Coach Federation (ICF) Portugal, o maior evento de coaching no nosso país. A conferência, que contou com a participação de grandes nomes do coaching a nível nacional e internacional, teve lotação esgotada, fator representativo do crescente interesse por este tema no nosso país.
A abertura da conferência ficou a cargo de Helena Anjos, presidente da ICF Portugal e Professional Certified Coach (PCC), que exemplificou numa simples frase a essência do coaching: «para que as luzes do outro sejam percebidas por mim, devo por bem apagar as minhas, no sentido de me tornar disponível para o outro» (Mia Couto).
Seguiu-se a intervenção de Luiz Gamito, Presidente do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos, que trouxe uma noção importante a ter em conta nos processos de coaching: «o ser tem quatro portas». São elas o pensamento, o afeto, o comportamento e a biologia. Para que o coach tenha uma perceção total da identidade do coachee, necessita de compreender todos estes prismas.
Carolina Menezes, PCC, abordou um conceito inovador, denominado “Traversiamo”, ligado a um dos objetivos do coaching, que pretende transitar a mente de um estado fechado para uma postura aberta. Passar de um formato objetivo, para o modo sonhador. A coach refere que a mente tem dificuldade em lidar com o desconhecido e, em momentos de incerteza, entra em “modo de sobrevivência”. Neste contexto, o processo de coaching pode ajudar a perceber qual é o estado desejado pelo coachee.
Também PCC, João Sevilhano relembrou que antes e depois da técnica estão a intenção e a intuição. O coach tem estudado sobre a arte da conversação, que remete às cidades londrina e parisiense dos séculos XVIII e XIX. Nessas épocas, eram comuns tertúlias, nas quais os participantes eram proibidos de falar sobre política, religião ou de si. O coaching revê-se precisamente nesta abnegação e na capacidade de escutar o outro.
Na sua intervenção, Dulce Soares, presidente do ICF Brasil, destacou a importância da presença da Federação em vários países, o que possibilita a união e partilha de ideias. A PCC ainda explorou a “a arte de fazer coaching”, na qual se “estranha o familiar e se familiariza o estranho”. O coaching é isso mesmo, ter a capacidade para sair da zona de conforto.
Paula Capaz, professora e uma das mentoras da Coaching-pt, fez outra viagem no tempo, até à era de Sócrates. O filósofo afirma que “o conhecimento está dentro das pessoas, as pessoas são capazes de aprender por si mesmas”, uma ideia que se adapta na perfeição à arte do coaching. Nas suas aulas, a coach adota esta postura de modo a promover a evolução dos seus alunos.
A conferência contou ainda com a participação de Aida Chamiça, Executive e Team Coach e a primeira portuguesa a alcançar o nível de certificação MCC (Master Certified Coach) pela ICF. Realçou o facto de cada sessão de coaching ser uma surpresa, onde existe um processo de descoberta entre dois intervenientes. Este pode ser desconstruído em várias etapas como a abertura ao desconhecido, a autenticidade do coach e a aceitação do processo.
Ana Teresa Penim, PCC, abordou o perdão nas relações profissionais e a importância do coaching para libertar o coachee do ressentimento, originando uma sensação de liberdade. Neste contexto, citou Buda, “guardar ressentimento é como carregar carvão com as mãos com o objetivo de atirá-lo a alguém, mas é quem o carrega que se queima”, e Gandhi, “os fracos não conseguem perdoar, o perdão é um atributo dos fortes”.
Para terminar, Sofia Calheiros, fundadora da ICF Portugal, trouxe o original conceito de efeito rapid e retard. Muitas empresas procuram o coaching com um objetivo concreto e o intuito de obter resultados rápidos. No entanto, o coaching identifica-se mais com a modalidade retard, podendo ser usado para “concertar” pessoas e contribuir para o seu desenvolvimento pessoal, originando um efeito prolongado.