Em 1981, Ana Marques tornava-se Administradora da Jorge Fernandes, uma gráfica com mais de um século de história, fundada em 1877. Desde então, a Administradora faz questão de respeitar e solidificar o legado, com o apoio da família, nomeadamente os dois filhos que são, atualmente, também sócios da empresa. Hoje, com 143 anos, “a história da Jorge Fernandes confunde-se com a nossa história familiar”, assume Ana Marques.
A empresa, que nasceu como uma modesta tipografia em Lisboa, é atualmente uma gráfica reconhecida no setor e procurada pelas mais variadas e conhecidas empresas nacionais e internacionais. Só na última década, a Jorge Fernandes recebeu 40 prémios, que, para Ana Marques é o “reconhecimento de que «no fim do dia», mais do que atingir, superámos os nossos objetivos”. Ainda que o trabalho diário seja, acima de tudo, para garantir a confiança de colaboradores, clientes e parceiros e crescer no mercado, a Administradora não nega a importância e a emoção com que são recebidas estas congratulações. São acontecimentos que dão força e notoriedade à equipa, “mantendo uma afirmação no mercado em que operamos como uma empresa e marca de confiança”.
Este reconhecimento é fruto da visão e compromisso de Ana Marques e da sua família, para quem o objetivo é “ver crescer a empresa, ultrapassando todas as adversidades inerentes, sempre com enorme espírito de sacrifício e entrega absoluta, e conquistando o mercado com tudo o que de melhor sabemos fazer”.
Mesmo em momentos de crise económica nacional ou mundial, a Jorge Fernandes sabe encontrar ferramentas que permitam ultrapassar fases críticas e manter o crescimento. A título de exemplo, em 2012, num ano de crise económica, a empresa teve um crescimento de 27% de faturação. Ana Marques explica como: “em anos ou em fases de crise, há duas opções: ou baixamos a guarda e acompanhamos a tendência do mercado ou tentamos perceber e aproveitar esse mesmo momento de crise e criamos oportunidades de superação, remando contra a tendência conjuntural”.
A empresa tem, também, reconhecido a importância da modernização, sabendo acompanhar a evolução dos tempos. Contam com uma oferta variada de produtos e serviços enquanto gráfica, na criação de cartazes, revistas, conteúdos publicitários, entre muitos outros, e têm vindo a apostar nas plataformas online.
A Administradora da empresa afirma que esta “é já uma realidade e é algo em que temos apostado nos últimos 5 anos, tendo atualmente uma experiência acumulada superior quando comparada à oferta da concorrência”. Na sua opinião, “temos que nos reajustar diariamente às necessidades do mercado, com a mesma rapidez com que estas sucedem”.
Além desta aposta, a Jorge Fernandes investe continuamente na modernização dos seus equipamentos e software, de forma a elevar as suas capacidades junto dos clientes e possibilitar uma economia de escala. A aquisição de novos equipamentos é feita com base na melhoria contínua que a equipa pretende para a empresa, mas sem esquecer o seu “papel na sociedade, de enorme respeito pela comunidade onde nos inserimos e, consequentemente, pelo meio ambiente”. Por isso, Ana Marques explica que a Jorge Fernandes tem “privilegiado a aquisição de bens ou equipamentos que promovam um equilíbrio entre a proteção ambiental e a eficiência económica”.
A equipa participa, ainda e de forma regular, em feiras e eventos do setor, de modo a conhecer e ver de perto o crescimento do mercado, e trabalha com empresas parceiras em vários países, que lhes permite uma maior abrangência e visão sobre a área.
Pessoalmente, Ana Marques tem também um papel fundamental na evolução da empresa. Grande parte do seu tempo é passado entre a administração e a área financeira, sempre com uma postura de “entrega total e foco no cliente”.
Desde 1981 como Administradora da empresa, tem vindo a aprender e a crescer, para que hoje possa saber “analisar, ter espírito critico e tomar decisões” de forma consciente e convicta. A Administradora não esquece a importância do “capital humano”, uma parte fundamental da empresa, em que a equipa investe, por forma a ter os melhores profissionais, comprometidos com o projeto e que acreditam “no que fazemos, no exemplo que poderemos emanar e que espero ser positivo”.
E O FUTURO?
Os responsáveis pela Jorge Fernandes sentem que a empresa faz parte do seu ADN e, por isso, continuam focados em “melhorar, construir, oferecer e alcançar”. Ana Marques acredita que este é um projeto com muito para oferecer no futuro e é para isso que a equipa trabalha diariamente. O objetivo passa por manter a diversidade dos produtos e serviços oferecidos e o acompanhamento da evolução da área e das necessidades dos clientes. Para isso, “a Jorge Fernandes está ainda a estudar a viabilidade do investimento numa plataforma própria de prestação de serviços online, bem como num equipamento para capa dura”.
Além deste trabalho, Ana Marques pretende ainda que o futuro passe pela “expansão para o mercado intracomunitário, nomeadamente, Espanha e França”.
Em suma, o objetivo passa por continuarem como “um grupo coeso e de referência, mais completo e independente, no segmento tradicional, online e grande formato no mercado em que operamos, potenciando a constante oferta de um leque diversificado de serviços gráficos”, esclarece a Administradora.
A economia enfrenta agora um novo desafio. No passado, a Jorge Fernandes soube contornar crises económicas e manter o crescimento. Como irão reagir à fase que vivemos atualmente?
Esta é talvez a questão mais difícil de responder. Quando a crise da organização vem de dentro, quer seja por razões estruturais, decisões erradas de gestão, comerciais, entre outros, problema poderá ser mais facilmente identificado e resolvido, dominado. Agora, quando a situação, transversal a todas as empresas ou grande parte do tecido empresarial nacional e mundial, é de origem exógena, a qual não conseguimos controlar, antever, perspetivar, torna-se enormemente mais difícil de superar. Estamos a falar numa fase de absoluta incerteza, em que numa semana estamos assoberbados com projetos, com todas as máquinas e pessoas alocadas a 100%, como de repente, e por dinâmicas impostas pelo Governo, em resposta aos números da pandemia, temos uma ou várias semanas seguintes a trabalhar a 50% ou algumas máquinas completamente paradas, fruto do comportamento do mercado a essas mesmas medidas impostas. Devido ao enorme impacto negativo que a pandemia teve, a Jorge Fernandes adotou medidas protecionistas, não só relativamente ao património, como da manutenção dos postos de trabalho e cumprimento das suas obrigações para com todos os seus stakeholders. Claro que, e mais uma vez, a hipótese de resignação não se aplica à Jorge Fernandes e a família tem um peso muito forte, conjuntamente com as nossas equipas, para agarrar o problema e, insistentemente, reorganizar e readaptar a “fórmula”. (…) Procuramos, sobretudo, focarmo-nos no que realmente somos bons, no essencial, e mostramos alternativas eficazes e eficientes aos nossos clientes.