Na Quinta da Alorna encontramos uma história riquíssima, onde D. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre (também conhecida por Marquesa de Alorna) esteve muito à frente do seu tempo. Nesta belíssima Quinta, podemos visitar as vinhas e a adega, sem esquecer o centro equestre e os espaços naturais. É uma lição de história e uma deliciosa experiência vínica. A enóloga Martta Reis Simões foi a anfitriã que nos recebeu e nos deu a conhecer os 220 hectares de vinha onde se planta o Touriga Nacional, Cabernet, Sauvignon, Alicante Bouschet, Arinto e Chardonnay, entre outras castas.
A história teve início em 1723 com a construção do palácio pelas mãos de D. Pedro de Almeida Portugal , o primeiro Marquês de Alorna, e logo seguiu a plantação das primeiras vinhas na propriedade, apenas a alguns metros do rio Tejo.
Actualmente, a Quinta da Alorna é gerida pela quarta e quinta gerações da família Lopo de Carvalho, sendo um dos seus principais objectivos dar a conhecer a sua própria história.
Foi enquanto caminhávamos ao longo da alameda dos plátanos, com o palácio a aparecer ao fundo, que Martta nos foi contando tudo sobre a Quinta da Alorna.
A lendária Marquesa de Alorna, de seu nome Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, grande benemérita e uma mulher muito à frente do seu tempo, também foi proprietária desta quinta. Fez história na poesia portuguesa, escrevendo e publicando obras líricas numa altura em que às mulheres era vedada a publicação de trabalhos literários próprios.
Assim, teve a oportunidade de estudar e frequentar salões literários europeus, onde conheceu grandes figuras da literatura e da cultura. Dotada de uma grande liberdade do seu pensamento, ficou ainda conhecida pelo seu talento para o desenho e para a pintura, sempre por trás do pseudónimo ‘Alcipe’.
Ao fundo avistamos o palácio, que apesar do palácio não ser visitável, os seus jardins são a principal atracção da Quinta da Alorna e sem dúvida um lugar onde apetece parar para apreciar a paisagem e convida a beber um copo de vinho.
Os vinhos da Quinta da Alorna dividem-se em várias castas como Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet, Arinto e Chardonnay. Como é que se envolve as potencialidades do enoturismo, para o conhecimento dos vossos vinhos?
O enoturismo nos dias de hoje é uma ferramenta importante e deve ser trabalhada precisamente nesse sentido, dar a conhecer o que fazemos in loco, dar a oportunidade de vivenciar a cultura, tradição familiar e local, a gastronomia e o contato direto com as pessoas envolvidas no processo. É uma experiência que é difícil de esquecer. Inerentemente levam daqui o “sabor”, e a lembrança das nossas castas, dos nossos vinhos.
Para uma deliciosa refeição devemos acompanhar um vinho igualmente excelente. Como enóloga da Quinta da Alorna que conselhos dá na escolha do tal vinho?
Primeiro temos de saber o que vamos comer e depois adequar o tipo de vinho para que possamos tirar o máximo prazer dessa refeição. Aqui o importante é focarmo-nos no equilíbrio gustativo, ou seja, o vinho não deve sobrepor-se à comida e vice-versa. Se temos um prato leve, como uma salada ou peixe grelhado, temos de combinar um vinho igualmente “leve”, se combinarmos um vinho tinto encorpado, por exemplo, de certeza que a sensação na boca não será agradável, o vinho aniquilará a salada ou o peixe.
Nesta área basicamente não há regras, ou melhor, existem os parings pré-definidos, mas que podemos tentar quebrá-los e obter experiências muito mais agradáveis, como combinar queijos amanteigados de intensidade média-forte com vinhos brancos com algum tempo de barrica, ou este último com sopa da pedra, um desafio que fazemos muitas vezes na Quinta da Alorna, ao qual todos saem rendidos no final.
Quais as vantagens de a Quinta da Alorna estar sediada na margem do rio Tejo?
O rio Tejo tem uma grande influência em toda a região, no caso da Quinta da Alorna, a vinha assenta essencialmente na “Charneca”, zona situada a cerca de 10 km da margem esquerda do rio onde há milhões de anos foi edificada e formou-se este solo tão característico fundamentalmente arenoso. As areias, argilas e calhau rolado são sedimentos essencialmente fluviais das várias eras passadas. Depois, como em tantas outras regiões do Mundo, o rio modera e refresca a temperatura especialmente nos meses de Verão. Estas características conferem às uvas e posteriormente ao vinho uma elegância e frescura única, que se sente nos vinhos brancos. Almeirim é muito reconhecida pelos seus vinhos brancos, mas também no aroma e boca dos vinhos tintos, têm uma acidez fina que equilibra com a estrutura e opulência dos vinhos tintos.
Quais os vinhos “premium”?
Os nossos vinhos “premium” são o Marquesa de Alorna Grande Reserva Branco e Tinto e os Colheita Tardia de Fernão Pires (branco) e Tinta Miúda (tinto).
Gostaríamos que fizesse um convite para que as nossas leitoras conhecessem a Quinta da Alorna.
A Quinta da Alorna tem uma história riquíssima, existe desde 1723, onde a Mulher teve uma posição de destaque ao longo dos anos. Vou citar apenas D. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, mais conhecida por Marquesa de Alorna, muito à frente do seu tempo, apaixonada, rebelde, determinada e sonhadora deixou uma vasta obra literária, a ela se devem as primeiras escolas femininas em Portugal.
Para além das vinhas e adega, a Quinta da Alorna possui um centro equestre.Este centro dedica-se essencialmente ao ensino e, apesar de ainda não estar desenvolvida uma parceria entre a Quinta da Alorna e o centro que permita por exemplo, passeios a cavalo, as visitas de enoturismo incluem sempre uma passagem pelo picadeiro onde o nosso cavalo Lusitano é a estrela.
A quinta proporciona belíssimos espaços naturais que encantam qualquer um numa visita e ou prova guiada que termina na Loja da Quinta onde poderá adquirir qualquer um dos vinhos da nossa gama e deliciar-se com as compotas, bolachas, enchidos, entre outras delícias deste local.
A visita à Quinta da Alorna é uma lição de história e uma deliciosa experiência vínica ao mesmo tempo!