A frescura da vinha até à garrafa

Quinta da Pacheca - Maria Serpa Pimentel

A quinta da Pacheca é uma referência ímpar na Região Demarcada do Douro Vinhateiro. Os vinhos aqui produzidos são desenvolvidos de forma suave, em adegas limpas.

Sediada num lugar sublime na Região Demarcada do Douro, a Quinta da Pacheca afirma-se no mercado do enoturismo. As visitas levam os hóspedes a uma experiência única. Este conceito diferenciador eleva as potencialidades no conhecimento de todas as fases de produção do vinho?

O enoturismo é exactamente isso. Tentamos dar a conhecer às pessoas que nos visitam todas as fases de produção do vinho. Os Hóspedes podem passear pela vinha e acompanhar o seu ciclo vegetativo, bem como as operações culturais que se vão fazendo ao longo do ano. Participar na vindima e pisar as uvas nos lagares de granito onde fazemos alguns vinhos tintos e os vinhos do Porto. As visitas são acompanhadas de guias treinados que explicam todos os processos e terminam com provas de vinhos onde se ensinam os diferentes tipos de vinhos que produzimos. Temos sempre presente que quem nos procura vem à procura do Vinho e das histórias que o envolvem, devendo sair daqui com um maior conhecimento do nosso Terroir e de todas as fases da produção, desde a vinha até à garrafa.

Consideramos que seja bastante difícil enumerar o melhor vinho, mas tem algum vinho preferido?

É difícil escolher. São muitos. Claro que há sempre uns que se gosta mais do que outros. Tento sempre fazer o melhor para as diferentes categorias com a matéria prima de que disponho, respeitando sempre a origem e evitando fazer igual ao que toda a gente faz.

Gosto muito dos vinhos tintos de 2015, nomeadamente dos monovarietais Touriga Nacional e Tinta Roriz, que estão a chegar agora ao mercado depois do estágio em barrica.

São vinhos cuja origem é evidente, clássicos do Douro, que julgo terem grande potencial de guarda, pela frescura que apresentam.

A conservação do vinho é um dos segredos para que a qualidade se mantenha. De que forma é feito esse processo? 

Se a vindima for sâ, sem problemas de  podridão, com uvas de qualidade é meio caminho andado. Basta não estragar e faz-se um bom vinho. Depois é não o maltratar, trabalhá-lo com suavidade, em adegas limpas, escuras e frescas e dar-lhe tempo para que haja uma boa evolução em barrica para que os taninos novos e duros se tornem macios e o vinho se vá tornando bebível.

O mercado dos vinhos é cada vez mais competitivo. Conhecer o que de melhor se faz a nível internacional, permite também uma maior aprendizagem na produção nacional?

Sim, claro. Exactamente como com qualquer outra coisa, quando viajamos temos também esse objectivo, conhecer o que se faz de melhor, as novas tendências, novos produtos e voltamos cheios de ideias, queremos sempre mudar isto ou aquilo, fazer como este ou aquele, experimentar uma técnica que se viu ali ou acolá. Quanto mais conhecemos, provamos, conversamos com outros produtores ou enólogos, partilhamos experiências com quem nos visita ou  quando visitamos alguém ou algum lugar, tornamo-nos sempre mais ricos, aprendemos sempre e isso traduz-se na melhoria dos produtos que fazemos.

Como analisa a afirmação do setor vinícola português, a nível internacional?

Julgo que tenho uma opinião que não deverá ser diferente da maioria dos Portugueses. O Vinho Português é conhecido internacionalmente há muito tempo principalmente pelo Vinho do Porto. O Sector tem vindo a impor-se nos mercados externos, principalmente nas últimas três décadas, pelo aumento da qualidade dos vinhos que produzimos mas também pelo baixo preço. Nos últimos anos, apanhou a boa onda do País no Mundo e o crescimento foi mais significativo, por isso também. Mas, creio que podemos crescer mais e melhor, e para isso precisamos que nos tenham mais confiança nos nossos produtos.  Uma vez que temos dado provas da qualidade dos vinhos que produzimos, temos que a dar a conhecer com mais veemência, com maior investimento em acções de promoção e também revendo o preço dos vinhos.