Uma autêntica “pessoa de pessoas”, Cláudia Grancho decidiu fundar a sua empresa, PrioVida. Contudo, a pandemia pôs fim a esta oportunidade, mas abriu-lhe a porta para o setor imobiliário, na RE/MAX. Mais tarde, graças à presidente da Associação Portuguesa de Home Stagers, Rita de Miranda, descobriu e apaixonou-se pelo Home Staging, uma “ferramenta poderosíssima” que agora utiliza na venda dos seus imóveis
Sou casada, mãe, agente imobiliária e Home Stager”: é assim que Cláudia Grancho se descreve. Com uma carreira ilustre de quase 30 anos, a profissional é um exemplo no setor imobiliário, graças ao seu trabalho na RE/MAX Duplo Prestígio e, também na área do Home Staging – uma estratégia de marketing criada em 1972 por Barb Schwarz que está a crescer no mundo e em Portugal –, tendo recebido a certificação de Home Stager profissional pela Associação Portuguesa de Home Stagers (APHS). Mas como é que Cláudia chegou aqui?
Sendo “uma pessoa de pessoas”, que sempre “gostou de interagir, de ajudar e de comunicar”, a profissional de 51 anos decidiu tirar a licenciatura em Psicologia Social e das Organizações no ISPA (Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida), a qual terminou em 2005. Enquanto estava no ensino superior, Cláudia trabalhava como comercial na L’Oréal Portugal, estando “sempre ligada às vendas”. Foram, assim, “cinco loucos anos entre trabalho, faculdade e casa”, tudo em “full-time”, revela.
Depois de passar por vários cargos, desde consultora de empresas familiares na Unilco a gestora de negócios no grupo Partners Finances, Cláudia “aventurou-se” e, em 2013, decidiu criar a sua própria empresa, PrioVida, ”especializada nos cuidados a prestar a crianças e a seniores”. Com “o sonho de tornar o babysitting [num] serviço comum de contratação recorrente em Portugal”, a empresária pretendia “criar as condições necessárias aos pais que queriam recuperar a sua vida social, continuar a sair e a namorar ou a evoluir na carreira”, dando-lhes “a confiança de que os seus filhos ficavam entregues a profissionais qualificados e experientes”. Ao “talhar o seu caminho [e ao] quebrar preconceitos”, a PrioVida, em apenas oito anos, “fez milhares de horas de babysitting a clientes nacionais e estrangeiros” e foi “parceira de negócios dos melhores hotéis da grande Lisboa, das melhores empresas de organização de eventos”.
“Bem-sucedida”, a empresa contava com “três pessoas no escritório e cem pessoas qualificadas a trabalhar no terreno” e apresentava “um bom volume de faturação” e, mais importante, “o reconhecimento de clientes e parceiros”. A empresa foi até reconhecida com o “Prémio Cinco Estrelas – Melhor Empresa de Babysitting do distrito de Lisboa, por três anos consecutivos”, segundo a sua fundadora. Durante este período, Cláudia percebeu que lhe “faltavam competências de gestão” e, por isso, entre 2014 e 2015, decidiu tirar uma Pós-Graduação em Gestão Empresarial no ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão).
Anos mais tarde, a pandemia da COVID-19 chegaria e acabaria por ser a causa do fim da PrioVida, que teve de ser encerrada em 2021. “Parar um projeto meu e de sucesso foi uma decisão muito ponderada, sofrida, mas consciente”, revela Cláudia.
Contudo, isto não fez a empresária parar. No mesmo ano, por achar “necessário mudar”, a Home Stager “respondeu a um anúncio para Recursos Humanos”, mas “surgiu a hipótese de abraçar uma carreira” no setor imobiliário e não olhou para trás, começando a trabalhar como consultora imobiliária na RE/MAX Grupo Duplo Prestígio, onde detém o mesmo cargo até hoje. “Foi mais uma vez um ponto de viragem, um novo começo repleto de desafios, crescimento e aprendizagem”, afirma a profissional.
Tornar-se consultora imobiliária foi a “decisão certa” para Cláudia, pois neste cargo conseguia “conciliar duas grandes paixões: pessoas e vendas”. “Estar com pessoas, trabalhar para pessoas, ajudá-las numa fase de mudança da sua vida, realiza-me muito”. Nas palavras de Cláudia, “ser agente imobiliária é um desafio e uma vocação”, que é de carácter “exigente e abrangente” e que está “sempre em constante mudança”, e é exatamente isto que a fez (e a faz) apaixonar por esta profissão. Para além disso, a profissional indica que as suas maiores motivações neste cargo correspondem ao “reconhecimento dos [seus] clientes” e a “diferença” que “o [seu] trabalho, a [sua] dedicação fazem nas suas vidas”, e, por isso, “dedica-se todos os dias” a estes, tentando “melhorar continuamente”.
Entretanto, em 2023, graças a Rita de Miranda, presidente da APHS, Cláudia conheceu o conceito de Home Staging e, de maneira a “apresentar um serviço diferenciado e de qualidade superior aos [seus] clientes” enquanto consultora imobiliária, decidiu certificar- se como Home Stager profissional por essa associação.
Para Cláudia, as pessoas podem possuir certas “aptidões inatas”; porém, “se não forem trabalhadas, de nada servem”. E é por isso que a profissional é apologista da ideia de que “tudo se aprende”, pois “não nascemos artistas, fazemo-nos artistas”.
Apesar de que “o ambiente em que cresceu e vive” fê-la “aquilo que é” – uma mulher “muito trabalhadora e muito lutadora”, “perfecionista”, “muito disciplinada” e que “não gosta de fazer nada pela metade” –, a consultora imobiliária “investe muito” na formação. Aliás, desde que começou a trabalhar na RE/MAX, a Home Stager tenta “fazer o maior número possível de formações” para “aprender o mais possível sobre a atividade e o mercado imobiliário”, visto que “ser uma agente imobiliária certificada e informada é essencial”, a seu ver. “Eu, enquanto pessoa e profissional, sou o produto da educação, da experiência de vida e de toda a formação que fui e vou realizando ao longo da minha vida. Sem elas não seria a pessoa que sou”, realça a profissional.
Na verdade, a pessoa que Cláudia é hoje e o seu trabalho na RE/MAX têm sido muito reconhecidos, tendo já sido galardoada com vários prémios, desde o Rookie of The Year 2021 e o Prémio Estrela até ao Prémio 100% e mesmo o Prémio Golden Clube. Segundo a consultora imobiliária, as razões para isto são simples: “trabalho, dedicação, paixão, ânsia de aprender e prestar sempre o melhor serviço”. Ao ter o objetivo de fazer com que “cada cliente [seu] o seja para sempre”, Cláudia destaca que é “essencial” que, durante “todo o processo de promoção e venda” de um imóvel, os interesses dos consumidores “sejam sempre salvaguardados e tratados de uma maneira objetiva e profissional”. Isto leva a que os clientes se tornem “pessoas que confiam e recomendam” o trabalho de um agente imobiliário, “um dos fatores-chave para se ser bem-sucedido neste ramo”, diz a empresária.
Atualmente, para além de consultora imobiliária prestigiada, Cláudia é Home Stager certificada pela APHS e, por isso, realiza o “Home Staging em todos os imóveis que angaria”.
Na definição da profissional, o Home Staging é uma estratégia que “permite diferenciar e mostrar o melhor de cada imóvel”, fazendo com que “os compradores, quando visitam um imóvel encenado […], se identifiquem com o espaço, que se sintam bem, que se consigam imaginar a viver nele”.
Para que isto seja possível, é preciso “ter a capacidade de encenar o imóvel, de forma a agradar à maioria das pessoas que o visitam” e isto significa “’destralhar’, despersonalizar, organizar, tornar as casas funcionais, luminosas e arejadas”, considerando Cláudia que o “Home Staging é cor, é harmonia, é energia”.
Por saber que “apenas 10% das pessoas que visitam um imóvel conseguem projetar-se no mesmo e compreender todo o seu potencial”, a profissional utiliza o Home Staging para “projetar cada espaço ao gosto do maior número possível de potenciais clientes”. E isto tem sido bem-sucedido, pois Cláudia admite estar “muito feliz com os resultados”.
A Home Stager revela que a maioria dos clientes que “aceita a realização” deste tipo de serviços são “proprietários que, entendendo a importância que estes serviços trazem no processo de venda, estão dispostos a fazer um investimento adicional”, visto reconhecerem que “vai valorizar e promover uma venda mais célere”.
“A forma como se promove e vende um imóvel tem alterado nos últimos anos, havendo uma “maior preocupação com a [sua] apresentação”.
Isto faz com que seja imperativo “conseguir diferenciar positivamente [um] imóvel do outro que também está à venda com características semelhantes, na mesma zona”. Para além disso, sendo que, atualmente, se dá uma “maior importância à fotografia, ao vídeo e ao digital”, a grande maioria dos compradores – 95%, de acordo com os dados da APHS partilhados por Cláudia – “procura fotografias do imóvel que vão visitar e, se as mesmas não forem apelativas, eles não visitam o imóvel”.
Assim, como “técnica de marketing interno do imóvel”, o Home Staging é “fundamental para garantir a melhor promoção do mesmo”, visto que realça “os pontos positivos de cada espaço, criando uma visão que inspire primeiro a visita e depois a compra”. Deste modo, esta estratégia consegue “diferenciar o imóvel”, “valorizá-lo e, consequentemente, […] vendê-lo mais rápido”, sendo, assim, ”uma ferramenta poderosíssima e um verdadeiro aliado do agente imobiliário”, defende Cláudia. E, realmente, cada vez mais a Imobiliária reconhece a sua “importância”. Todavia, no caso de Portugal, o conceito de Home Staging “ainda é um diamante em bruto”, segundo a consultora imobiliária, visto que, na sua experiência, ainda vê bastantes “imóveis à venda” que são “promovidos por ‘profissionais’, sem qualquer dedicação para o destacar, para o diferenciar e, muitas vezes, com muito pouco brio no processo de promoção”, revela.
Baseando-se nos números da APHS, Cláudia indica que “cada imóvel encenado com Home Staging” pode ter uma valorização “entre 7 a 10%”, realçando também que, com esta técnica, o espaço “demora 78% menos tempo no mercado” e é vendido “cerca de três vezes mais rápido”. Como Home Stager, a profissional realiza a estratégia para “defender o preço dos [seus] imóveis” e, assim, “consegue que eles sobressaiam, que se destaquem face a outros imóveis semelhantes à venda” e que “se vendam de forma mais célere e mais valorizados”. Contudo, Cláudia ressalta que “o Home Stager não trabalha sozinho”, devendo estar acompanhado por “um fotógrafo profissional e experiente, que compreenda a importância do Home Staging e que consiga reproduzir em fotografias e vídeo todo o potencial do imóvel”.
Com uma carreira repleta de “experiências diversificadas, enriquecedoras”, Cláudia já atravessou por vários desafios, “enormes” até. O seu “primeiro grande desafio”, revela, aconteceu aos 20 anos, quando se candidatou à Marinha de Guerra Portuguesa e “fez parte da primeira incorporação de mulheres nessa força militar”. Aí aprendeu a “mexer em armas” e “a arte de marinheiro”, descrevendo esta experiência como “fantástica” e “enriquecedora”; porém “queria mais”. Assim, surgiu o seu “segundo grande desafio”, isto é, “sair da Marinha, voltar para o mercado de trabalho e perseguir o sonho de [se] licenciar em Psicologia”. Entretanto, 2013 trouxe o “terceiro grande desafio” de Cláudia: a fundação da sua empresa, PrioVida.
No entanto, “o maior e mais difícil de todos os desafios” para a profissional foi a pandemia e o consequente encerramento da sua empresa, que resultou no seu lançamento “a outro desafio, o mercado imobiliário”. “Ser agente imobiliário numa sociedade em permanente mudança, onde o acesso à informação é feito através de um clique, onde as pessoas são e estão cada vez mais informadas e exigentes e onde a oferta e a concorrência quer interna quer externa são cada vez maiores, obrigam-me, diariamente, a fazer diferente, a fazer mais, para todos os dias ser melhor. Este é o meu novo desafio”, destaca a empresária.
Para Cláudia, ser mulher e ter sucesso profissional “nem sempre é fácil, mas é possível”, e isto é bem visível na sua ilustre carreira (e vida). Contudo, “nunca está nem nunca esteve sozinha” nesta viagem, contando com “o apoio e compreensão incondicional da [sua] família” e, especialmente, do seu marido. “Arrisco a dizer que ele é a pessoa que mais acredita em mim e nas minhas capacidades e é também a pessoa que mais me incentiva a desafiar-me e a arriscar”, admite.
Em 2014, era mãe, empresária e fez a sua pós graduação durante 14 meses em regime pós laboral, sendo esta “mais uma prova superada” como descreve. Apesar de todo o “suporte familiar” que lhe permitiu ser polivalente, afirma que “conseguir fazer tudo, requer uma enorme disciplina.”
Mesmo num setor com uma forte presença do sexo masculino, Cláudia admite que “nunca sentiu que alguma coisa [lhe] tivesse sido vedada por ser mulher, ou que tivesse tido menos oportunidades” pelo seu género. Todavia, reconhece que esta não é a realidade de todas as mulheres: “Tenho consciência que, infelizmente ainda existem famílias, profissões e sociedades, onde ainda existe um longo caminho a percorrer até que haja igualdade de oportunidades, condições, ou salários entre mulheres e homens”.
Uma empresária exemplar, Cláudia defende que uma líder “perfeita” corresponde a “uma pessoa que aprende e tem conhecimento para poder ensinar”, “que dá a cana e ensina a pescar, que está presente, que apoia” e que também “sabe delegar”. Acima de tudo, uma líder “perfeita” é “autêntica, empática, preocupada com o outro” e o seu “crescimento” e “que vibra com os sucessos do mesmo”, mas que também é capaz “de orientar e de chamar à razão ou à atenção, sempre que necessário”, conclui Cláudia Grancho.