Maria João Martins construiu a MY CHANGE há 18 anos, mas pelo caminho foi ajudando pessoas e empresas como pôde: enquanto diretora de recursos humanos do grupo EDP, mais recentemente, e como consultora para a Deloitte e para a Iberconsul, há quase duas décadas. Não obstante, é como coach e especialista em Change Management que Maria João se sente mais prestável, realizada e inovadora.
A Liderança no Feminino teve a oportunidade de falar com a líder no Congresso RH 2023, no Pestana Palácio do Freixo, onde moderou a mesa-redonda sobre a felicidade e a cultura organizacional, assunto que trata intimamente. A disposição para ajudar os outros cresceu com a líder, que viveu rodeada por dois irmãos e uma cultura de entreajuda e empenho incutida pelos pais, em que “o sentido de responsabilidade era oxigénio e celebravam-se as conquistas de cada um como se fosse de todos” confessa.
Esta orientação para a complementaridade, para o empenho e a conquista de oportunidades levou Maria João a vários cargos, todos relacionados com os recursos humanos, como líder de departamentos e no “desafiante mundo da consultoria”, ainda que o primeiro sinal desta paixão pelo ser humano tenha sido a formação em psicologia, que lhe saciou a “profunda conexão com as complexidades das atitudes e comportamentos humanos”, remata.
Já a psicologia das organizações surge pela curiosidade e pelo impacto. Maria João tem provas dadas, não só a nível pessoal, mas ao nível dos programas de gestão de líderes e equipas que ministra, de que o desenvolvimento pessoal contribui para o sucesso coletivo e consequentemente para ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos.
Para Maria João, “empresas felizes tendem a ser mais produtivas”, uma vez que a felicidade dos colaboradores está associada a um aumento da motivação, da criatividade e do compromisso.
Bons líderes, são boas pessoas e contagiam os seus colaboradores através do exemplo. A liderança não se preocupa unicamente com os valores, as cifras, mas também com a potencialização, o empoderamento de quem o rodeia. Neste caso, ambientes de trabalho positivos “promovem também uma cultura que favorece a colaboração e a inovação” diz Maria João que lidera pelo exemplo.
“Eu acho que as pessoas seguem os meus conselhos porque eu sou a primeira a dar o exemplo”
A liderança humanizada, a dedicação às pessoas que a caracteriza, reconstrói-se todos os dias quando volta para casa, para junto da família, que, assim como quando era criança, lhe ensina sobre muito coisas, lhe dá “lentes novas e transformadoras” que aplica na vida profissional.
Considera-se muito espiritual e simbólica, de forma que tudo a que se propõe tem um significado, “cada gesto conta” e pode ter um resultado significativo na vida de alguém, “por isso, mesmo tendo por vezes pouco tempo, tenho sempre a atitude de me dar aos outros”, remata.
O seu maior desafio, logo no início da sua carreira, é um exemplo desta empatia e dedicação às pessoas. Aos 28 anos, enquanto responsável pelo departamento de RH, precisou fechar uma empresa com 600 pessoas. O objetivo, de certa forma pessoal, era manter a esperança, as expectativas e o foco desses trabalhadores intactos. Foi praticamente a última a sair porque, para si, o seu dever era ajudar todas essas pessoas, da melhor forma que pudesse – a encontrar novos empregos, a redirecionar as habilidades, a reconstruir a confiança.
Hoje, esse amor e dedicação de Maria João têm nome e metodologias. A My Change possui muito do caracter da líder e da sua sócia, Teresa Fialho, à parte do coaching e da psicologia, a consultoria que oferece é especializada em Change Management.
As soluções personalizadas adaptam-se às necessidades dos clientes e o foco na estratégia envolve muita criatividade e a possibilidade de autotransformação, autoconhecimento e autenticidade.
Maria João garante a sua total atenção, resultados significativos e duradouros, inovação e a busca incessante pela satisfação do cliente.
Considera-se uma eterna aprendiz e sonha em mudar o mundo para melhor, por isso a motivação para encontrar os bons caminhos de evolução nunca se cingem, unicamente, aos seus clientes, mas também à sua equipa.
“Não é possível achar que a mudança está sempre fora de nós”
Enquanto líder, acredita no poder do contributo e em delegar funções porque gosta, essencialmente, de ser surpreendida. É adepta de convicções e inspirações coletivas e, por isso, gosta de dar votos de confiança e ver como as pessoas crescem quando têm espaço para fazer as suas propostas.
Muito do seu trabalho requer a sua atenção pessoal, o seu exemplo, a sua visão das coisas e, não raramente, transborda estas emoções para as suas sessões de coaching. A consciência do espaço “um para um” é cada vez mais bem aceite e eficaz, sobretudo na evolução da autoconsciência e no fortalecimento individual.
Para Maria João, as melhores sessões de coaching são as mais intensas, “aquelas em que sentimos que abanamos positivamente o outro”, diz. Nestes casos, poder testemunhar a evolução dos seus clientes é uma dádiva e um momento de aprendizagem para a líder e para os mais céticos porque “o coaching chega a parecer mágico no modo como oferece muito mais do que a pessoa imagina”, acrescenta.
Os serviços que a My Change oferece desdobram-se em torna de quatro áreas: aprendizagem de novos comportamentos, comunicação estratégica e valores, alinhamento de recursos humanos e o desenho organizacional e de estruturas.
A abordagem pode ser individual ou coletiva, mas parte frequentemente de uma metodologia mais focada no indivíduo para um trabalho mais grupal/ organizacional.
A líder acredita que a mudança não é algo que aconteça apenas externamente, mas também dentro de cada um. A capacidade de influenciar ou conduzir mudanças por meio de escolhas, atitudes e ações pessoais leva a mudanças significativas não só no seu entorno, mas da própria pessoa – melhor atitude em relação a si própria, às suas conquistas, às pessoas que o rodeiam.
Maria João tem o exemplo perfeito de um cliente (e amigo) que mudou as suas crenças e revolucionou a sua vida. O admirável mundo novo, como a líder conta, de um CEO que abraçou o empreendedorismo, internacionalizou-se e, hoje é uma referência no setor da saúde em Portugal e lá fora.
No caso, a mudança foi sobretudo interna, livre de circunstâncias externas, mas bastante congestionada com receios de crescer, adaptar e evoluir.
A My Change não deixa de ser uma empresa, que vive de uma boa gestão, mas sustenta-se da felicidade que Maria João nutre dos momentos em que se sente útil para as pessoas. A sua liderança é, assim, um alinhamento entre a gestão e as pessoas, a estratégia e a inovação. Nada é estanque e por isso também delega, caso seja necessário.
“Não há uma abordagem única para o sucesso na liderança” o que significa que o um bom líder não precisa de um plano linear, mas de alguns princípios fundamentais. Para Maria João, é importante que a liderança comunique eficazmente, seja empática e respeitosa, inspire e tome decisões firmemente, enquanto é recetiva a opiniões de pessoas que impactam tais decisões.
Seja resiliente, íntegro e ético de forma a criar um ambiente seguro e onde todos se sintam respeitados.
Acredita que a mentoria e o desenvolvimento possam ser uma mais-valia, tanto para a descoberta ou criação de valores mais adaptados à sua realidade. O equilíbrio, a conciliação entre a vida pessoal e o trabalho não raramente são realidades a adaptar – um líder eficaz entende a importância de cuidar de si, de ter outros interesses e hobbies.
No caso de Maria João, a felicidade e o trabalho que a My Change lhe dá não a impossibilita de ser sócia do negócio de design garden e plant stylists da filha – a Curae.
Maria João admite que o sucesso não é só o corporativo, mas aquele que conta com o “desenvolvimento e bem-estar daqueles com quem fazemos a viagem”, por isso é importante alcançar a oportunidade de moldar não só o destino das organizações, mas também de “impactar positivamente a vida daqueles que lideramos”, diz.
“Ao longo da minha carreira, aprendi que o verdadeiro poder da liderança reside na capacidade de inspirar, capacitar e colaborar”
Para as mulheres líderes, a paixão deve abraçar as conquistas e enfrentar os desafios quer sejam externos ou internos, pessoais ou coletivos. Capacitar e empoderar quem nos rodeia “pode ser difícil, mas é muito mais difícil se nos esquecermos deles”, termina.