A palavra sustentável deriva do latim “sustentare”, que significa: defender, apoiar, cuidar e conservar. Ter saúde com sustentabilidade, é ser capaz de agir dia-a-dia numa atitude de respeito pelo nosso corpo e pela nossa vida. É por isso, urgente que a sociedade civil seja cada vez mais envolvida numa atitude de compreensão, onde todos precisam de transformar o conhecimento em ações e atuações práticas para melhorar a saúde nas cidades. Este conceito precisa de ser aplicado nas escolas básicas e em cada núcleo familiar.
Uma alimentação adequada é a condição necessária para se ter um património genético, cultural e socioeconómico mais evoluído. O conhecimento científico precisa de ser traduzido em informações acessíveis à sociedade. Para isso, é fundamental que se se organizem, seminários e palestras, mobilizações de cidadãos, do governo e organizações, para que se faça um caminho de mudança nos padrões de saúde das populações.
A saúde dos povos é algo que é anualmente “cuidado” e protegido por diversas entidades no mundo, e cada país faz a sua própria gestão de recursos sobre esta preocupação global. No entanto, há algo que está esquecido: o cuidado a ter com a saúde e todas as transformações sofridas pelas populações migrantes…todas as mudanças sofridas pelas pessoas que migram, estão, de alguma forma, a modificar o seu padrão de saúde e a a sua sustentabilidade. Ao deslocarem-se geograficamente estão a criar novos padrões de desequilíbrio na sua estrutura metabólica, física e emocional. E os mais evidentes começam, pela adaptação a novos hábitos alimentares, além dos fatores climáticos, emocionais e socio-humanitários.
A nova realidade europeia, com os fluxos migratórios dos refugiados de guerra e dos povos africanos, mostra-nos que é urgente que as políticas públicas, estabeleçam apoios e projetos de lei, que permitam criar recursos de avaliação sobre as transformações (epigenéticas), sociais e comportamentais, destas populações. É vital que a sociedade atual cada dia mais diversificada, possa ter cidadãos mais saudáveis e com uma adaptação comunitária positiva.
A capacidade inata do corpo humano, tem-nos mostrado que através de cuidados básicos essenciais á boa saúde, é possível gerar mudanças positivas e por isso, podemos restabelecer o equilíbrio das funções orgânicas.
Existem mecanismos simples de desintoxicação, que contribuem para promover a vitalização do corpo humano, usando os agentes naturais (alimento, água, ar, exercício físico, boas relações familiares, profissionais e pessoais, paz mental e emocional).
A maioria dos cidadãos tem o hábito diário de tomar banho, porque nos preocupamos com a higiene externa do corpo. No entanto, quase todas as pessoas se esquecem que internamente também devemos respeitar as mesmas regras de higiene diária, não apenas uma vez por semana, ou por mês. Precisamos diariamente de contribuir para o equilíbrio dos órgãos que cuidam da remoção de toxinas do corpo, porque são eles os nossos filtros que no dia-a-dia eliminam, ou desintoxicam o corpo de tudo o que ataca o nosso sistema imunológico e o equilíbrio funcional do metabolismo humano.
E que filtros são esses? São o Intestino, rins, fígado e a linfa. Para limpar ou desintoxicar o corpo, precisamos fazer com que as toxinas se transformem em matéria mais solúvel, para que através da urina e da bile possam ser eliminadas. Por isso é tão importante beber água. Este líquido precioso à vida, é o condutor solúvel essencial para este processo, porque remove as toxinas do sangue e contribui para o transporte de oxigénio na corrente sanguínea.
É no intestino e no fígado que ocorrem os principais processos de limpeza. O intestino é o grande laboratório que equilibra o sistema imunológico, é aqui que reside o grande segredo da nossa saúde.
O uso de probióticos (termo de origem grega que significa “para a vida” ou micro-organismos vivos que protegem a flora intestinal) e prébioticos (fibras não digeríveis), que auxiliam na produção das endotoxinas (toxinas encontradas no interior da célula bacteriana) e que melhoram as funções de proteção imunológica.
Por isso, é importante o consumo de alimentos que auxiliam o bom trabalho do intestino, e contribuam para o aumento de nutrientes como as glutaminas, o zinco e os ácidos gordos essenciais, que atuam na reparação da mucosa intestinal.
A maneira mais saudável para reparar o equilíbrio vital do nosso organismo, é consumir alimentos que tratam e nutrem; os chamados de “nutracêuticos”, em vez de vivermos a tomar suplementos de apoio.
Como probióticos e em substituição dos alimentos lácteos, o chocolate negro
(70%) é um dos “nutracêuticos” recomendados. O processo de fermentação
dos grãos de cacau possui uma atividade maior que as bactérias do leite, de
acordo com alguns estudos científicos. Outros alimentos são; a clorella, spirulina, azeitonas, leite de soja, moringa, banana e pão integral e sementes germinadas.
Como prebióticos, temos por exemplo o alho francês, tomate, banana, cereais
integrais, como a cevada, aveia e trigo integral, o mel e cerveja, que devem ser
de uso não muito prolongado. A pectina, que está presente na entrecasca dos
cítricos, no maracujá e na maçã. As ligninas nas cascas de frutas oleaginosas
(linhaça, gergelim, amêndoas…) e leguminosas como o grão e o feijão. A inulina
que é encontrada no alho, na cebola, nos espargos, na raiz da chicória e na
alcachofra.
No fígado também se armazenam nutrientes e produzem-se as proteínas e as
vitaminas essenciais para a nossa saúde. São os fatores alimentares, os maiores
responsáveis pelo equilíbrio metabólico de cada indivíduo e que podem influenciar a
nossa expressão genética inata de renovação celular.Por isso, desintoxicar ou fazer um detox não pode ser feito só quando nos apetece, ou quando queremos emagrecer. Esta preocupação deve ser um processo diário, tal como o banho e tudo aquilo que envolve o nosso bem-estar. Devemos ter a preocupação diária de praticar uma alimentação equilibrada e saudável.
Combine um elemento de cada, da lista de prebióticos e de probióticos enumerada acima e beba no mínimo oito copos de água de boa qualidade, por dia. Deve ainda reduzir o consumo de açúcar e de gorduras, aumentar a ingestão de alimentos vivos (crus), caminhar 45 minutos todos os dias e expor-se por 15 minutos ao sol entre as 09h e as 12h. Pratique o hábito do abraço, ame e sorria mais. Ser saudável e ter uma vida sustentável, depende essencialmente de si, afinal, “O Alimento é Vida.”
Paula Mouta
Presidente do Observatório da Saúde dos Povos
MEP’s Interest Group “EU Patients’ Rights & Cross-Border Healthcare”
Presidente da Associação Europeia de Saúde Educativa e Preventiva em Epigenética (AESEP)