Durante 20 anos, Ana Margarida Mendes dedicou a sua vida à Banca. Até um dia dar ouvidos à menina que um dia fora, e que sonhava em fazer de cada casa um lar. Reinventou-se e deu à luz a HOOST, que é hoje um marco de referência do Home Staging em Portugal.
A capital viu Ana Margarida Mendes nascer, crescer, e fascinar-se com a temática das casas. Recordar a infância é voltar a uma época em que deambulava pelas ruas a “observar todos os prédios com luzes acesas” e percebia “como cada pessoa/família vive dentro de casas semelhantes, mas de forma tão diferente”.
Este encanto podia tê-la conduzido à Arquitetura, ou até mesmo ao Design de Interiores, contudo, as escolhas que Ana foi fazendo levaram-na à área da Gestão de Empresas, onde se formou (mais especificamente na vertente de Marketing). Durante cerca de duas décadas, exerceu funções numa instituição financeira, tendo estado, nos últimos anos, na área da comunicação institucional.
Apesar da formação base em gestão, Ana Margarida Mendes considera-se uma pessoa criativa, e sentiu sempre a “necessidade de desenvolver essa vertente”. A paixão por casas fez com que se mantivesse conectada ao negócio imobiliário. De forma não vinculada, ao longo da carreira, foi realizando vários projetos de Home Staging, embora, na altura, não fosse um conceito que “conhecesse, ou que sequer pensasse que podia ser uma profissão”. Mas a verdade é que, em 2016, disse adeus ao setor financeiro e optou por dedicar-se exclusivamente ao Home Staging, preparando imóveis para venda e arrendamento.
Na opinião de Ana, “o setor imobiliário é indiscutivelmente sensorial, altamente visual e aposta todas as cartas nas primeiras impressões”. A Home Stager salienta que “os primeiros 90 segundos de visita a um imóvel são determinantes”. Pode parecer pouco, mas é considerado o tempo suficiente para um cliente se rever naquele espaço, ou simplesmente rejeitá-lo. Quer seja para comunicar um serviço, produto fi- nanceiro ou um imóvel, Ana revela que “o importante é saber chegar ao cliente final, captar a sua atenção e despertar o instinto de compra”.
Em 2014, quando decidiu vender a sua casa, surgiu a ideia de torná-la o mais apelativa possível, desde o design às fotografias utilizadas para a promover. “Não me fazia sentido vender apenas uma casa. Pretendia transmitir aos potenciais compradores o tipo de lifestyle que os esperava ali”, conta. O certo é que a antiga casa de Ana encontrou novos moradores logo na primeira semana em que esteve à venda.
Quatro anos depois, deu mais um passo e abraçou uma nova aventura. Fruto do seu desejo de marcar a diferença, a HOOST tornou-se no projeto de Ana Margarida Mendes. Trata-se de uma empresa de consultoria em serviços na área do Home Staging, pois, segundo a fundadora, tornou-se “evidente que o mercado necessitava deste tipo de serviço”. Ao navegar por portais imobiliários, a Home Stager atentava em como existiam milhares de imóveis “mal apresentados e fotografados”, o que a levava a pensar: “como é possível apresentar desta forma os imóveis?”. Achava inconcebível não se valorizarem os pon- tos fortes e tentar disfarçar os fracos.
Assim, na sua empresa, o lema seguido passa por “analisar cada imóvel com ‘olhos de comprador’”. A HOOST convida os funcionários a “calçar” os sapatos do cliente, identificando “assoalhada a assolahada o que pode ser impeditivo de uma boa venda” e, dentro do que for possível, alterar estes aspetos.
Quando começou esta atividade e foi marcando presença no mercado, Ana confessa que foi mais fácil captar a atenção de investidores, porque pensam: “eu invisto, eu recebo”. Explica ainda que, quanto aos consultores imobiliários, estes começaram “por não dar muita importância ao tema”, até porque, segundo alguns, “tudo se vende”. No entanto, Ana Margarida frisa que “os tempos mostram que não é bem assim” e que um imóvel preparado com recurso a Home Staging pode valorizar entre 7 a 15%.
A Home Stager julga que agora “está cada vez mais claro para os consultores imobiliários que, mais do que nunca, os imóveis mais bem apresentados são os que se vendem primeiro”. No seu entender, são evidentes as razões pelas quais todos os consultores imobiliários e proprietários de imóveis devem recorrer a esta ferramenta de marketing.
Em primeiro lugar, Ana destaca que o Home Staging gera mais visitas aos imóveis. Tendo em conta que “90% das pessoas procura casa através da internet”, as que estão mais bem preparadas são as que chamam mais à atenção e, consequentemente, recebem mais pedidos de visita. Ana também garante que o Home Staging impede baixas de preço, já que “quando um imóvel fica muito tempo no mercado, uma das primeiras coisas ajustadas é o preço”, o que prejudica a rentabilidade dos clientes. Terceiramente, aponta a redução do tempo de comercialização, pois com o Home Staging, o poder de negociação fica do lado do vendedor. “Tempo é dinheiro”, afirma Ana, e “reduzir o tempo que um imóvel demora a ser vendido deve ser a prioridade”. Em quarto lugar, Ana valoriza o facto de o Home Staging perdurar na memória. Faz das palavras de Dan Dewitt as suas:
“As pessoas podem esquecer o que lhes disse, mas nunca vão esquecer como as fez sentir”.
O Home Staging cria emoções, sensações e experiências memoráveis. Por último, Ana Margarida sublinha a importância da confiança que o Home Staging gera na relação com o cliente. Trabalhar com um Home Stager “permite ao consultor imobiliário destacar-se pelo cuidado que tem na apresentação de cada imóvel”, conta. Uma imagem cuidada gera confiança nos proprietários, e como Ana diz, “a confiança não tem meio-termo, ou se tem, ou não se tem”.
No decorrer das ideias anteriores, no entender de Ana Margarida Mendes, “Home Staging significa vender através dos cinco sentidos”. Existem pessoas que são mais visuais, outras mais auditivas, e outras até cinestésicas. Isto implica recorrer a técnicas de neuromarketing para atrair todas. Assim, o Home Staging assenta em cinco pilares básicos: limpar e reparar; descongestionar e organizar; redistribuir os móveis no espaço; boas fotografias e um bom anúncio. Estes dois últimos acabam por, cada vez mais, ter extrema relevância, já que é através deles que se “despertam os sentimentos, desejos, e sonhos do consumidor”.
Passados seis anos desde a fundação da HOOST, e fruto dos resultados apresentados, Ana confessa já terem trabalhado com investidores nacionais e estrangeiros, clientes particulares, proprietários de alojamento local, promotores e consultores imobiliários.
A qualidade e excelência da empresa são comprovadas pelos prémios recebidos. Em 2023, a HOOST foi distinguida pela SCORING com a Certificação “Top 5% Melhores PME de Portugal”, 1o lugar europeu em Best Luxury Home Staging em 2020 e 3o lugar na mesma categoria em 2022 (prémios atribuídos pela EAHSP). Ana Margarida Mendes declara que “ é um reconhecimento da nossa visão e estratégia na prepara- ção dos imóveis antes de entrarem no mercado de venda (…), reforça o nosso posicionamento como líderes no sector”. Acrescenta que esta distinção de gestão “incentiva-nos a fazer mais e melhor a cada dia”.
Já conta com uma longa carreira profissional. Fazendo uma retrospetiva, Ana Margarida Mendes admite que o momento mais difícil foi quando deu por terminado o seu percurso de 20 anos na Banca, para ouvir o seu coração e seguir a sua vocação.
No fundo, declara que o que a move é “a paixão e o poder de transformação […] o antes e o depois. A magia do fazer acontecer. O impacto que esta manobra tem na vida das pessoas e o que lhes pode trazer”.
A Home Stager acredita naquilo que faz, assim como “no impacto que o Home Staging tem na valorização de um imóvel”. Acrescenta que cada projeto que desenvolve a enche de orgulho. Não nega existirem “dias mais stressantes, mais duros”, mas não são suficientes para encobrir todos os outros em que não se sente “a trabalhar, mas a fluir”. Diz ser feliz e acredita que “a vida nos dá coisas boas quando fazemos alguma coisa por elas”.
Na opinião de Ana Margarida Mendes, que, atualmente, é uma mulher de sucesso, uma boa líder é alguém que “tem paixão pelo que faz e lidera pelo exemplo”. Atribui ainda importância à capacidade de inspirar, motivar, comunicar e resolver problemas com a equipa, não desvalorizando o “incentivo ao desenvolvimento pessoal e individual” de quem lidera.