A ascendência das mulheres em posição de liderança é uma realidade inegável nos tempos atuais. No entanto, embora haja um crescente reconhecimento da importância feminina no mundo coorporativo, as mulheres continuam a enfrentar uma série de desafios únicos em sua jornada e a psicologia tem muito a dizer sobre os aspectos intrínsecos e extrínsecos que moldam essa liderança feminina.
Entre os mais proeminentes está a persistência das expectativas de género, os complexos desafios psicológicos que as mulheres enfrentam ao buscar e ou exercer papéis de liderança nas empresas.
Desde de muito novos as meninas e meninos são socializadas de maneiras diferentes, isso pode ocasionar uma mudança nas aspirações, comportamentos e perspectivas sobre liderança. A socialização precoce também contribui para a perenização de estereótipos de género arraigados que pode influenciar as perspectivas dos ambientes de trabalho. Por muitas vezes as mulheres são vistas sendo menos adequadas para um cargo de liderança, posições tradicionalmente masculinas, e acabam enfrentando uma certa resistência quando buscam ocupar tais cargos, enfrentando assim, um processo de falta de confiança em suas habilidades e a limitação de oportunidades de progresso em suas carreiras.
Um dos mais desafiadores e significativos processos psicológicos enfrentados pelas mulheres em posição de liderança ou que almeja essa posição é a autoeficácia e autoconfiança. Na psicologia chamamos de “síndrome do impostor”, que é caracterizada por pessoas com tendência à autossabotagem. Elas constroem, em seus subconscientes, uma percepção de si mesmo de incompetência ou insuficiência. Naturalmente, todo o cérebro humano possui essa pré-disposição a colocar essa sensação de incapacidade e demérito, mas essa autoconsciência exacerbada pode levar à desvalorização das próprias conquistas e a incerteza em assumir riscos ou novos desafios.
Essa autoconfiança feminina também pode ser desgastada por experiências desagradáveis e desgastantes vividas no ambiente de trabalho, onde fica a dúvida, essas situações aconteceriam caso fosse com um homem em seu lugar? Sendo consciente ou não, tais episódios incitam o sentimento negativo nas mulheres, levando-as a serem mais suscetíveis à autocrítica e a autodúvida.
A superação dessas barreiras psicológicas requer um trabalho árdua e contínuo do desenvolvimento e fortalecimento pessoal da autoestima e autoimagem da mulher. Pois além do viés de gênero muitas delas também enfrentam barreiras estruturais que atreladas vida pessoal dificultam sua ascensão na vida coorporativa. A falta de políticas e programas que dão assistência a mulher no período da maternidade, a não oferta de suporte também atinge o seu potencial pleno de liderança.
Para os profissionais da psicologia cabe a nós mostrar que apesar dos desafios que a liderança feminina traz, existem uma série de oportunidades e vantagens que as mulheres carregam consigo, uma vez que elas tendem a ser mais empáticas, colaborativas, persistentes e orientadas para o consenso, e essas são características muito valorizadas no mundo dos negócios e no ambiente de trabalho. Além da distinção de perspectiva que as mulheres carregam em sua liderança podendo acarretar em decisões inovadoras e assertivas.
No mundo cada vez mais complexo, a liderança feminina aponta um futuro promissor com transformações cada vez mais significativas. Na medida em que mulheres ocupam mais cargos de liderança, suas habilidades singulares beneficiam o mundo coorporativo com maior criatividade, capacidade de adaptação e resiliência. Podendo assim chegar um ambiente onde a liderança feminina não seja apenas aceita, mas sim indispensável para o sucesso organizacional e empresarial.