Ana Viriato, conhecida por ser apresentadora do programa de moda “What’s up – olhar a moda”, na RTP2, aceitou o nosso convite para ser embaixadora da “Liderança no Feminino”.
Quando terminou o curso em educação física e dava aulas de fitness, em vários ginásios, decidiu apostar no seu próprio negócio. Ao fim de 11 anos, o Chillout, em Grandra, continua a ser um sucesso.
A nossa embaixadora deixa um conselho: Aprendam a usar a vossa beleza feminina, para combater os estigmas sociais.
A sociedade valoriza mais a imagem da mulher ou o seu profissionalismo?
A sociedade valoriza o profissionalismo, mas só quando todo um processo de avaliação de imagem foi feito.
Infelizmente, as mulheres sofrem por não corresponderem ao estereotipo de beleza imposto pela sociedade ou por serem demasiado bonitas e atraentes. Se são bonitas , são classificadas como pouco inteligentes e que certamente conseguiram o trabalho, porque têm um caso com o patrão. Se são menos bonitas ficam em posições menos expostas e acabam por exploradas. O profissionalismo normalmente só é reconhecido, se as mulheres forem persistentes e resistentes a todos os obstáculos que lhe são impostos nas suas carreiras.
É fácil ser mulher?
Não é fácil, porque ser mulher significa demorar o triplo do tempo para atingir os mesmos objetivos dos homens com um tempo mais condicionado. Sim, porque somos mulheres que têm uma profissão fora e dentro de casa. Somos gestoras de tempo e conseguimos fazer milagres em 24h.
Ainda temos que ser boas esposas, boas mães e corresponder a cada uma destas funções com um sorriso, senão somos acusadas de estarmos sempre maldispostas e cansadas.
Ser mulher significa , ser perfeita a todos os níveis, temos que estar de cabelo e unhas arranjadas (mais uma tarefa para a qual temos que inventar tempo), estudar com os filhos, dar-lhes banho, marcar as consultas do médico, fazer de motorista para as atividades que as crianças exigem, e ainda chegar à cama e tentar não desmaiar de cansaço.
Num mundo tão desigual, a nível laboral, o que procuram as mulheres empreendedoras?
Justiça. Pelo menos, o direito de termos as mesmas oportunidades.
Somos um país passivo face às desigualdades de género?
Sim, infelizmente. Ouvimos muitas teorias, mas na prática não funciona. As mulheres que começam agora a assumir cargos com mais responsabilidade ainda são muito poucas. Somos um país em que, para muitos homens é uma ofensa ser liderado por uma mulher. Quando as mulheres começam a marcar alguma diferença positiva são logo afastadas e ou criticadas. Ainda somos uma sociedade muito machista, em que a mulher tem que ser submissa ao homem. Não muito longe das grandes cidades existem mulheres que não podem trabalhar porque os maridos não deixam. São vítimas de violência psicológica e física, e não falam porque são dependentes deles e não querem perder os filhos.
Para muitas pessoas, o ideal de mulher é o seu corpo definido. Onde fica as competências intelectuais? Uma mulher bonita também é sinónimo de inteligência.
Sou suspeita porque gosto de me manter em forma, mesmo que não trabalhasse na televisão e no ginásio, gosto de olhar para o espelho e sentir-me bem e não tenho vergonha de o dizer. No meu caso, a parte física condiciona o meu desempenho no trabalho. Fico mais forte intelectualmente quando treino e ganho mais energia para as tarefas do dia a dia. Faço meditação para controlar a ansiedade e manter o meu corpo/mente em equilíbrio.
Gosto de estar bonita e faço por isso. Considero-me uma pessoa inteligente e competente, por isso associar a beleza física à inteligência é uma parvoíce. Nada como nos sentirmos bonitas por dentro e por fora.
A nossa autoestima mata qualquer crítica negativa. As competências intelectuais não estão visíveis nas nossas pernas e nos nossos lindos olhos, mas mudam na nossa autoconfiança.
O que espera da “Liderança no Feminino”?
Muito sucesso e que possa ajudar a mudar a vida de muitas mulheres, principalmente aquelas que só estão à espera de um clique!!!