Em entrevista à Revista Liderança no Feminino, Maria Manuel Sousa como responsável pelo Departamento de Design e Marketing da Decenio afirma que a sua experiência no mercado internacional e o contacto com outras formas de vida foram cruciais para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. A Decenio enquanto marca de prestígio, é detentora de uma personalidade mediterrânea muito vincada com coleções para homem e senhora.
Ter formação e experiência profissional internacional é uma mais-valia para as empresas. Acha que os portugueses estão cada vez mais dispostos a viver experiências lá fora? E a sua experiência como correu?
A maioria dos jovens sonha com uma experiência académica ou profissional além fronteiras. É inquestionável o contributo que uma aprendizagem à escala internacional pode aportar a um jovem em início de carreira e, para as empresas, este é um dos critérios de seleção mais utilizados quando se trata de recrutar jovens profissionais sem grande experiência laboral. Competências como facilidade de adaptação e de comunicação, abertura à diferença enriquecem os currículos de quem participa numa experiência de mobilidade.
Julgo que cada vez mais os jovens portugueses estão dispostos a viver experiências lá fora pois procuram mais oportunidades e melhores condições quando pensam em mudar-se para o estrangeiro para estudar ou trabalhar. A minha experiência foi bastante enriquecedora. Em 2005 frequentei o programa Erasmus na ESAD Amiens, França. Concluí em 2006 a licenciatura pela ESAD, Amiens obtendo o Diplôme National Supérieur d’Expression Plastique. Durante esse período colaborei com a Revista Marie Claire Idées em Paris, onde tive a oportunidade de conhecer excelentes profissionais. O contacto com outras formas de vida, de viver a vida, encarar a moda e cada experiência social, formam um conjunto fascinante de perspectivas que foram muito relevantes para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.
Desde 2014 que trabalha no departamento de design e marketing da Decenio. Qual o balanço?
Com 25 anos de experiência no setor da moda, a Decenio é hoje uma marca de referência a nível nacional.
O balanço tem sido extremamente positivo. Tem sido um projeto meritório e de dedicação por parte de muitos,
que nem sempre estão visíveis ao grande público.
A cada estação que passa procuramos ter novas abordagens estéticas, dentro do conceito da marca, cativando a atenção e o interesse de quem gosta de moda, principalmente, de quem gosta de moda feita por e em Portugal. As marcas nacionais estão cada vez mais apetecíveis e cada vez mais bem defendidas, devido ao trabalho consistente de distintos profissionais. Na Decenio, o nosso lema é oferecer novas ideias, novas propostas sempre defendidas pelo talento do design, cada vez mais importante junto de quem consome. Criar ambientes que apelam a um estilo de vida mediterrânico, é o grande objetivo da marca. Criar tendências, dentro das tendências, é uma realidade.
Detentora de uma personalidade mediterrânica muito própria, a marca que comercializa coleções de homem e senhora,
é sinónimo de sofisticação, elegância e qualidade.
Trabalhamos diariamente como uma grande família que é a Decenio e vivemos todos os dias com vontade de melhorar continuamente. Mantemos como estratégia a contínua inovação de produtos e serviços que proporcionem uma boa experiência de compra. Com especial atenção ao detalhe e sempre com o foco no cliente e em fazê-lo sentir-se especial, a Decenio Mediterrano aposta num sistema de melhoria continua que lhe permite evoluir, inovar e adaptar-se às necessidades dos seus clientes. A marca conta já com 23 lojas próprias, 3 lojas franchising, 1 corner no El Corte Inglês, 4 lojas outlet, bem como uma plataforma digital de e-commerce onde se pode adquirir sempre as últimas novidades da coleção associando também outros elementos que inspiram o consumidor em decenio.com.
O consumo mudou com o digital. Quais as maiores mudanças?
O aumento de informação disponível faz com que as pessoas se tornem mais informadas e exigentes a respeito do que compram e de como compram, gerando mudanças no comportamento do consumidor. Se pensarmos na forma em que as empresas comunicavam com os seus clientes há alguns anos atrás e como elas fazem isso hoje em dia, podemos perceber que o avanço da tecnologia gerou uma grande mudança em termos de fluxo de informação. As pessoas estão cada vez mais conectadas, por meio de diversas plataformas, e as empresas precisam de também estar para que consigam estabelecer um bom relacionamento com seus clientes. O simples facto de a internet permitir que os consumidores comparem preço, qualidade e analisem a satisfação de outros consumidores de forma muito rápida, significa que está mais difícil de manter a lealdade de um consumidor que tem acesso a uma gama maior de alternativas. As pessoas passaram a ter acesso a produtos e serviços a qualquer hora. Além disso, a expectativa com atendimento também gerou mudanças no comportamento do consumidor na era digital. É importante que as empresas estejam presentes nos canais de comunicação que os seus consumidores estão e acompanhem o comportamento tanto offline quanto online deles. Não há dúvida de que o crescimento do comércio online tem uma força disruptiva que obriga a criar estratégias para se adaptar às mudanças e conseguir manter a competitividade. Vivemos num mundo que atravessa uma fase de grande transformação e por isso temos de estar preparados para essa mudança. Muitos de nós crescemos com o hábito de ir ao centro comercial, contudo torna-se extremamente conveniente a compra a partir de casa ou do local de trabalho e vai ser cada vez mais difícil convencer os consumidores a deslocarem-se aos centros comerciais. No entanto, na minha opinião o comércio online não existe por oposição às lojas físicas. Tem de haver uma complementaridade. As lojas físicas ajudam ao reconhecimento das marcas e é por isso que muitas lojas pagam rendas altas sabendo que podem não ter lucro naquela loja, mas esse investimento é compensado de outras formas em vendas em outras lojas físicas ou online. Uma das formas de levar as pessoas ao centro comercial, é criar centros não apenas de retalho mas também de mais serviços como clínicas de saúde, loja do cidadão, ginásios e englobar experiências culturais, gastronómicas ou lúdicas. Para atrair mais gente, os centros comerciais terão que investir em mais áreas para sentar, zonas para as crianças e, haver uma grande aposta em eventos/workshops ligados às artes ou à culinária, por exemplo. A experiência de compra, interação e proximidade com o cliente são fundamentais. O futuro será fundir o online com offline.
Ser mulher é…
Ser mulher é sentirmos uma intuição natural a funcionar na busca mais simples, rápida e mais eficiente solução. Sempre tive a certeza de que adoro ser mulher. Admira-me a forma como as nossas cabeças funcionam.
Não só se ouve um problema, e já começamos a procurar as possibilidades de o resolver. Dá-nos uma energia enorme a busca do resultado ideal. Pessoalmente, confesso que a gravidez é uma das razões pelas quais mais gosto de ser mulher. Ter tido o privilégio de sentir os meus filhos a crescer dentro de mim… O mistério e a conexão, é algo de inexplicavelmente maravilhoso. Uma ligação que nos ensina que temos um amor infindável a desenvolver-se dentro de nós e para sempre.
Ser mulher é sermos multifacetadas, por vezes duras, ou quase indestrutíveis, porém dissolvemo-nos em lágrimas. Somos complexas. Freud disse que a única coisa que nunca conseguiu decifrar foi a mulher. Mas para que entender? Bom é viver o momento, é a liberdade de sermos quem quisermos, uma — ou várias – das infinitas possibilidades de ser mulher.