Fundado em 2016, o The Nora Cavaco Institute International Center of Neuropsychology and Autism é atualmente uma referência nacional e internacional. Uma marca registada e confiável, no que concerne a investigações ligadas à neurociência com especialização no autismo. A equipa multidisciplinar é uma das maiores valias deste centro de investigação, com representação em vários países, como Brasil, Peru e Argentina. O trabalho de Nora Cavaco e da sua equipa é conhecer, de forma aprofundada, o nosso cérebro e ajudar as crianças, os jovens e as famílias com perturbações do neurodesenvolvimento.
EM 2016 FUNDOU O THE NORA CAVACO INSTITUTE INTERNATIONAL CENTER OF NEUROPSYCHOLOGY AND AUTISM. DE QUE FORMA SURGE O CENTRO DE INVESTIGAÇÃO?
O The Nora Cavaco Institute International Center of Neuropsychology and Autism nasceu da vontade de dar respostas às necessidades formativas dos nossos profissionais e famílias, sobre as perturbações do neurodesenvolvimento com ênfase nos estudos e intervenção no autismo. O centro de investigação surge então, desta necessidade de demonstrar as evidências dos resultados obtidos, através da nossa intervenção, das estratégias e das técnicas de atuação que utilizamos e de produzir material de estudo, que fosse possível de divulgar para conciliar essa resposta às necessidades dos nossos profissionais e famílias sobre estas questões. O centro de investigação incide assim, na produção de trabalhos científicos, através de estudos de casos, da supervisão clínica e dos atendimentos efetuados, sejam de forma transversal ou longitudinal, contribuindo assim, para um maior enriquecimento da nossa prática profissional e da prática de todos aqueles que podem usufruir destes recursos através do que fazemos no instituto e no centro de investigação. Atualmente temos células do Instituto, e desta forma, pesquisas a decorrer e também trabalho de atendimentos com aconselhamento e orientação em várias cidades e países nomeadamente Brasil, Peru, Argentina. O instituto cresce assim em vários países e cidades.
Todos os anos são realizados seminários no Brasil e em Espanha sobre Desenvolvimento Infantil e este ano, em setembro de 2020, nos dias 25/26/27 irá decorrer o Primeiro Congresso Mundial de Interfaces da Psicologia: atualizações e pesquisas no Algarve, mais concretamente, em Faro, onde todas estas questões e pesquisas serão debatidas e refletidas.
O SEU PERCURSO PROFISSIONAL ESTÁ MUITO LIGADO À ÁREA DA NEUROCIÊNCIA. ENQUANTO INVESTIGADORA, O QUE A FASCINA NESTE CAMPO TAMBÉM ASSOCIADO AO DESENVOLVIMENTO HUMANO?
O campo das neurociências é realmente fascinante, porque possibilita-nos o acesso a um conhecimento que nos permite entender a funcionalidade típica e atípica do ser humano. Entender o desenvolvimento humano é entender como o sujeito entende o mundo mesmo nas suas peculiaridades. Sabendo que a mente é produto do cérebro, é imprescindível entender este cérebro (os pensamentos, as emoções e os comportamentos e como se interligam) que é tão simples e simultaneamente tão complexo, e que, nos permite reabilitar-nos, através da neuroplasticidade e da capacidade adaptativa que nós seres humanos possuímos.
Enquanto investigadora e ligada às neurociências conhecer o cérebro é respeitar as múltiplas funcionalidades que o mesmo apresenta, é redescobrir diariamente que podemos reinventarmo-nos das mais variadas formas, e que é possível assim, potencializarmos cada vez mais, os nossos recursos, as nossas capacidades mesmo que inicialmente nos surjam ténues e frágeis. As neurociências permitem-nos acreditar que é possível investir na mais pequena célula que o Ser Humano possa ter, porque ela pode desenvolver-se, multiplicar-se, aprender e assim voltar a SER mais sábia e mais forte! Este é o trabalho que desenvolvo e que acredito em prol das crianças, jovens e famílias com perturbações do neurodesenvolvimento.
TAMBÉM AS INVESTIGAÇÕES SOBRE O AUTISMO SÃO UMA DAS REFERÊNCIAS DO SEU INSTITUTO. QUE SINAIS DEVEMOS ESTAR ATENTOS PARA UMA INTERVENÇÃO PRECOCE?
A pessoa com a perturbação do espectro do autismo apresenta-se desde muito precoce com características específicas e persistentes na comunicação e interação social recíproca, com padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades o que muito limita e compromete a sua vida diária. Pesquisas neuropsicológicas trouxeram-nos uma visão enriquecedora sobre o desenvolvimento da criança e as disfunções cerebrais, o que nos permite conhecer e avaliar para uma intervenção mais ajustada e consciente junto da pessoa autista. É extremamente importante quando falamos em autismo atuarmos precocemente. E é possível, já que falamos de uma problemática cuja principal característica é a dificuldade em interagir, relacionar-se socialmente e, desta forma, dificuldades em comunicar.
O autismo é possível de ser detetado desde as primeiras manifestações sociais, logo desde tenra idade, nas relações diádicas (entre bebé e progenitor ou cuidador) e ao longo do desenvolvimento aquando se dão as primeiras aquisições sociais, comunicacionais e emocionais. Os sinais a que devemos estar atentos numa fase precoce, logo desde a primeira infância, são mesmo as respostas corporais (linguagem corporal) da criança para com a mãe ou cuidador, se é responsivo aos estímulos, ao toque (avaliar se responde adequadamente ou se revela apatia ou resposta emocional exagerada), se revela também foco ocular (se segue objetos com o olhar ou não revela interesse algum às solicitações ou estímulos); se reage ao nome, se reage aos tons de voz, se gosta de ser agarrado, tocado, se revela gostar ou entender os afetos e as respostas a esses afetos. Muitos sintomas e indicadores estão presentes a nível de comportamento e comunicação social que nos podem rapidamente situarmos a criança um quadro de perturbação do espectro do autismo desde uma primeira infância.
Atualmente com uma correta avaliação e diagnóstico, e percebendo quais os sinais e características a que devemos estar atentos, e estes, revelarem-se como um padrão nos vários contextos, possibilitam-nos intervir precocemente, potenciando a criança através do que tem preservado, das suas capacidades, estimulando-a, criando e promovendo situações de aprendizagens, com recurso a técnicas e atividades ajustadas no sentido de minimizar o agravamento do quadro seja ele de um autismo de grau leve, moderado ou severo. Aos dois anos de idade ou até menos (após se dar a maturação para a linguagem verbal, construção de primeiras frases estas simples) podemos fechar um diagnóstico de autismo se entendermos, verdadeiramente, quais os critérios nucleares quando se trata o autismo.Entender e avaliar o autismo entendendo os seus sintomas desde tenra idade, é sem dúvida a melhor forma para atuar no desenvolvimento de habilidades sociocomunicacionais e emocionais que são as suas maiores dificuldades ao longo da vida.
QUAL A IMPORTÂNCIA DE UMA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA?
A avaliação neuropsicológica é fundamental para percebermos o potencial de aprendizagem da pessoa alvo da avaliação. Numa perspetiva neuropsicológica de avaliação e reabilitação, é possível traçar novos caminhos para um maior entendimento sobre as funcionalidades e as funções executivas no autismo.
Considerando que a perturbação autística apresenta na sua generalidade um prejuízo significativo ao nível das suas funções intelectuais, entre outras, já mencionadas ao longo deste capítulo, este transtorno invasivo do desenvolvimento caracterizado por atrasos, limitações e desvios a nível das competências e habilidades sociais, comunicacionais e outras funcionalidades como a intelectual e executiva, a avaliação neuropsicológica que incide na expressão comportamental das disfunções cerebrais permite, uma amplitude de recursos a testes específicos para avaliar as inúmeras funções executivas facilitando-nos o acesso a dados qualitativos e quantitativos que nos possibilitam um conhecimento mais pormenorizado e um entendimento mais específico para o delineamento de estratégias de intervenção, para a reabilitação neuropsicológica, para trabalhar os aspetos cognitivos, comportamentais e emocionais, que possam estar prejudicados e preservados, associados a quadros de disfunções. Tudo no intuito de melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida das crianças e adolescentes.
QUAL O PAPEL DA COMUNIDADE ESCOLAR NO ENTENDIMENTO DO QUE É SER AUTISTA?
A comunidade educativa tem um papel extremamente importante. Deve estar devidamente formada e informada sobre o que é o autismo, as formas como pode se manifestar a criança e o jovem autista e desta forma adequar as estratégias educativas para esta realidade. Sem um trabalho transdisciplinar e de equipa não é possível este caminho que se revela único e complexo pela diversidade comportamental (pela intensidade, interesses, comportamentos da pessoa com autismo) em que se manifesta. Desta forma é emergente, mais e melhor formação (especializada) e uma sensibilização cada vez maior para esta realidade, que cada vez mais surge nas nossas famílias e escolas. Só é possível quebrar preconceitos e barreiras com mais e melhor conhecimento. A verdadeira inclusão só é possível através de aprendizagens adequadas e de aceitação plena do que é diferente. Cabe à comunidade educativa adquirir e promover mais conhecimento e situações formativas e sensibilizadoras numa interligação entre casa, famílias e escola visando a verdadeira inclusão e igualdade/equidade de oportunidades.
O SEU INSTITUTO É TAMBÉM CONSTITUÍDO POR UMA EQUIPA INTERNACIONAL. COMO CARACTERIZA A SUA EQUIPA DE TRABALHO?
A minha equipa de trabalho é selecionada e formada segundo as minhas abordagens, e a minha forma de intervenção, enfim, posso dizer o meu método. Esta equipa é constituída por psicólogos clínicos e educacionais, professores, médicos, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, enfermeiros, arterapeutas entre outros técnicos de vários países e cidades. Mantemos a supervisão e a discussão de casos que são de todos nós, e desta forma o sucesso ou insucesso de um caso, mesmo que não esteja diretamente comigo, não deixa de pertencer-me. Somos uma equipa de profissionais numa abordagem dialética e transdisciplinar em que acredito pela dedicação, pela partilha, com que trabalham. A paixão do nosso trabalho não tem fronteiras. Tudo isto pelos pais e pelas crianças e jovens de todos os lugares já que as necessidades não têm cor, nem fronteira, nem nenhum limite para nós.
O THE NORA INSTITUTE É UMA REFERÊNCIA NACIONAL E INTERNACIONAL. COMO FUNDADORA QUE BALANÇO FAZ DESDE A FUNDAÇÃO DO INSTITUTO?
Estamos sem dúvida a expandir-nos e a crescer cada vez mais. O nosso maior interesse é desenvolver um trabalho de pesquisa, formativo e de atendimento personalizado e que possamos generalizar pelos resultados positivos que alcançamos. Por isso promovemos eventos diversificados. Porque queremos cada vez mais expandir o que fazemos realizo palestras a nível nacional e internacional, aplico rigorosamente uma avaliação cuidada e uma intervenção detalhista ajustada à faixa etária, à estimulação adquirida, ao potencial de cada criança e jovem, às famílias. As nossas técnicas e terapias são igualmente ajus- tadas às necessidades da pessoa autista. O acompanhamento e apoio parental assim como aos professores, também são uma prioridade para mim, para nós. Acredito que estamos a crescer de uma forma sólida e conscienciosa. O balanço de uma forma geral, é muito positivo e gratificante porque somos uma só voz, numa rede alargada que atravessa oceanos. Hoje, o Instituto é uma marca registada, reconhecida e confiável. Foi necessário muito trabalho, empenho, vontade de ver acontecer e acreditar que era possível. Um trabalho de formiguinha mas que hoje já deu os seus frutos, em vários locais do mundo. Sinto-me realizada e feliz.
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